Cinco ‘provas’ que não nada provam - Por Michelson Borges
O jornalista científico Salvador
Nogueira assina a coluna “Mensageiro Sideral” na Folha de S.Paulo, e em
seu texto “Cinco provas da evolução das espécies“ ele foi realmente
estratosférico: passou longe de provar aquela que é considerada por muitos a
teoria mais controversa de nosso tempo.
O título de seu artigo é simplesmente
absurdo, porque a teoria da evolução não pode ser “provada” em tudo aquilo que ela
afirma. É, para dizer o mínimo, ufanista, panfletário e leviano. Antes de
tratar das tais “provas”, Nogueira faz uma exposição das diferenças entre
ciência e religião. Portanto, antes de falar sobre as “provas” apresentadas,
vou comentar a introdução do texto do meu colega de profissão.
Ele escreveu:
“Este é um assunto dos mais
controversos: a origem das espécies, desde as bactérias mais simples
até os orgulhosos seres humanos [note que ele já assume a macroevolução
como fato]. A razão básica da confusão é que algumas pessoas querem fazer crer
que existe um conflito intrínseco entre a teoria da evolução pela seleção
natural e as religiões. É mentira. A ciência, aliás, não é inimiga da religião.
As duas são naturalmente complementares, e existe beleza no equilíbrio.”
Aqui Nogueira comete o erro
básico (se intencional, não sei) de confundir ciência com evolucionismo e
opô-los à religião. Método científico é uma coisa, teoria da evolução é outra.
Com o método, a teologia bíblica está em pleno acordo. Com a macroevolução,
não.
Os evolucionistas até podem se valer do método científico para validar
algumas de suas afirmações, mas não todas. Há aspectos do evolucionismo que
estão relacionados com as ciências históricas e outros que são pura hipótese
mesmo, como a origem da vida a partir da não vida, ou a macroevolução e o
surgimento e o aumento da informação genética. Não há absolutamente prova
alguma dessas coisas. Apenas conjecturas e cenários imaginários.
O jornalista prossegue:
“Uma diferença importante entre
elas é que a ciência, por sua própria natureza, se propõe a estabelecer (tanto
quanto possível) fatos objetivos. Já a religião fala de ‘verdades’ pessoais.
Por isso cada um de nós pode ter suas próprias crenças, mas temos todos em
comum uma única ciência. E também é por isso que neste texto, daqui em diante,
vamos discutir apenas ciência.”
Tudo muito bonito, se fosse assim
tão simples. Cientistas (e não a ciência) até se propõem a “estabelecer fatos
objetivos”, mas eles são seres humanos e, portanto, carregados de
subjetividades e interpretações não tão objetivas.
É lógico que o método
científico é o melhor que temos para compreender a realidade (física) que nos
cerca, mas não podemos ser assim tão ufanistas a ponto de achar que ele é a
única ferramenta disponível para isso. A realidade é muito mais ampla do que
nossos microscópios e telescópios podem alcançar.
Observações e experimentos
Nogueira também erra ao dizer que
“a religião fala de ‘verdades’ pessoais”. Falo pela religião cristã: ela é
muito mais do que uma experiência pessoal (embora também seja isso).
O
cristianismo é uma religião racional e razoável, cujo livro sagrado tem
resistido ao teste do tempo e contado com inúmeras confirmações por parte da
arqueologia. O pano de fundo histórico da Bíblia e vários de seus personagens
têm sido confirmados ano após ano, descoberta após descoberta.
Há várias
antecipações científicas nas páginas das Escrituras e a própria ressurreição de
Cristo pode ser encarada como evento histórico. É claro que “cada um de nós
pode ter suas próprias crenças”, mas, se quiser ser honesto (ou seja, não
estiver em busca de uma religião de conveniências), deverá procurar a religião
que compatibiliza fé e razão, afinal, o Deus bíblico não é irrazoável.
