Alerta máximo para o dia do “martírio” no Iraque
Milhares de peregrinos celebram
nesta terça-feira o Ashura em Kerbala, cidade sagrada do xiismo.
A ameaça dos
radicais sunitas do Estado Islâmico levou ao reforço das medidas de segurança.
As forças
iraquianas estão em estado de alerta máximo na região de Bagdad com o objectivo
de evitar atentados e ataques dos jihadistas sunitas do Estado Islâmico (EI)
contra os milhares de fiéis xiitas que são esperados para o dia da Ashura.
O
centro das celebrações é Kerbala, cidade sagrada do xiismo, situada a pouco
mais de cem quilómetros a sul da capital iraquiana.
O Governo iraquiano mobilizou
milhares de polícias e soldados para Bagdad e para a estrada que liga a capital
a Kerbala. É aqui que são esperados centenas de milhares de peregrinos para as
celebrações da Ashura, marcadas para terça-feira, que comemoram o “martírio” de
Hussein, uma das figuras mais veneradas do xiismo, que está sepultado em
Kerbala.
Desde sábado, “um plano de
segurança foi activado para garantir a segurança dos peregrinos e as nossas
forças estão em estado de alerta máximo”, disse à AFP um coronel da polícia.
Em Bagdad, há ruas e bairros
fechados nas principais zonas xiitas da cidade, com medidas excepcionais de
segurança em Sadr City, o bastião xiita da cidade.
Para Kerbala foram mobilizados 26
mil agentes das forças de segurança e helicópteros para vigiarem de perto os
arredores e as entradas na cidade.
Todas as pessoas que entrarem na cidade vão
ter de passar por controlos de segurança e um contingente de 1500 mulheres
polícias vão supervisionar a passagem das peregrinas.
Nos últimos dias, os atentados
contra peregrinos multiplicaram-se, provocando dezenas de mortos. “O perigo é
maior do que nos anos anteriores. Antes havia terrorismo, mas nunca chegou a
estes níveis”, diz um responsável da polícia, referindo-se aos radicais do EI
que, desde de Junho, controlam vastas parcelas de território no Iraque e na
Síria.
Massacre de sunitas
Para além da multiplicação dos
atentados antixiitas, o Estado Islâmico (EI) voltou a demonstrar o seu
extremismo e crueldade, executando centenas de membros de uma tribo igualmente
sunita, mas que decidiu fazer frente aos jihadistas.
Na província ocidental de Anbar,
que se estende de Bagdad até à fronteira síria e é controlada em grande parte
pelos jihadistas, os homens do EI executaram nos últimos dias mais de 200
membros da tribo albounimer, que, embora sendo sunita, se juntou às forças
iraquianas para combater os extremistas.
O balanço destas execuções
punitivas varia entre 200 e quase 400 mortos, segundo diversas fontes, sendo
impossível verificar os números. Um coronel da polícia falou em mais de 200
mortos, um responsável local contou 258, o Ministério dos Direitos Humanos referiu
322 e um chefe tribal colocou a fasquia nas 381 vítimas mortais.
Imagens que se julgam ter sido
filmadas imediatamente após uma destas execuções mostram os corpos de três
dezenas de homens ao longo de uma rua com poças de sangue no chão, sob o olhar
silencioso de crianças e adolescentes.
Acusado de crimes contra a
humanidade, o EI é responsável por diversos tipos de atrocidades, violações,
raptos, execuções sumárias, crucificações, limpeza étnica, nas regiões que
conquistou no Iraque e na Síria e onde proclamou um “califado” em Junho.
Fonte: http://www.publico.pt
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