Construção de novos templos religiosos gera polêmica em Moscou – Por Andrei Mélnikov
Em Moscou, convivem muitas
confissões religiosas. No entanto, o número de templos religiosos não é
proporcional ao número de crentes de uma ou outra religião.
Na capital russa,
surgem movimentos de protesto contra a construção de novas igrejas ortodoxas, templos
budistas e muçulmanos.
Em 2011, o governo de Moscou
iniciou um programa de construção de 200 igrejas ortodoxas na capital. Agora, o
governo planeja dobrar esse número e construir 180 novas igrejas em Nóvaia
Moskva (território da região de Moscou recentemente anexado à capital russa).
O diretor do programa e
conselheiro do prefeito de Moscou e do Patriarca da Igreja Ortodoxa, Vladímir
Résin, disse à Gazeta Russa que o programa é voluntário. “É
realizado somente com doações e é totalmente dependente da demanda dos
moradores", disse Résin.
“O Patriarca acha que na capital
faltam pelo menos 200 igrejas ortodoxas. Kirill não é apenas o chefe da Igreja
Ortodoxa, mas também o bispo da cidade de Moscou. O Patriarca afirma que, entre
todas as unidades da Federação, Moscou ocupa a última posição em número de
igrejas por pessoa", diz Vladímir Viguiliánski, secretário do Patriarca
Kirill.
Movimentos anticlericais
moscovitas se manifestaram contra as igrejas ortodoxas. Mas os protestos contra
as construções não foram muito bem-sucedidos. O governo de Moscou concordou em
rever alguns projetos, mas em geral o programa continua até hoje.
Muçulmanos
Os muçulmanos também expressam
sua insatisfação, porque em Moscou existem apenas quatro mesquitas. A maior
delas ainda está em construção.
"A Rússia é um país
multiétnico e abriga diversas religiões, e representantes de todas as religiões
precisam de templos na capital", disse à agência Lenta.ru o mufti de
Moscou e da região Central, Albir Krganov.
De acordo com ele, faltam cinco
pequenas mesquitas na capital. “Essa falta é sentida durante as orações de
sexta-feira: apenas 10 mil pessoas podem entrar nas quatro mesquitas da cidade,
enquanto outros 15 mil a 20 mil muçulmanos são obrigados a rezar na rua”, diz.
Os representantes de outra
religião tradicional da Rússia, o budismo, não têm na capital um único templo.
No entanto, de acordo com o presidente do Centro Budista Três Jóias, Tatiana
Odushpaial, no final de agosto, começou a construção de dois templos no oeste e
no norte da capital russa. As áreas para a construção foram escolhidas pela
Comissão de Planejamento Urbano e de Terras de Moscou.
Protestos de ortodoxos
Já ativistas ortodoxos se
manifestam contra a construção de novos templos budistas e muçulmanos.
A onda de protestos contra a construção
de novas mesquitas começou em 2010, com manifestações dos trabalhadores da
indústria têxtil no sudeste de Moscou. Os manifestantes expressaram sua
insatisfação com os planos de construção de um centro religioso do Islã no
distrito.
Em 2012, quando apareceram os
primeiros rumores sobre uma mesquita ser erguida no distrito de Mítino, no
norte de Moscou, as pessoas saíram às ruas de novo.
"No momento, o número de
mesquitas atende às necessidades dos residentes permanentes na cidade, não há
necessidade de construir novas", diz Résin. Essa posição corresponde à do
governo de Moscou, que acredita que a maioria dos crentes que frequentam
mesquitas durante os principais feriados muçulmanos não é de moscovitas, mas de
imigrantes.
Em 2012, os moscovitas também
saíram às ruas para se manifestar contra a construção de um templo budista
no distrito de Otrádnoie.
Os manifestantes afirmaram que a coexistência de
budistas com cristãos, muçulmanos e judeus poderia provocar confrontos
interrreligiosos e agravaria os engarrafamentos nas ruas.
Fonte: http://br.rbth.com
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