Depois de usar o fenômeno da
chuva como exemplo, Nogueira conclui: “Grosso modo, a confirmação de nossa
hipótese a converte em teoria. Ela não é mais só um exercício racional de
adivinhação. Ela é uma explicação concreta que nos permite compreender e até
mesmo prever fenômenos.”
Mas, se a intenção foi comparar
isso com a teoria da macroevolução, o jornalista forçou a barra. A chuva é um
fenômeno perfeitamente observável em qualquer lugar do mundo, em qualquer
época.
Ao contrário, hipóteses como a origem não biótica da vida e a
macroevolução não podem ser observadas pelo simples fato de que hipoteticamente
levam bilhões de anos para se processar.
Tudo o que temos são exemplos de
“microevolução” ou diversificação de baixo nível. O resto é extrapolação,
usando o tempo como resposta. Seria mais ou menos como estudar uma molécula de
água e querer determinar a partir disso como ocorrem as chuvas.
Para Nogueira, “é de uma
desonestidade intelectual profunda acusar a evolução pela seleção natural de
ser ‘apenas uma teoria’. Em ciência, uma teoria é o máximo que uma ideia pode
chegar a ser. E ela atinge esse ponto só depois que foi corroborada por
observações e experimentos. Só depois que ela se mostra a melhor explicação
possível para um certo conjunto de dados”.
A palavra “prova”
E ele está certo, em parte.
Argumentar que a evolução é “apenas uma teoria” e tentar desacreditá-la por
causa disso é ignorar o fato de que existe também uma teoria da gravidade, por
exemplo.
A atração dos corpos é descrita pela Lei da Gravidade e possui uma
equação universal que calcula a força de atração. A Teoria da Gravidade é mais
complexa do que isso.
Ela tenta explicar por que essa atração ocorre.
Quando pedimos a um evolucionista “provas” da evolução, ele geralmente se
refere às evidências de “microevolução”, como a diversificação morfológica de
animais como os tentilhões e as mudanças limitadas nas bactérias que adquirem
resistência a antibióticos. Jamais se responde como e/ou por que a evolução
teria ocorrido ou como a vida teria surgido a partir da não vida. Isso se
assume como fato, a priori, metafisicamente.
Prevendo a oposição ao uso da
palavra “prova”, Nogueira já se justifica logo de início: “Os mais atentos
talvez queiram criticar meu uso da expressão ‘provas’, lembrando o filósofo da
ciência Karl Popper, que sugere que observações só podem refutar teorias, mas
nunca prová-las. Concordo com Popper. Mas uso aqui o termo ‘provas’ no sentido
jurídico. Imagine que estamos num tribunal, que julgará a veracidade da teoria
da evolução. O Mensageiro Sideral se apresenta como promotor, apontando provas
circunstanciais conclusivas.”
Eu não diria os “mais atentos”,
mas os mais honestos. Nogueira começa falando em ciência e muda para o contexto
jurídico. Isso não me parece honesto porque, como jornalista, ele sabe que o
título de seu texto e o uso da palavra “prova” induz os leitores a pensar
exatamente o que ele quer. É controle de opinião.
Por mais que ele tente se
justificar dizendo que usa a palavra “prova” “no sentido jurídico”, o leitor
menos atento ou desavisado vai ler as cinco “provas” pensando que elas são
exatamente isso, e não tentativas de argumentação em favor de uma hipótese que
deveria ser confirmada pelos fatos, e não julgada em um “tribunal”. Mas vamos,
finalmente, aos fatos de Nogueira, com meus comentários entre colchetes.
Reflexões sobre os tentilhões
Antes de mais nada, o que é a
teoria da evolução?
“Formulada por Charles Darwin e
Alfred Russel Wallace independentemente e apresentada em 1858, ela parte de
pressupostos simples e incontestáveis. A primeira premissa é que os seres vivos
de uma determinada espécie, por mais parecidos que sejam, apresentam,
naturalmente, pequenas diferenças entre si. Isso é mais do que evidente. Basta
olhar ao seu redor. Somos todos humanos, mas cada um é um pouquinho diferente
do outro. Um mais baixo, um mais alto, um loiro, um moreno, e assim por diante.
