Gandhy faz 65 anos de alfazema e paz – Por Gabriele Galvão
O Afoxé Filhos de Gandhy
realiza nesta terça-feira, às 10h, missa comemorativa aos seus 65 anos.
A celebração será
realizada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo do
Pelourinho, e depois da celebração será oferecido um almoço para convidados,
imprensa e contribuintes da Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca
Filhos de Gandhy, na sede do afoxé, no Centro Histórico.
Este ano, o Gandhy busca na
essência da religião de matriz africana inspiração para compor seu tema para o
Carnaval de 2014: Gandhy - Tradição, Religião, Fé e Respeito - Uma Reverência
aos Templos dos Orixás.
Para Tio Souza, um dos diretores do bloco, o objetivo primordial
é aglutinar o pensar de todas as regiões em torno de uma religião, que tem como
finalidade o equilíbrio entre o ser humano, o ambiente e as divindades chamadas
orixás do Candomblé, preservando e disseminando de forma oral e visual, através
da música e da dança. O bloco desfila domingo e terça-feira, no circuito Osmar
(Avenida/Campo Grande) e na segunda-feira o cortejo desce para o circuito Dodô
(Barra/Ondina).
Entre as novidades está
a parceria com o Instituto Antônio Carlos Magalhães (ACM), onde crianças irão
participar de uma oficina de percussão e estarão no bloco, e a nova roupagem da
banda.
“Mudou, mas sem deixar sua essência”, explica Souza, acrescentando que,
“somos uma nação que brilha na avenida e traz na sua mensagem o jeito simples
de desejar um Carnaval de paz para o mundo, somos a nação que enche os olhos
dos baianos, do povo brasileiro e dos turistas com sua beleza simples de
admirar, somos a nação que encanta homens, mulheres, idosos e crianças. Um
universo de pura beleza, magicamente ilustrado no maior Carnaval do mundo,
basicamente um orgulho em fazer parte dessa grande família”.
O Bloco
Tudo começou no dia 18 de
fevereiro de 1949, quando os estivadores do porto de Salvador, estavam sentados
ao pé de uma mangueira perto da sede da entidade (Sindicato dos Estivadores),
preocupados com a falta de trabalho nos portos e a política de arrocho
salarial, gerada pela crise do pós-guerra. Inconformados com a impossibilidade
de o bloco carnavalesco “Comendo Coentro” desfilar, Durval Marques da Silva,
conhecido como “Vavá Madeira”, sugeriu a ideia de colocar um bloco na rua.
A sugestão foi logo aceita
entre os vários colegas da estiva como Hermes Agostinho dos Santos, o Soldado,
Manoel José dos Santos, Guarda-Sol, Almir Passos Fialho, o Mica, e muitos
outros que participaram da fundação do bloco Filhos de Gandhy.
No primeiro dia,
saíram apenas 36 participantes apesar de ter mais de 100 inscritos. Para evitar
represálias, o fundador Almir Fia lho deu a ideia para mudar a grafia do nome
Gandi, inserindo as letras “dh” e trocou o “i” por “y”, ficando Gandhy.
Desde a época de sua fundação até
os dias atuais, o Afoxé, pioneiro da paz e com estilo próprio não parou de
crescer. A ideia de expansão não agradou a todos porque apesar de ter sido
fundado por estivadores, a partir de 1951, o bloco passou a admitir
trabalhadores de outras classes. E, hoje, praticamente eles formam a minoria.
Marchinhas
O Filhos de Gandhy, nos primeiros
anos, saiu cantando marchinhas até se dedicar especialmente ao ijexá,
(inclusive compondo suas próprias canções). Enfrentou problemas nos anos de
1974 e 1975, quando não desfilou no carnaval, um golpe muito duro para os
sócios, após 25 anos de desfile ininterruptos e marcados por glórias e
vitórias.
A Associação Cultural, Recreativa
e Carnavalesca Filhos de Gandhy, tem sua sede no Pelourinho, doada pelo governo
do Estado em 1983, onde funciona o ano inteiro a administração, quadra de
ensaios, buscando na sua pluralidade sócio-cultural desenvolver diversas
atividades tendo como missão, através do entretenimento e respeito pela
tradição, pregar a paz e abrigar em seu ambiente pessoas de todos os credos,
condições sociais e etnias e sendo ponto de parada de turistas de todo o mundo
que visitam o Centro Histórico de Salvador.
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