A excepção é a regra – Por Nuno Leal
Os norte-americanos Excepter são
uma banda de excepção. Um muito particular e misterioso mundo à parte que nos
visita dia 3 de Abril na Culturgest no Porto, e no dia seguinte em Lisboa na
ZDB.
Uma banda essencial neste milénio para quem gosta das excepções num
panorama musical normalmente entediante na sua homogeneidade. Uma banda de
culto que nos apresenta um novo disco, que à primeira audição já se tornou, sem
surpresa, num daqueles a ter em conta este ano.
Mais um capítulo numa viagem ao
interior de territórios sonoros que dão gozo contemplar e tentar decifrar.
Música que apesar de soar alienígena, é afinal neste planeta, como nos confessa
John Fell Ryan, entre outras confissões, da vida ao volante, à religião, do
cinema à dança, incluindo uma calinada historico-presencial do entrevistador.
Qual é o significado de Excepter?
A banda chamou-se originalmente “Scepter” mas já havia uma editora com esse nome registado, por isso mudei-o para algo homófono: “Ex-Scepter”. A própria palavra “Excepter” existe em inglês mas não é usada correntemente nos dias de hoje. É um termo legal arcaico para alguém que foi condenado pelo tribunal a pagar uma dívida. É igualmente um mecanismo nas máquinas de venda automáticas que rejeita moedas. É acima de tudo uma espécie de palavra em branco, aberta a interpretações, o que me agrada. Dançar é sempre subjectivo. Eu danço com a vossa música. Algumas pessoas como a minha mulher não partilham da mesma opinião. Consideram a vossa música dançável ou estranham essa característica? As pessoas dançam nos nossos concertos, mas não é a nossa principal preocupação fazer alguém dançar. Usamos a dança ao serviço dos nossos objectivos. Vemos a dança como uma forma de entrar psicologicamente dentro da música, a dança como uma forma de abrir espaço nas mentes das pessoas. Este novo e já agora maravilhoso “Familiar” adensa a ligação dos Excepter com a electrónica dos oitentas.
Algumas faixas como “Maids” soam mais familiares, mais suaves aos ouvido. É daí o “Familiar”?
Enquanto gravávamos o álbum, quisémos usar sons reconhecíveis ao máximo: 808, piano, guitarra, flauta, tarola, mas também música que lembrasse às pessoas outras músicas e sons do dia a dia, como trânsito ou o oceano. Liricamente, ao nível das letras, andamos entre canções de embalar, blues, canções de intervenção, etc., coisas engavetadas na memória. O “familiar” é também o amigo mágico de um feiticeiro, tipo seu braço direito.
É sem dúvida um disco surpreendente. Em “Same Address Different City”, entrei num estado sonâmbulo onde me imaginei a ouvir o disco totalmente electrónico que os The Fall nunca fizeram. Soas como o Mark E. Smith aqui, tens consciência disso? É também engraçado como em “Maids” também oiço laivos de B52’s na Lala a cantar.
São influências inquestionáveis. A Cindy Wilson dos B52’s tem um enorme défice de reconhecimento como cantora avant-garde. Ela é verdadeiramente aventureira e experimental, na forma como eleva a sua voz para além dos limites da forma e do estilo, sem medo de soar mal ou feio e maravilhosa ao mesmo tempo. Lala e eu fomos ver uma vez ao vivo os B52’s, há já uns anos, mas só vimos um bocado porque choveu passado uns temas. Sobre os The Fall, há que entender que sou mesmo um grande fã deles, tenho todos os discos que eles fizeram, e como qualquer fã, passei uns bons anos com a voz do Mark E. Smith dentro da cabeça. Quando canto, tenho de me castigar e punir dolorosamente para me assegurar que não pareço demasiado como o Grande Homem, mas de vez em quando lá falho, enfim. Uma vez dei com ele nos bastidores e ele foi muito cortês e reservado, isto apesar de ter estado há pouco a fazer o seu número em palco.
“Destroy” tem também algures um “feeling” do “Rock n’ Roll” dos Daft Punk, mas como que aniquilado em beleza por extraterrestres. Queres destruir o rock n’ roll como eles, ou destruir a música dos Daft Punk? O que gostarias realmente de destruir? Talvez esta questão?