A segunda premissa é que os seres
vivos podem transmitir essas pequenas diferenças que os caracterizam a seus
descendentes. E isso também é mais do que evidente. Por isso filhos de morenos
são morenos, filhos de altos são altos, e por aí vai.
A terceira e crucial, premissa é
que, no mundo natural, algumas características são mais vantajosas que outras.
Hoje, na população humana, isso não é muito evidente. Mas ainda acontece. Um
exemplo: um pequeno número de pessoas na África parece ser imune ao HIV. Muitos
esforços têm sido feitos pelos médicos para reduzir o impacto que o vírus da
Aids tem na mortalidade humana, mas imagine um mundo sem medicamentos. O que
aconteceria na África? Os que não resistem ao HIV morreriam, em muitos casos
sem deixar descendentes. Os imunes sobreviveriam e teriam mais filhos. Ao longo
das gerações, aumentaria a porcentagem de pessoas com imunidade natural ao HIV.
Isso é seleção natural. É a pressão que a natureza exerce para selecionar
certas características e eliminar outras.
Pois bem. Até aí, absolutamente
nada de controverso. O salto que Darwin e Wallace deram foi partir dessas
premissas e concluir que, ao longo de períodos muito grandes de tempo, esse
processo de seleção natural poderia produzir novas espécies a partir de um
ancestral comum. Como eles chegaram a essa conclusão? Observando o mundo
natural. Note, por exemplo, o clássico exemplo apresentado pelo próprio Darwin,
ao refletir sobre os tentilhões, grupo de espécies de pássaro, das ilhas
Galápagos, que o naturalista estudou pessoalmente ao passar pela América do
Sul, em 1835. Ele notou que cada ilha do arquipélago tinha suas próprias
espécies de tentilhões, cada uma com um formato de bico próprio.
Como explicar isso? Darwin
imaginou que todos eles tinham um ancestral comum. Separados em suas
respectivas ilhas, eles enfrentaram ambientes naturais ligeiramente diferentes,
que por sua vez selecionariam características diversas. Ao fim de milhões de
anos, terminamos com espécies diferentes de tentilhão.”
[Evidentemente que as três
premissas apresentadas acima são fatuais e qualquer criacionista as aceita
tranquilamente. A argumentação vai parecer lógica porque começa com fatos
observáveis e corretos. Ocorre que um detalhe muitas vezes passa despercebido:
depois de supostos milhões de anos de evolução, os tentilhões continuaram sendo
tentilhões. Não surgiu em qualquer ilha um tipo de pássaro totalmente
diferente; um papagaio, por exemplo. O mesmo tipo de conclusão pode ser tirado
a partir das pesquisas com as moscas-das-frutas. Por favor, tome algum tempo
para ler esta postagem. Quanto aos africanos resistentes ao HIV, se o
mundo e a raça humana durassem milhões de anos, certamente os cientistas do
futuro se deparariam com uma população inteira resistente ao vírus da Aids, mas
todos eles continuariam sendo humanos. Adaptação não é macroevolução.
Resistência a um tipo de vírus e mudança de cor da pele/plumas não explicam de
onde teria surgido a informação genética necessária para originar uma pata onde
antes havia uma nadadeira ou um olho onde antes não havia nada.]
“O mesmo raciocínio pode ser
aplicado a toda a vida na Terra, e foi o que Darwin e Wallace fizeram. Se imaginarmos
[e aqui o “fato” vira imaginação, o que é típico] que todos os seres vivos
atuais têm um ancestral comum separado de nós por cerca de quatro bilhões de
anos de seleção natural, temos uma explicação [explicação?] para a origem de
todas as espécies. Uma explicação que é passível de teste. E que foi testada e
corroborada de forma contundente, como veremos a seguir [quero ver mesmo].
