A tolerância do intolerável – Por Flávio Henrique da Silva
A partir de algumas reflexões que
cotidianamente faço sobre a realidade que vivencio, a cada instante que se
passa fico cada vez mais intrigado e instigado a tentar compreender
determinadas atitudes, que alguns indivíduos adotam em seu dia a dia; Uma destas
atitudes que me chama atenção, é o posicionamento de intolerância perante
algumas escolhas que determinados grupos sociais tomam para si, como essência
de vida.
O sentimento de intolerância está
presente em nosso meio, de variáveis maneiras, seja intolerância por
determinados grupos políticos ou determinados grupos sociais, tais como:
comunidades ou indivíduos da cor de pele consideráveis inferiores, grupos de
indivíduos que detém de uma orientação sexual fora dos “padrões” aceitáveis por
diversos segmentos da sociedade, ou pela classe social que determinados
indivíduos se encontram.
Uma forma de intolerância que instiga o meu raso senso
crítico é há que se refere a opção religiosa que cada um escolhe para seguir,
esta forma de intolerância auxilia a camuflar uma serie de preconceitos que
grande maioria dos indivíduos que compõem a sociedade não admite ter, como
exemplo podemos usar, a aversão por aquilo que não aceitamos ser diferente de
nossos costumes e tradições.
O que estou chamando de
intolerância, permeia entre o distanciamento que se tem de outras culturas
religiosas, que a maioria das vezes não foram apresentadas nas instituições que
teoricamente deveriam formar pessoas, tais como: a família, a Igreja, a Escola,
acarretando assim um não reconhecimento do outro, ou seja, determinados
indivíduos não reconhecem que se há pessoas que detém determinadas convicções
espirituais diferentes das suas.
Se torna evidente que não
direcionei meu olhar a uma intolerância em seu sentido pleno, como poderíamos
observar em alguns períodos históricos, onde massacres de judeus e perseguições
há cristãos deram o sentido pleno de intolerância.
Alguns exemplos desta
intolerância que cito são corriqueiros em nossas vidas, exemplos como a aversão
por religiões de matrizes africanas, como o Candomblé e a Umbanda, que são
frequentemente ridicularizadas por indivíduos que estão à frente de grandes
grupos religiosos e não detém da menor informação conceitual e do
significado espiritual sobre estas religiões; Esta intolerância produzida por
pessoas que são influentes nas vidas de alguns indivíduos, acabam acarretando
uma reprodução inconsequente e consciente por parte daqueles que
acreditam fielmente na verdade absoluta que lhe foi atribuída por seus
superiores religiosos; quem de nós nunca escutou piadas como “eles fazem
macumba” ou “Os macumbeiros”, em minha visão isso é uma forma de
intolerância induzida pelos fatores que já foram aqui supracitados.
Um outro exemplo que se tornou
enormemente corriqueiro em nossas agitadas vidas se refere aos Testemunhas de
Jeová, que também são frequentemente ridicularizados por suas doutrinas de
evangelização, mas o que poucos líderes religiosos e seus fies incondicionais
sabem é que, uma das doutrinas seguidas por este grupo é que: as Testemunhas de
Jeová acreditam que todas as raças são iguais aos olhos de Deus, ou seja, qual
é o motivo de escutarmos insultos como, "pior que acordar cedo no domingo, é
acordar com um testemunha de Jeová na sua porta”.
As formas de intolerância
sofridas por determinados grupos religiosos ocorrem com uma frequência
incalculável, o que tento levantar aqui para o debate é que a intolerância
existe de maneira recíproca em grande maioria dos grupos religiosos, me
utilizei somente de dois seguimentos religiosos para exemplificar de forma
sucinta alguns modelos de intolerância; Mas poderia também exemplificar com a
não aceitação por parte de alguns evangélicos ao respeito as imagens que os
católicos detém, poderia também utilizar a intolerância que alguns católicos
tem perante a frequente e as vezes insistente contribuição financeira que os
líderes evangélicos pedem aos seus fiéis, isso sem mencionar a grande
aversão aos que seguem o espiritismo, enfim, é impossível aqui nesta pequena
observação abordar todas as formas de intolerâncias existente, o fato é que
elas existente e contribui de forma pejorativa na formação do ser humano em sua
plenitude.
Creio que é necessário um
respeito por parte de todos que seguem algum tipo de religião, pois os seres
humanos coexistem e é necessário o respeito para que possamos ter uma vida no
mínimo harmônica com os semelhantes, aceitar que alguém siga uma religião
diferente da sua não será o apocalipse mas sim o início da caminhada para o
Éden, gostaria de enfatizar que não defendo a religião A ou B, porque não sigo
nenhuma e nem pretendo ao menos agora seguir, as diferenças existem e elas
devem ser respeitadas.
(Flávio Henrique da Silva,
historiador, pós graduando em Políticas e Gestão da Educação Profissional e
Tecnológica, pelo IFG e professor na Escola Estadual Professora Judith F. Dias,
na cidade Goianira-GO - Bacflavio1@hotmail.com)
Fonte: http://www.dm.com.br
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