Às vezes é preciso ter medicamentos muito fortes para destruir algo que nos adoenta mesmo.
E sobre a vossa cover surpresa do “Song to the Siren” do Tim Buckley? Porquê esse tema? É difícil competir com a versão dos This Mortal Coil, mas vocês fizeram-na à vossa maneira, acho que tiraram de cima todo o feeling depressivo do tema e tornaram-no numa espécie de canção de embalar infantil, como um pai comum a cantar para o seu filhote adormecer. Ou é Pai Neptuno a cantar para a sua filha sereia?
A própria história desse tema gira à volta da mortalidade, é mórbida, está tão cheia de pessimismo e negritude, tanto tornou-se um êxito depois do Tim Buckley morrer, como depois a Liz Fraser se tornou amante do filho, Jeff, que por sua vez morreu afogado ainda jovem. Talvez tenha sentido que tinha de enfrentar essa negritude. Não tinha percebido esse lado paternal quando o canto, mas como pai certamente aumenta o receio de mortalidade.
Ontem a vossa nova jornada musical levou-me a ouvir Chris & Cosey de novo. Deram concertos juntos. Têm-se tornado na vossa influência principal nos últimos anos ou sempre a foram?
A ligação directa a Chris & Cosey começou com o remix deles do nosso “Shots Ring” para a editora RVNG. Foi como descobrir que o Pai Natal existe mesmo. Sempre associei Throbbing Gristle com o Natal, sobretudo porque eles lançavam sempre coisas em Dezembro. Entrei na cena TG tarde, nos meus vintes. Alguns amigos pensaram que eu iria curtir o lado de improviso da sua música. Eu afastava-me um bocado do lado nerd e possessivo dos fãs da chamada música industrial. Mas uma vez que ouvi alguns discos dos TG, senti e compreendi-os como uma apresentação muito própria de “familiars” subculturais, os tais amigos mágicos dos feiticeiros. É engraçado que Chris & Cosey também se afastam dos seus fãs mais obcecados. Quando tocaram connosco em Nova Iorque, ajudámo-los a escapar a uns góticos que os esperavam no lobby.
Mais música que gostam, dançam, relaxam, viajam? Talvez Negativland, The Residents? Popol Vuh, Vas Deferens Organization? Outros?
Popol Vuh é um caso sério lá em casa. Lala ouve Vuh quase todos os dias. Ela começou inclusive o seu próprio projecto vocal feminino inspirado por Vuh, chamado Krissi Kathrin. Como ganho a vida a conduzir, oiço muita rádio, sobretudo jazz e avant-garde na WKCR. Também o top ten da música de dança na WKTU, às vezes música clássica também. Mal dão anúncios, mudo de estação.
Há alguma canção que ouves que te embarace ouvir-la? És secretamente um Belieber na Igreja de Justin?
Eu não oiço sequer Justin Bieber porque não o passam na rádio por cá. Acabo por gostar de algum pop dançável FM como Katy Perry ou Lorde. Não me embaraça ouvi-las. Não me embaraça nada que goste. É material bem feito e ousado.
A vossa música tem algo de esotérico, há um sentimento religioso nela, mais de culto religioso, tal o mantra que nos induz nas mentes. É uma pessoa religiosa ou ateísta? Xamânico, talvez? Qual é a tua opinião sobre religião?
Acho que mais pessoas deviam ler mais a Bíblia e parar de serem tão estúpidos, essa é a minha atitude perante a religião. No que toca a esotérico ou ciências do oculto, o que é fulcral é a compreensão experiencial. A visão acima do dogma, sempre. Anda daí, entra, envolve-te.
A vossa música soa sempre não linear, longe do pensamento unidimensional. O movimento Dada influencia-vos? Consideram-se o terceiro Cabaret Voltaire, depois do original de Zurique e dos grandes de Sheffield?
Acima de tudo, curtimos música. Somos do tipo beatnik mas não académicos. Ninguém pode hoje em dia dizer que é influenciado por dada ou outro movimento do início do século XX. Pode-se estudá-los num livro ou museu, mas uma pessoa ficará perdida sem um envolvimento cultural directo. Consideramo-nos no espírito de movimentos desses, conscientemente ou não, mas penso que o que importa é mais a nossa reacção ao presente, aos nossos dias, à realidade actual. Acredito muito em discos. Eles dão-nos o necessário para esse envolvimenro directo e uam cópia é tão boa nisso como o original.
