O que é o Estado Islâmico e será possível resistir-lhe? – Por Amru Omran
A coalizão ocidental e alguns
países árabes que se juntaram a ela continuam aplicando novos golpes contra o
Estado Islâmico (EI).
No entanto, não nenhuma certeza sobre o resultado desta
batalha.
Muitos peritos duvidam que a
ideologia do Estado Islâmico possa ser derrotada por ataques militares. Por que
essa ideologia é tão tenaz e encontra tão facilmente novos seguidores?
O correspondente da Voz da Rússia
fez estas perguntas ao funcionário da mais antiga no mundo Universidade
islâmica de Al-Azhar no Cairo e ao ideólogo do conhecido no passado grupo
radical Al-Gama'a al-Islamiyya.
Eis a opinião do assessor para
assuntos exteriores do xeque de Al-Azhar, Mohamed Mahanna:
“As causas do surgimento de
extremismo são diferentes. Em primeiro lugar, o extremismo nasce quando a
religião é misturada com política. Onde há uma luta por poder em nome da
religião, surge extremismo. O extremismo também pode surgir como resultado da
falta de cultura de tolerância para as opiniões dos outros, que é a base do
conceito islâmico. Deus criou as pessoas diferentes, por isso quem não entende
essa constante, não entende a verdade do Islã.
Claro que existem ainda fatores
econômicos. Muitos extremistas aproveitam a pobreza das pessoas e a difícil
situação econômica para levar a cabo fins políticos.
E nas condições atuais, o
terrorismo, além de tudo, torna-se uma arma dos serviços especiais e um
instrumento para influenciar as relações entre os estados. O Ocidente sempre
usou de bom grado o método de criação de uma imagem de inimigo, mesmo dentro de
seu próprio sistema. Nos últimos três séculos, o Ocidente estava
permanentemente num estado de guerra, pois seu sistema econômico é baseado na
expansão de mercados.
Após a Segunda Guerra Mundial, o
Ocidente estava lutando com a URSS. Após o colapso da União Soviética foi
criado um novo inimigo: o Islã. Começou uma guerra da mídia ocidental contra a
religião, floresceu abundantemente a islamofobia disfarçada e aberta. E agora
também há uma guerra contra o Islã, inclusive pelas mãos daqueles que estão
supostamente agindo em nome do Islã, mas na verdade se desviaram longe dele.
Como resultado, o extremismo mantido artificialmente serve ao projeto geral de
fragmentação do mundo islâmico e árabe".
O antigo ideólogo do grupo
Al-Gama'a al-Islamiyya, conhecido nos anos 80-90 do século passado, Nageh
Ibrahim, acredita que a guerra contra o extremismo pode ser vencida:
“Armas são inúteis contra membros
do EI. Pode-se matar todos os membros de alguma organização terrorista, mas a
ideia permanecerá. Por exemplo, a Al-Qaeda perdeu em alguns lugares, mas suas
ideias permaneceram, mesmo nas páginas da Internet.
Tudo começa com uma ideia. É
preciso remover todos os fatores que poderiam contribuir para o desenvolvimento
de tais ideias destrutivas. De tais fatores como, por exemplo, a luta política
constante no mundo árabe, a ausência do papel do estado, como no Afeganistão, a
estagnação econômica e política, a falta de justiça social.
É ainda muito importante entender
que quanto maior tolerância uma pessoa mostrar para com a diversidade
ideológica, religiosa e política, mais forte ela adere às ideias do Islã. O
Islã afirma a diversidade, contra a qual, justamente, são os radicais.
Islamistas radicais acreditam que existem apenas dois partidos: o partido de
Deus e o partido de Satã. De que lado estão eles, como eles próprios acreditam,
é evidente.
Nós necessitamos muito agora de
conversa, de diálogo, de comunicação ao vivo e não através de telas de
televisão. Pois a visão distorcida do mundo penetra nas cabeças daqueles que
antes não tinham nenhuma visão do mundo, quem não tem nenhuma informação. Só
assim se pode lutar contra a ideologia do EI”.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru
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