Em respeito à religião, hotéis e CT's se adaptam para receber Irã e Argélia – Por Bibiana Dionísio
Em respeito às tradições
islâmicas, os hotéis que irão receber os jogadores de futebol muçulmanos
durante a Copa do Mundo tiveram que se adaptar. Das 32 seleções, seis são
seguidoras do islamismo.
Em Curitiba, onde jogarão Irã e Argélia, o hotel que
irá receber os atletas separou uma sala e tapetes para orações voltados para
Meca, a cidade sagrada para o islamismo.
Quando se fala em alimentação, os
cuidados foram redobrados, em especial, na preparação das refeições. Isso
porque os muçulmanos só consomem alimentos "halal", que precisam
atender a uma série de critérios. Os utensílios da cozinha também devem estar
de acordo com a metodologia de higienização determinada pela religião.
Os argelinos estão concentrados
no Centro de Treinamento do Clube Atlético Sorocaba, localizado a 90 km da
capital paulista. Já a seleção iraniana tem como casa temporária o CT do
Corinthians. O Irã estreia na competição contra Nigéria, que também tem parte
da população muçulmana, no dia 16 de junho às 16h, na Arena da Baixada, em Curitiba.
Meses antes da chegada do elenco, entretanto, o secretário-geral do Centro Islâmico no Brasil, Nasereddin Khazraji, já trabalhava para orientar os profissionais dos hotéis e dos centros de treinamento. Khazraji prestou consultoria para as comitivas iraniana, argelina e francesa, que possui oito jogadores muçulmanos. Os outros países que seguem o islamismo e que estão na corrida pelo título mundial são Camarões, Bósnia, Nigéria e Costa do Marfin.
Meses antes da chegada do elenco, entretanto, o secretário-geral do Centro Islâmico no Brasil, Nasereddin Khazraji, já trabalhava para orientar os profissionais dos hotéis e dos centros de treinamento. Khazraji prestou consultoria para as comitivas iraniana, argelina e francesa, que possui oito jogadores muçulmanos. Os outros países que seguem o islamismo e que estão na corrida pelo título mundial são Camarões, Bósnia, Nigéria e Costa do Marfin.
“A parte principal, quando a
gente fala sobre proteína animal, é a parte da produção e do abate do animal. A
pessoa que faz o abate tem que ser muçulmano, tem que convocar o nome de Deus
no momento do abate, que tem que ser feito em direção à Meca. Além disso, o
abate deve ser feito em um único corte, com uma faca afiada, e é necessário
cortar as quatro principais vias da garganta”, explicou Nasereddin Khazraji. Ao
todo, são 13 pontos que devem ser seguidos durante o abate.
O Brasil, segundo o secretário-geral do Centro Islâmico no Brasil, é atualmente o maior exportador de carne "halal" do mundo. Grande parte das exportações vai para países islâmicos, do Oriente Médio. Porém, o país não produz em quantidade significativa para o mercado interno.
O Brasil, segundo o secretário-geral do Centro Islâmico no Brasil, é atualmente o maior exportador de carne "halal" do mundo. Grande parte das exportações vai para países islâmicos, do Oriente Médio. Porém, o país não produz em quantidade significativa para o mercado interno.
“Na França, são
quase 20 milhões de muçulmanos. Aqui no Brasil, são cerca de 1,5 milhão, então,
não existe esta demanda”. Em países europeus, mencionou Nasereddin Khazraji,
nos supermercados existem sessões inteiras dedicadas a alimentação
"halal".
O termo "halal" não é
utilizado apenas para categorizar a carne, mas também para o preparo dos
pratos. Como os muçulmanos não consomem bebidas alcóolicas, o chef não pode,
por exemplo, utilizar vinhos ou cerveja no preparo dos pratos. Também são
considerados “haram”, ou seja, proibidos, corantes, temperos a base de proteína
animal.
Khazraji destaca que 90% do
preparo giram em torno da higienização dos instrumentos. Segundo ele, qualquer
utensílio que terá contato com a carne "halal" precisa ser totalmente
higienizado com sabão, ou qualquer outro produto químico e água, que é o mais
importante.
“O último elemento que passa nos instrumentos, como tábua, faca,
mesa, máquina de lavas louças e de moer carne, é a água”, disse.
Diferentemente do abate, que
precisa ser feito por um muçulmano, o cozinheiro pode ser de qualquer religião.
De qualquer forma, Argélia e Irã trarão chefs próprios. O treinamento,
portanto, foi dado a auxiliares e demais profissionais que atuam nas cozinhas
dos hotéis e dos centros de treinamento.
Apesar da riqueza de detalhes no
abate do animal e no preparo das refeições, o resultado final, na mesa, é
simples. O cardápio das seleções iraniana e argelina já está definido e é
simples, montado em cima de opções conhecidas pelos jogadores. São arroz,
legumes, salada, uma opção de carne vermelha e outra branca, frutas, pães,
iogurte natural e chá preto.
Na bagagem das comitivas muitos temperos e
ingredientes típicos das regiões como o açafrão. “Não é nada de extraordinário.
Mas, por exemplo, na culinária iraniana tem que ter sempre o arroz e algum
caldo, alguma coisa molhadinha”, lembrou Khazraji.
Orações
O islamismo prega que os muçulmanos façam quatro orações diárias, que são rigorosamente respeitadas pelos fieis. Por isso, o hotel reservou uma sala para que os jogadores e integrantes da comitiva façam as orações. Também foram disponibilizados tapetes e já foi identificada em qual direção está Meca, já que os fies rezam em direção à cidade sagrada.
Orientações aos turistas
Será disponibilizado para os torcedores muçulmanos um guia em persa, elaborado pelo Centro Islâmico, com dicas de segurança e de mobilidade, sugestões de restaurantes (que servem comida halal), pontos turísticos e passeios, por exemplo. Neste guia, também haverá a tabela com os horários das orações e os endereços das mesquitas de cada cidade-sede.
“Nós destacamos que é preciso estar uma hora antes nos aeroportos, que é preciso prestar atenção na hora de comprar passagem porque tem lugar que tem mais de um aeroporto, como é o caso de São Paulo. Também colocamos observações legais como a proibição de compra e venda de animais”, citou Nasereddin Khazraji.
Khazraji é iraniano, tem 32 anos,
e há 20 vive no Brasil. Em meio a tantas preocupações e trabalho, a paixão pelo
futebol se destaca, afinal, o esporte é o mais popular do Irã. “A torcida está
forte, e a gente espera que o Irã possa passar, pelo menos, da primeira fase e
contamos com a torcida do Brasil”.
Fonte: http://g1.globo.com
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Ageu Lisboa