Sun Ra tinha um planeta dele. Qual seria o planeta de Excepter?
Os únicos corpos celestes que alguma vez referimos são a Terra, o Sol, a Lua e as estrelas. Este é o nosso planeta, aqui mesmo.
Adoro o “Presidence” e sempre quis perguntar isto, o que significa anti-Noah? Quem é o Noah, é o da Bíblia?
Noah (Noé) foi alguém que, perante a destruição apocalíptica, tentou manter a vida como a conhecíamos. O Anti-Noah é alguém que faz o oposto.
Sabemos que é um grande entusiasta de Kubrick. Qual é o melhor filme dele?
O melhor não sei, mas os meus favoritos são aqueles que perfilam o que considero ser a trilogia do puzzle visual: 2001, Odisseia no Espaço, The Shinning e o Eyes Wide Shut. Mas também considero o seu trabalho como algo único, em que cada filme é uma parte de um todo, de uma narrativa única.
Outros realizadores que admire? Confesso que às vezes oiço o vosso “Presidence” enquanto vejo filmes de Bela Tárr. Conheces este realizador? É húngaro, é um mestre do preto e branco, do apocalíptico, de longos planos sequenciais.
Soa muito bem. Tenho que investigar sobre ele. Durante um tempo usei filmes com o volume em baixo como inspiração para misturar discos dos Excepter, sobretudo o “Stalker” do Tarkovsky, o Matrix 2 e uma série de TV, a Carnivale. Entretanto a TV ficou tão boa que começámos a ver aquelas séries fixes e na moda, como toda a gente.
Há muito tempo atrás, vi a No Neck Blues Band na ZDB, em Lisboa. Foi uma experiência sonora inesquecível para mim na altura, ainda se lembra desse concerto, desses tempos? O que significa os NNBB para ti? Ainda mantêm contacto?
Eu tive de desistir dos No-Neck antes de eles sairem do continente pela primeira vez, logo não me viste com eles a tocar, mas recentemente estive com a banda no concerto de vigésimo aniversário, no Issue Project Room em Nova Iorque. Foi uma grande experiência voltar a tocar com aquela malta. Nos Excepter, continuo a manter viva, e com orgulho, a ética de improvisação da No-Neck Blues Band.
Tem alguma coisa a dizer a um “sunburned kid” português como eu, nos seus 36, que vai a um dos vossos concertos do Porto ou de Lisboa?
Tragam gente nova para o concerto! A música é para todas as gerações…
A banda chamou-se originalmente “Scepter” mas já havia uma editora com esse nome registado, por isso mudei-o para algo homófono: “Ex-Scepter”. A própria palavra “Excepter” existe em inglês mas não é usada correntemente nos dias de hoje. É um termo legal arcaico para alguém que foi condenado pelo tribunal a pagar uma dívida. É igualmente um mecanismo nas máquinas de venda automáticas que rejeita moedas. É acima de tudo uma espécie de palavra em branco, aberta a interpretações, o que me agrada. Dançar é sempre subjectivo. Eu danço com a vossa música. Algumas pessoas como a minha mulher não partilham da mesma opinião. Consideram a vossa música dançável ou estranham essa característica? As pessoas dançam nos nossos concertos, mas não é a nossa principal preocupação fazer alguém dançar. Usamos a dança ao serviço dos nossos objectivos. Vemos a dança como uma forma de entrar psicologicamente dentro da música, a dança como uma forma de abrir espaço nas mentes das pessoas. Este novo e já agora maravilhoso “Familiar” adensa a ligação dos Excepter com a electrónica dos oitentas.
Algumas faixas como “Maids” soam mais familiares, mais suaves aos ouvido. É daí o “Familiar”?
Enquanto gravávamos o álbum, quisémos usar sons reconhecíveis ao máximo: 808, piano, guitarra, flauta, tarola, mas também música que lembrasse às pessoas outras músicas e sons do dia a dia, como trânsito ou o oceano. Liricamente, ao nível das letras, andamos entre canções de embalar, blues, canções de intervenção, etc., coisas engavetadas na memória. O “familiar” é também o amigo mágico de um feiticeiro, tipo seu braço direito.
