Prefeitura terá que incluir todas as religiões na "Quinta Gospel"
O Ministério Público do Estado de
Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio da 67ª Promotora de Justiça dos Direitos
Humanos da Comarca de Campo Grande, deu ordens à Prefeitura de Campo Grande
para incluir todas as religiões na “Quinta Gospel”.
Os requerentes foram o vereador
Eduardo Romero, a Federação dos Cultos Afro Brasileiros e Ameríndios de Mato
Grosso do Sul e o Ministério Público Estadual. A Fundação Municipal de Cultura
e Município de Campo Grande foi o requerido.
“O projeto não delimita religião,
não estamos brigando com os evangélicos, aliás, temos várias comunidades
religiosas deste segmento que visitamos nas comunidades e recebemos em nosso
gabinete”, diz o vereador Eduardo Romero.
O vereador ainda afirma que a
Fundac se posicionou contrária à solicitação de grupos espíritas e religiões de
matriz africana, de diversificar as atrações do evento. A resposta da Fundac
foi de que o evento é voltado ao público evangélico.
A promotora de Justiça de
Direitos Humanos, Jaceguara Dantas da Silva Passos, afirma que o município não
pode contemplar apenas a religião evangélica, a fim de que não haja ofensa ao
princípio da igualdade, ao direito fundamental à liberdade de religião e culto
religioso.
Como aponta o artigo 19, inciso
I, da Constituição Federal que prevê o Estado Laico e Confessional, bem como, à
honra e dignidade de todos os grupos religiosos existente na comunidade
campo-grandense.
A polêmica começou com a nomeação
da ex-vereadora Juliana Zorzo (PSC) para assumir a direção da Fundac. Zorzo
professa a religião cristã evangélica, assim como o prefeito Gilmar Olarte
(PP). E ganhou uma proporção maior com o veto à apresentação da cantora Rita
Ribeiro que apresenta o projeto “Tecnomacumba”, lançado em 2009.
Em ofício encaminhado ao
presidente da Tenda de Umbanda Pai Joaquim de Angola, Elson Borges dos Santos,
Zorzo argumentou que a lei reconhece como manifestação cultural as músicas e
eventos gospel evangélico.
O documento segue com a
explicação, elaborado pela diretora da da Fundac, sobre o termo gospel, que
está diretamente ligado aos protestantes. A promotora emitiu uma
recomendação em que pede o fim da discriminação nas apresentações culturais da
“Quinta Gospel” e ainda pede que a Prefeitura se abstenha de interpretar a Lei
Municipal 5.092/2012.
Para justificar o pedido,
Jaceguara também considerou que o Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos em vigor no Brasil a partir de 1992 mediante o Decreto nº 592, de 6
de julho de 1992, dispõe em seu artigo 18, item 1 que “toda pessoa terá direito
a liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito implicará
a liberdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a
liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente,
tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de ritos, de
práticas e do ensino”.
Caso a prefeitura mantenha o veto
à apresentação de outras religiões, o Ministério Público poderá entrar com ação na
Justiça para obrigar a Fundac a patrocinar as apresentações culturais que não
sejam apenas evangélicas.
Fonte: http://www.acritica.net
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