Um senão importante é que a
teoria diz respeito exclusivamente à origem das espécies. Ou seja, como, a
partir de uma única forma de vida, acabamos com uma biosfera tão incrível e
diversa como a nossa. A teoria nada fala sobre a origem da vida em si. Como o
primeiro ser vivo submetido ao processo de seleção natural veio a ser é outro
mistério, um que ainda não tem uma solução científica clara (embora diversos
caminhos promissores já se insinuem a esse respeito) [a velha desculpa de
sempre...].”
Prova número um – o DNA
“Manja teste de DNA, aquele usado
corriqueiramente para determinar paternidade de bebês? Você acredita nele? Pois
bem. Hoje temos tecnologia para comparar o DNA não só de humanos diferentes,
mas de diversas espécies diferentes. Essa análise revela que todos os seres
vivos que já investigamos têm algum grau de parentesco com todos os demais.
Trata-se de uma confirmação incrível da teoria da evolução pela seleção
natural. Tão contundente como um teste de paternidade diante de um juiz de
família.”
[A semelhança genética pode ser
interpretada também como a marca/assinatura do Criador e não necessariamente
como evidência de ancestralidade comum. Assim como as semelhanças entre um
carro, um trem e um avião não revelam ancestralidade comum entre eles. O
problema é que os evolucionistas sempre focalizam as semelhanças e minimizam as
tremendas diferenças.]
“Se olharmos para o DNA humano e
compararmos com o do chimpanzé, descobrimos que a diferença entre eles é de
cerca de 4%. Ou seja, a receita para a fabricação de um chimpanzé é, em 96%,
idêntica à que produz um ser humano. O que isso significa, que nós evoluímos
dos macacos? Claro que não! A afirmação de que o homem veio do chimpanzé está
errada. Tanto o homem como o chimpanzé evoluíram de um ancestral comum, que não
era nem uma coisa, nem outra.” [Essa falácia também já foi desconstruída].
Prova número dois – mutações
“Hoje conhecemos bem os
mecanismos que existem no interior de cada célula para replicar o DNA
[mecanismos tão finamente ajustados, dependentes de máquinas moleculares,
nanotecnologia e processos ultra precisos com reparação de erros, inclusive,
que fica muito difícil entender como, a partir do rudimentar, essas coisas
teriam vindo paulatinamente à existência, se a vida depende delas desde o
início exatamente como são; depende dessa complexidade que não pode ser menor,
caso contrário, a vida desandaria]. Há um sistema integrado de monitoramento e
correção que tenta identificar falhas na replicação e impedir que elas se
perpetuem, se preciso for, induzindo o próprio suicídio celular [e como a
célula “se virava” antes da existência desse mecanismo?]. No entanto, sabemos
também que esse sistema não é à prova de falha. De vez em quando, pequenas
mudanças passam. Acontece direto. Nas suas células. Agora.
Na maior parte das
vezes, ocorre em trechos do DNA que não codificam informação genética, e aí
pode não haver consequência nenhuma. Se acontecem num pedaço de DNA que tem
informação importante, podem produzir efeitos bem sérios. Na maior parte das
vezes, esses efeitos são ruins, o câncer é resultado de mutações em células,
alterações que atingem justamente o sistema que induz ao suicídio celular
quando há falhas de replicação do DNA. As células saem de controle e se
multiplicam sem parar, às custas do resto do organismo.
Contudo, em alguns
casos, as mutações podem produzir manifestações que não incapacitam a
pessoa. E, claro, quando acontecem nas células germinativas, precursoras de
espermatozoides e óvulos, elas não afetam o sujeito em si, mas afetarão a
geração seguinte, para o bem ou para o mal.”