É sem dúvida um disco surpreendente. Em “Same Address Different City”, entrei num estado sonâmbulo onde me imaginei a ouvir o disco totalmente electrónico que os The Fall nunca fizeram. Soas como o Mark E. Smith aqui, tens consciência disso? É também engraçado como em “Maids” também oiço laivos de B52’s na Lala a cantar.
São influências inquestionáveis. A Cindy Wilson dos B52’s tem um enorme défice de reconhecimento como cantora avant-garde. Ela é verdadeiramente aventureira e experimental, na forma como eleva a sua voz para além dos limites da forma e do estilo, sem medo de soar mal ou feio e maravilhosa ao mesmo tempo. Lala e eu fomos ver uma vez ao vivo os B52’s, há já uns anos, mas só vimos um bocado porque choveu passado uns temas. Sobre os The Fall, há que entender que sou mesmo um grande fã deles, tenho todos os discos que eles fizeram, e como qualquer fã, passei uns bons anos com a voz do Mark E. Smith dentro da cabeça. Quando canto, tenho de me castigar e punir dolorosamente para me assegurar que não pareço demasiado como o Grande Homem, mas de vez em quando lá falho, enfim. Uma vez dei com ele nos bastidores e ele foi muito cortês e reservado, isto apesar de ter estado há pouco a fazer o seu número em palco.
“Destroy” tem também algures um “feeling” do “Rock n’ Roll” dos Daft Punk, mas como que aniquilado em beleza por extraterrestres. Queres destruir o rock n’ roll como eles, ou destruir a música dos Daft Punk? O que gostarias realmente de destruir? Talvez esta questão?
Às vezes é preciso ter medicamentos muito fortes para destruir algo que nos adoenta mesmo.
E sobre a vossa cover surpresa do “Song to the Siren” do Tim Buckley? Porquê esse tema? É difícil competir com a versão dos This Mortal Coil, mas vocês fizeram-na à vossa maneira, acho que tiraram de cima todo o feeling depressivo do tema e tornaram-no numa espécie de canção de embalar infantil, como um pai comum a cantar para o seu filhote adormecer. Ou é Pai Neptuno a cantar para a sua filha sereia?
A própria história desse tema gira à volta da mortalidade, é mórbida, está tão cheia de pessimismo e negritude, tanto tornou-se um êxito depois do Tim Buckley morrer, como depois a Liz Fraser se tornou amante do filho, Jeff, que por sua vez morreu afogado ainda jovem. Talvez tenha sentido que tinha de enfrentar essa negritude. Não tinha percebido esse lado paternal quando o canto, mas como pai certamente aumenta o receio de mortalidade.
Ontem a vossa nova jornada musical levou-me a ouvir Chris & Cosey de novo. Deram concertos juntos. Têm-se tornado na vossa influência principal nos últimos anos ou sempre a foram?
A ligação directa a Chris & Cosey começou com o remix deles do nosso “Shots Ring” para a editora RVNG. Foi como descobrir que o Pai Natal existe mesmo. Sempre associei Throbbing Gristle com o Natal, sobretudo porque eles lançavam sempre coisas em Dezembro. Entrei na cena TG tarde, nos meus vintes. Alguns amigos pensaram que eu iria curtir o lado de improviso da sua música. Eu afastava-me um bocado do lado nerd e possessivo dos fãs da chamada música industrial. Mas uma vez que ouvi alguns discos dos TG, senti e compreendi-os como uma apresentação muito própria de “familiars” subculturais, os tais amigos mágicos dos feiticeiros. É engraçado que Chris & Cosey também se afastam dos seus fãs mais obcecados. Quando tocaram connosco em Nova Iorque, ajudámo-los a escapar a uns góticos que os esperavam no lobby.
Mais música que gostam, dançam, relaxam, viajam? Talvez Negativland, The Residents? Popol Vuh, Vas Deferens Organization? Outros?
Popol Vuh é um caso sério lá em casa. Lala ouve Vuh quase todos os dias. Ela começou inclusive o seu próprio projecto vocal feminino inspirado por Vuh, chamado Krissi Kathrin. Como ganho a vida a conduzir, oiço muita rádio, sobretudo jazz e avant-garde na WKCR. Também o top ten da música de dança na WKTU, às vezes música clássica também. Mal dão anúncios, mudo de estação.
