Não há espaço para a violência religiosa nos EUA, diz Obama
Após os ataques de domingo que
mataram três pessoas em duas instituições judaicas de um subúrbio de Kansas
City, entre elas um jovem de 14 anos, o presidente americano, Barack Obama,
lamentou a intolerância que ainda existe no país.
Em discurso na Casa Branca nesta segunda-feira, Obama afirmou que a violência religiosa "não tem espaço" na sociedade americana.
"Ninguém deveria ficar preocupado
com sua segurança quando está reunido com seus companheiros de credo. Ninguém
deveria temer por sua segurança ao rezar", criticou o presidente. "Nós vemos o
que acontece pelo mundo quando este tipo de violência baseada na religião vem à
tona".
Apenas na região metropolitana de
Kansas City, na divisa com o estado do Missouri, a população judaica é de
aproximadamente 20 mil pessoas. Obama afirmou que a Casa Branca dará a ajuda
necessária às duas instuições atacadas no domingo. Ele fez um apelo contra a intolerância.
"Devemos continuar unidos para
além da fé para combater a ignorância e a intolerância, incluindo o
antissemitismo, porque elas conduzem ao ódio e à violência. Como americanos,
temos que nos manter unidos contra este tipo terrível de violência, que não tem
espaço em nossa sociedade".
O presidente americano lamentou o
ocorrido em meio ao Domingo de Ramos e as preparações para o Pessach, a páscoa
judaica. Ele lembrou o encontro que teve recentemente com o Papa Francisco,
dizendo que o líder católico tem inspirado cada vez mais pessoas ao redor do
mundo por suas atitudes "simples, mas profundas".
O procurador-geral dos EUA, Eric
Holder, se disse "horrorizado" com os crimes e emitiu um comunicado
nesta segunda pedindo ajuda federal para decidir se os casos de crimes de ódio
devem ser considerados hediondos.
Frazier Glenn Cross tinha passado
antissemita
De acordo com a ONG Southern
Poverty Law Center, que monitora grupos que pregam o ódio, o acusado de fazer
os disparos já tinha um passado antissemita com a Ku Klux Klan. Frazier Glenn
Cross, de 73 anos, foi grão-dragão, posição de liderança na organização, dos
Cavaleiros da Carolina, braço paramilitar da KKK que atua na Carolina do Norte.
Cross atirou em duas pessoas no
Centro Comunitário Judaico da Região Metropolitana de Kansas City, em Overland
Park: Reat Griffin Underwood, de 14 anos, aluno do primeiro ano do ensino
médio, e seu avô, William Corporon, segundo nota divulgada por um familiar. Ele
então dirigiu até um asilo judaico e atirou em Terri LeManno, terapeuta
ocupacional. Cross foi encontrado e detido no estacionamento de uma escola
primária. Ele será levado para depôr à corte na tarde desta segunda.
Segundo o jornal "New York
Times", o suposto autor dos disparos, cujo sobrenome foi trocado para
fazer alusão à palavra "cruz", gritou "Heil Hitler"
enquanto era levado por policiais em Kansas City.
O Instituto de Pesquisa e
Educação sobre Direitos Humanos (IREHR) confirmou que o autor dos disparos
idolatrava Adolf Hitler. A declaração vem de um comunicado emitido por seu
presidente, Leonard Zeskind.
A Southern Poverty Law Center
afirmou em nota que Cross postava na internet conteúdo de ódio, como frases que
diziam "Sem judeus, tudo certo".
Ele havia sido preso em 1987 ao ser
flagrado com granadas, armas automáticas e munição e ficou três anos em
reclusão, em troca de informações sobre outros supremacistas. Em 2012, o FBI registrou 674
incidentes de caráter antissemita nos Estados Unidos.
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