[Mutações benéficas não
significam mutações que adicionem informação ao organismo. Isso não existe. As
mutações ou são deletérias ou, no máximo, conservativas, promovendo apenas
modificações. Isso não explica, repito, o surgimento de novos órgãos
funcionais, nem mesmo novos planos corporais. Mutações casuais não podem
explicar nem mesmo o surgimento de espermatozoides e óvulos, que dependem de
hormônios específicos, órgãos sexuais distintos e até mesmo de motores
moleculares (como no caso do espermatozoide), tudo isso e muito mais,
funcionando bem e ao mesmo tempo. Mas tem mais: precisariam ter ocorrido no mesmo
tempo e na mesma região (a fim de que macho e fêmea pudessem se encontrar)
mutações que dessem origem a órgãos sexuais distintos e compatíveis, a células
germinativas distintas e compatíveis, a hormônios distintos com funções
distintas, e a um organismo (feminino) proveniente de outras tantas mutações
que o teriam tornado capaz de abrigar a nova vida (não a expelindo, como seria
de esperar pela atuação do sistema de defesa também originado a partir de
muitas mutações), com deslocamento de órgãos internos, mecanismos de manutenção
da vida intrauterina e adaptações musculares e até ósseas que permitiriam a
“expulsão” do bebê quando completamente formado. Mas Nogueira (e os
evolucionistas) “resolvem” tudo isso com um simples “mutações podem produzir”.
Sinceramente, não tenho tanta fé assim!]
Mais declaração de fé: “Sabendo
que isso [mudanças] acontece e que a vida tem quase 4 bilhões de anos na Terra,
o difícil é inventar um mecanismo que impeça a evolução. É muito mais
complicado termos espécies estáticas, imutáveis, do que espécies em eterna
transmutação ao longo das eras geológicas, movidas por mudanças pequenas e
graduais.”
[Se essa foi uma crítica discreta
ao fixismo, doutrina segundo a qual as espécies não mudam e seriam as mesmas do
Gênesis até hoje, Nogueira está correto, mas erra ao pensar (se pensa isso) que
os criacionistas bem informados creem nessa ficção. Repito: criacionistas
aceitam as diversificações de baixo nível, mas não concordam com as
extrapolações hipotéticas usadas para justificar a macroevolução. No parágrafo
acima, Nogueira deixa mais uma vez claro que o deus da teoria da macroevolução
é o tempo.]
Prova número três – fósseis
“Na época de Darwin, os fósseis
já estavam na moda, embora fossem poucos e incompreendidos. Foi justamente
naquele tempo que começaram a ser identificados os primeiros dinossauros.
Sabemos hoje com base em evidências geológicas concretas que eles viveram entre
230 milhões e 65 milhões de anos atrás [evidências também passíveis de
interpretação, afinal, já foram até encontrados tecidos moles de T-Rex e ovos
de dinossauro com proteína identificável]. E uma olhada neles revela o que
a evolução é capaz de fazer ao longo de períodos imensos de tempo".
“Sabemos, por exemplo, que as
aves modernas têm como ancestrais dinossauros terópodes. E como podemos saber
disso? Além de observarmos características similares entre os ossos de um grupo
e de outro, há algumas espécies extintas que parecem uma exata mistura dos
dois. Pegue o arqueoptérix, por exemplo, que viveu cerca de 150 milhões de anos
atrás. Ele é metade ave, com penas capazes de voo e asas, e metade dinossauro,
com dentes e tudo. Tanto dinossauros como aves são as únicas criaturas que têm
aquele famoso ‘ossinho da sorte’. E uma análise de proteínas remanescentes de
uma coxa de tiranossauro mostrou em 2005 que o colágeno dos músculos do bichão
é muito parecido com o das galinhas modernas. São provas incontestes do
processo evolutivo.”
[Um ossinho e semelhança entre colágeno
são “provas incontestes”? Puxa vida! A vagina e os tubarões também guardam um
tipo de semelhança assim, sabia?
O que dizer disso? Muitos animais
de espécies totalmente diferentes guardam semelhanças interessantes. Pense no
ornitorrinco. Quanto aos dinossauros, a verdade é que se sabe muito pouco sobre
eles, conforme se admite nesta pesquisa. Sobre a suposta evolução das aves
a partir dos dinos, você pode ler algo aqui, aqui e aqui; e
sobre o arqueoptérix, aqui e aqui.]