Há alguma canção que ouves que te embarace ouvir-la? És secretamente um Belieber na Igreja de Justin?
Eu não oiço sequer Justin Bieber porque não o passam na rádio por cá. Acabo por gostar de algum pop dançável FM como Katy Perry ou Lorde. Não me embaraça ouvi-las. Não me embaraça nada que goste. É material bem feito e ousado.
A vossa música tem algo de esotérico, há um sentimento religioso nela, mais de culto religioso, tal o mantra que nos induz nas mentes. É uma pessoa religiosa ou ateísta? Xamânico, talvez? Qual é a tua opinião sobre religião?
Acho que mais pessoas deviam ler mais a Bíblia e parar de serem tão estúpidos, essa é a minha atitude perante a religião. No que toca a esotérico ou ciências do oculto, o que é fulcral é a compreensão experiencial. A visão acima do dogma, sempre. Anda daí, entra, envolve-te.
A vossa música soa sempre não linear, longe do pensamento unidimensional. O movimento Dada influencia-vos? Consideram-se o terceiro Cabaret Voltaire, depois do original de Zurique e dos grandes de Sheffield?
Acima de tudo, curtimos música. Somos do tipo beatnik mas não académicos. Ninguém pode hoje em dia dizer que é influenciado por dada ou outro movimento do início do século XX. Pode-se estudá-los num livro ou museu, mas uma pessoa ficará perdida sem um envolvimento cultural directo. Consideramo-nos no espírito de movimentos desses, conscientemente ou não, mas penso que o que importa é mais a nossa reacção ao presente, aos nossos dias, à realidade actual. Acredito muito em discos. Eles dão-nos o necessário para esse envolvimenro directo e uam cópia é tão boa nisso como o original.
Sun Ra tinha um planeta dele. Qual seria o planeta de Excepter?
Os únicos corpos celestes que alguma vez referimos são a Terra, o Sol, a Lua e as estrelas. Este é o nosso planeta, aqui mesmo.
Adoro o “Presidence” e sempre quis perguntar isto, o que significa anti-Noah? Quem é o Noah, é o da Bíblia?
Noah (Noé) foi alguém que, perante a destruição apocalíptica, tentou manter a vida como a conhecíamos. O Anti-Noah é alguém que faz o oposto.
Sabemos que é um grande entusiasta de Kubrick. Qual é o melhor filme dele?
O melhor não sei, mas os meus favoritos são aqueles que perfilam o que considero ser a trilogia do puzzle visual: 2001, Odisseia no Espaço, The Shinning e o Eyes Wide Shut. Mas também considero o seu trabalho como algo único, em que cada filme é uma parte de um todo, de uma narrativa única.
Outros realizadores que admire? Confesso que às vezes oiço o vosso “Presidence” enquanto vejo filmes de Bela Tárr. Conheces este realizador? É húngaro, é um mestre do preto e branco, do apocalíptico, de longos planos sequenciais.
Soa muito bem. Tenho que investigar sobre ele. Durante um tempo usei filmes com o volume em baixo como inspiração para misturar discos dos Excepter, sobretudo o “Stalker” do Tarkovsky, o Matrix 2 e uma série de TV, a Carnivale. Entretanto a TV ficou tão boa que começámos a ver aquelas séries fixes e na moda, como toda a gente.
Há muito tempo atrás, vi a No Neck Blues Band na ZDB, em Lisboa. Foi uma experiência sonora inesquecível para mim na altura, ainda se lembra desse concerto, desses tempos? O que significa os NNBB para ti? Ainda mantêm contacto?
Eu tive de desistir dos No-Neck antes de eles sairem do continente pela primeira vez, logo não me viste com eles a tocar, mas recentemente estive com a banda no concerto de vigésimo aniversário, no Issue Project Room em Nova Iorque. Foi uma grande experiência voltar a tocar com aquela malta. Nos Excepter, continuo a manter viva, e com orgulho, a ética de improvisação da No-Neck Blues Band.
Tem alguma coisa a dizer a um “sunburned kid” português como eu, nos seus 36, que vai a um dos vossos concertos do Porto ou de Lisboa?
Tragam gente nova para o concerto! A música é para todas as gerações…
Fonte: http://bodyspace.net
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