Debate RJ: corrupção e religião são armas dos candidatos - Por Juliana Prado
O debate entre os candidatos ao
governo do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella
(PRB), na noite da quinta-feira, 09/10, foi marcada por ataques mútuos.
De um
lado, o atual governador peemedebista lembrou, em várias ocasiões, “os aliados”
recém-conquistados por seu adversário, em referência ao candidato derrotado
Anthony Garotinho.
Como arma para desconstruir o
adversário, Pezão expôs também as ligações de Crivella com a Igreja Universal
do Reino de Deus (IURD) e o bispo Edir Macedo.
Já o concorrente do PRB citou,
repetidamente, denúncias de corrupção que envolveram a campanha de Pezão e,
principalmente, do seu antecessor e padrinho político, Sérgio Cabral (PMDB).
Pezão chegou a chamar a Universal
de “organização”: “Muito triste, senador, o senhor falar que sua campanha não
tem recursos”, disse.
“A gente sabe o que sua organização, a Igreja Universal,
faz durante toda a campanha eleitoral. Como usaram a Universal, que virou
partido político que escolhe qual candidato quer eleger”.
Escalado para fazer uma pergunta
em seguida a seu próprio comentário, Pezão emendou com outro ataque: “Como o
senhor vai fazer seus programas sociais? Vai ser o Garotinho ou o bispo Edir
Macedo que vai produzir?” A resposta veio irônica:
“Pezão, Pezão.... (pausa)
minha mãe não vai mais apreciar aquele bom moço, humilde, modesto, que
apresentava seu pai e sua mãe (no programa de TV). Garotinho foi quem trouxe
você para cá, seu amigo que te orientou e te estendeu a mão”.
Ainda na sua resposta, Crivella
disse que o adversário esteve com ele na inauguração do Templo de Salomão ao
lado do mesmo Edir Macedo que criticava com veemência agora. “Você foi tão
cordial com o bispo Macedo”, ironizou.
“Não vai ser por aí que você vai ganhar
eleição. Conversa com seu marqueteiro porque isso não vai dar resultado. Nunca
misturei política com religião”, voltou a se defender o bispo licenciado da
IURD.
O senador do PRB afirmou, como já
havia feito em entrevista antes do debate, que o problema não é a união de
política com religião, mas sim da “política com corrupção”.
Crivella disparou
contra o PMDB: “o problema do PMDB é sua cúpula, que se envolveu em escândalos
absurdos, como esse da Petrobras. O partido até que não é de todo ruim não”.
Na sua réplica, Pezão não
aliviou. Ao falar ainda de programas sociais, disse que o programa Renda
Melhor, do governo, não tem intermediário: “não tem padre, não tem pastor, não
tem governador, vice-governador, é direto para o bolso do cidadão na parceria
com o Bolsa Família”.
O governador também atacou as nomeações que teriam sido
feitas por Crivella, quando ele era ministro da Pesca do governo Dilma. “É um
risco a gente ter uma proposta de um candidato que, quando foi nomear os chefes
de repartição em cada estado, botou um membro da Universal”.
A resposta veio irônica,
novamente: “Eu acho que tem que levar o Pezão para o divã. O candidato sou eu,
Pezão, não é a igreja”. Mais à frente, voltou a falar de corrupção: “O
que há na cúpula do PMDB, na cúpula que você serve, é algo muito mais sério que
o risco de misturar política com religião”.
‘Recursos escondidos’
Crivella também lembrou as
denúncias de propaganda irregular contra o adversário, feitas pela Procuradoria
Eleitoral ao longo de toda a campanha.
“Foram denúncias de abuso de poder
econômico, abuso de poder político. Você não tem medo, se eleito, de perder o
mandato?” Pezão afirmou que respeita as ações da Procuradoria, mas que a
democracia lhe dava o direito de defesa.
E contra-atacou, mirando
novamente os aliados de Crivella: “É muito melhor ser assim, transparente, do
que ter outros apoios, outros recursos escondidos, que a gente não sabe de onde
vem”.
Até chegar aos momentos mais
acalorados do confronto, os concorrentes ao Palácio Guanabara tentaram, sem
muito sucesso, discutir algumas propostas para transporte, saúde e
segurança pública.
Crivella tentava, a todo custo, desconstruir as ações do
atual governador. Este, ao menor sinal de ataque, defendia seu mandato, mas
caía sempre nos ataques aos novos aliados do candidato do PRB.
Ao ouvir de Pezão que iria tocar
várias programas de melhorias em metrôs, trens e barcas, Crivella criticou:
“Esse discurso de ‘nós vamos’ é meu, Pezão. Você tem que falar é do que você
fez, e não do que vai fazer”. Pezão insistiu mostrando programas em andamento,
de reformas de estações e aumento no número de trens e metrôs.
A implantação das Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs) também foi alvo de embate. Depois de defender os
investimentos de seu governo no setor, Pezão disse que, “por 30 anos o crime
foi colocado para debaixo do tapete no Rio”.
No seu comentário, Crivella
admitiu que houve avanços na UPP, mas que o governo atual “sabotou a UPP com
sua ambição eleitoral, com seu desespero pelo voto”, o que teria levado à
implantação de unidades sem planejamento.
Fonte: http://noticias.terra.com.br
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