“E toda a árvore da vida está
cheia dessas formas intermediárias, hoje extintas [não, a “árvore da vida” de
Darwin vem contando outra história]. Diversos hominídeos descobertos
mostram um aumento crescente da caixa craniana de nossos ancestrais [o
neandertal tido como nosso primo ancestral tinha caixa craniana maior que a
nossa. E mesmo entre populações e indivíduos contemporâneos as dimensões do
crânio variam bastante]. Obviamente, aumento de cérebro (e de inteligência) foi
favorecido pela seleção natural, o que explica o processo.” [Não me parece algo
tão óbvio assim.]
[O fato é que, se a teoria da
evolução fosse real, deveria haver milhões de elos transicionais no registro
fóssil, como esperava Darwin. Mas essa não parece ser a realidade, afinal,
quando analisamos esse registro, podemos identificar claramente plantas, peixes,
anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Nada de elos entre esses grandes grupos,
apenas variações entre eles, conforme prevê o criacionismo.]
Prova número quatro –
comportamento animal
“Os etólogos (estudiosos do
comportamento animal) encontram cada vez mais evidências de que muitos dos
atributos originalmente concedidos só aos humanos estão presentes no reino
animal. Veja os chimpanzés mesmo. Eles são menos espertos que os humanos, fato,
mas ainda assim são bem espertos. E fazem coisas que, até outro dia, achávamos
que fossem exclusividades nossas. Chimpanzés não falam, mas são capazes de
aprender linguagem de sinais e conseguem comunicar ideias simples. Constroem e
usam ferramentas rudimentares. Seu nível de inteligência para o uso de
ferramentas é comparável ao de uma criança de cinco anos! Gostam de montar
quebra-cabeças só por diversão, como nós. Conseguem contar até 40 e fazer
operações aritméticas simples. E são capazes de algum nível de empatia. Não são
animais estúpidos. São mais parecidos conosco do que gostaríamos de admitir.
Não há vergonha nenhuma em ser primo dos chimpanzés. Apesar daquela mania
horrível de jogar cocô nos outros, eles são legais e representam nosso elo mais
próximo na imensa corrente da vida na Terra.”
[O que dizer da capacidade de
compor sinfonias, construir naves espaciais, estudar bioquímica e biologia
molecular, ter senso de transcendência e noção de passado e futuro, além de
espiritualidade? Como disse antes, é preciso focalizar mais as diferenças do
que as semelhanças. O que os evolucionistas sempre tentam fazer é
humanizar o macaco e macaquizar o ser humano.]
Prova número cinco – pseudogenes
“Em meio ao DNA dos mais de sete
bilhões de humanos, existem pedaços de genes de nossos ancestrais comuns,
inativos, mas ainda lá. [...] Especula-se que genes inativos possam, com novas
mutações, tornarem-se ativos novamente, produzindo características novas que se
submetam à seleção natural [mais especulação... Aliás, o que aconteceu com o
chamado “DNA lixo”deveria inspirar cautela nos cientistas].
“Os cientistas mais ousados, por
exemplo, especulam sobre a possibilidade de reconstruir os genomas de
dinossauros extintos ‘pescando’ pseudogenes em seus descendentes, as aves
modernas e reativando-os [mas como saber que pseudogenes são esses?]. Difícil?
Sem dúvida. Talvez até impossível para essas criaturas, que sumiram há 65
milhões de anos [segundo a cronologia evolucionista]. Mas pode ser uma
estratégia viável para trazer os mamutes, extintos há 12 mil anos, de volta à
vida. São incríveis perspectivas que só se abrem porque a evolução é um fato.”
[Eita! Teoricamente, existem em
aves e existiram (como sabem?) em dinossauros genes semelhantes e inativos. E
há mamutes cuja carcaça foi preservada no gelo, o que torna sua clonagem, em
tese, possível. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas ambas provam a
evolução! Por que a possível clonagem de mamutes seria uma “prova” da
evolução?]
