Igreja prega religião sem preconceito – Por Ferreira Junior
Parece uma igreja como outra
qualquer. Uma cruz ao fundo em lugar de destaque, um altar simples contendo a
Bíblia, espécies litúrgicas do pão e do vinho e uma tribuna para pregação.
“O
Senhor é meu pastor... Sou gay e Ele sabe, me ama e me aceita como eu sou. O
meu Deus não faz acepção de pessoas”, diz o reverendo Igor Simões, 32 anos,
fundador e líder da Igreja da Comunidade Metropolitana de Fortaleza (ICM), no
bairro Benfica.
Aos poucos, os fiéis começam a
chegar e a congregação dá início a mais uma reunião. O período do louvor
é marcado pela emoção e confraternização dos presentes, que se preparam para
ouvir a pregação da Palavra de Deus.
Todos dão as mãos e fazem uma prece, na
qual declaram que “creem em Deus, Pai de todos, que deu a terra a todos os
povos e a todos ama sem distinção.”
“Essa é a mesa da inclusão, na
qual todos são bem vindos”, declara o cofundador e líder da ICM, diácono Ed
Moreira. Ao fim, todos se abraçam e alguns beijos entre iguais são vistos aqui
e ali.
Essa é a rotina semanal da ICM,
que funciona há sete anos em Fortaleza. De acordo com Ed Moreira, no decorrer
desse tempo, mais de 500 pessoas já passaram pela comunidade, que atualmente
possui 30 membros engajados, entre homens e mulheres. A ICM também tem um
público flutuante que varia a cada reunião.
“Somos cristãos independentes e
inclusivos, sem filiação a nenhuma denominação, seja ela católica ou
evangélica”, ressalta o reverendo Igor.
Ao tratar de questões como
homossexualidade e promiscuidade, Igor diz que “a igreja faz o papel de
orientar, de mostrar o caminho correto, mas cada um dos membros é livre para
exercer a sua sexualidade da forma que achar correta. Enquanto comunidade de fé,
nosso papel é aproximar nossos membros de Deus”.
Segundo o reverendo, “a
questão de dizer que todo gay é promíscuo é estereotipar. Tem gays que nem
praticam sexo, como se pode dizer que todo gay é promíscuo? Isso é
generalizar”, ressalta.
Quando questionados sobre as
“passagens de terror” (como são chamadas as passagens que supostamente
condenariam a homossexualidade), os líderes da ICM afirmam ser “uma questão de
intenção no momento da tradução dos textos sagrados do grego antigo para o latim,
que deu origem às línguas modernas”.
Ed Moreira diz que o termo utilizado pelo
apóstolo Paulo para efeminados e sodomitas, no texto original em grego, faz
referência a práticas imorais de idolatria, quando homens deitavam com outros
homens em adoração a deuses pagãos.
Tabus
Na ICM, tabus como o sexo antes
do casamento são vistos de forma diferente das igrejas convencionais, “Desde
que não atrapalhe a cerimônia, eu não vejo nenhum mal”, brinca o reverendo Igor
Simões. “Aqui nós somos contra todo tipo de hipocrisia, nos apresentamos diante
de Deus como somos, com todas as nossas necessidades”, complementa.
Serviço
Igreja da Comunidade
Metropolitana
Onde: Rua Senador Catunda, 162.
Benfica
Quando: domingos, às 18 horas
Informações: www.icmfortaleza.tk
Fonte: http://www.opovo.com.br
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