O resumo da ópera
“Como se pode ver, a evolução por
seleção natural é uma teoria que explica muita coisa [essa é a conclusão de um
jornalista que já apresentou sua tese no título da matéria]. Ela poderia ser
superada por outro paradigma científico no futuro? Em tese sim. Mas onde está
esse paradigma?”
[Não precisa realmente haver um
novo paradigma (embora haja rumores de uma nova teoria da evolução não
selecionista em gestação...) para explicar a biodiversidade. A seleção natural
explica bem isso. Explica como o mais apto sobreviveu, mas nada diz sobre como
ele surgiu. E, curiosamente, o livro do incensado Darwin tem como título
(resumido) não A Sobrevivência das Espécies, nem A Variação das
Espécies, mas A Origem das Espécies.]
“Alguns dizem que a melhor
explicação para a diversidade da vida seja o que eles chamam de Design
Inteligente, a ideia de que a vida é sofisticada demais para que suas incríveis
nuances fossem produzidas pela seleção natural, e que somente uma consciência
superior poderia ter produzido os seres vivos terrestres, individualmente,
espécie por espécie.”
[Ele está certo: o Design
Inteligente não explica nada nessa questão de origem e evolução da vida, afirma
unicamente que há sinais de inteligência empiricamente detectados na natureza.
Quanto às provas da evolução, o jornalista está inferindo além das
evidências encontradas no contexto de justificação teórica.]
“Se o Design Inteligente estiver
certo, não devemos encontrar parentesco claro entre todas as espécies estudadas
ao investigar seu DNA. Afinal de contas, se cada uma delas foi individualmente
projetada por uma inteligência superior, não haveria razão para termos, por
exemplo, distribuição similar dos genes pelos cromossomos em diferentes
espécies. Aliás, deveríamos encontrar distribuições bem diferentes, otimizadas
para cada forma de vida. Não é o que vemos.”
[E quem disse que, se o Criador,
Designer, existe, Ele não poderia ter usado recursos criativos semelhantes em
tipos de vida diferentes. É uma questão de interpretação: onde o evolucionista
vê ancestralidade comum, o criacionista vê a assinatura do Artista.]
Para desmerecer o design inteligente
do ser humano, Nogueira diz que “nós, humanos, supostamente o suprassumo, temos
um apêndice, cuja única função parece ser causar apendicite, e os dentes do
siso, que precisam ser extraídos na maior parte de nós porque não nos cabem na
boca. Que diabo de projeto inteligente é esse? Por que temos órgãos vestigiais?
Por que o Designer se deu ao trabalho de disfarçar toda a biosfera para fazer
de conta que ela evoluiu, se esse não foi o caso?”
[Lá vem ele com essa velha
história de “órgão vestigial”! No passado, achava-se que tivéssemos centenas
desses “órgãos vestigiais”. Hoje há poucos considerados assim. Mesmo o apêndice
se sabe que tem função, e em herbívoros como os ruminantes ele é até
indispensável. Será que não foi assim em nós também, numa época em que nossa
dieta era inteiramente vegetariana? E quanto ao dente do siso, isso revela
simplesmente que nossa arcada dentária está diminuindo, logo, no passado, ela
tinha o tamanho ideal para comportar todos os dentes. E quem disse que o
culpado por esses problemas é o Designer? E se houver outra explicação para
esses defeitos e problemas? Uma explicação histórico/teológica ignorada pelos
evolucionistas?]
“Deixo, afinal, uma pergunta para
reflexão. Qual é o Designer mais inteligente: aquele que constrói um relógio
automático, liga-o e vê, satisfeito, como cada ponteiro avança sozinho no
momento preciso para marcar o tempo, ou aquele que constrói um relógio e fica,
em sua paciência infinita, empurrando os ponteiros com o dedo a cada segundo
para mantê-lo sempre marcando a hora certa?”
[Essa é uma questão que renderia
muitas e muitas páginas de discussão e que foge ao escopo desta análise, mas
acabamos por descobrir que, além de ultradarwinista, Nogueira parece ser,
também, um deísta.]
***
Michelson Borges é jornalista
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