Dilma recebe de Frei Betto e Boff carta com demandas de movimentos sociais
Na companhia de outras lideranças
ligadas à Teologia da Libertação, dominicanos levam documento com
reivindicações políticas, econômicas, sociais e ambientais, e reforçam
necessidade de diálogo.
O escritor Frei Betto e o teólogo
Leonardo Boff reuniram-se na quarta-feira (26/11) com a presidenta Dilma
Rousseff, em Brasília, para levar reivindicações dos movimentos sociais. Ambos
estavam acompanhados de integrantes do grupo Emaús, que congrega lideranças
ligadas à Teologia da Libertação, corrente católica que deu origem às
comunidades de base e que aproximou a igreja de movimentos progressistas da
sociedade.
O
documento, O Brasil que Queremos, contém reivindicações que passam por
temas políticos, econômicos, sociais e ambientais. A reforma política é a
questão mais urgente, segundo Frei Betto.
Em seu comentário na Rádio
Brasil Atual hoje (28/11), ele fala sobre o apelo por um modelo econômico
mais social e popular, a auditoria da dívida pública, maior rigor com a
proteção ambiental e a busca de energias renováveis, defesa do direito dos
povos indígenas e quilombolas. E reforça a importância da democratização dos
meios de comunicação, entre outros pontos.
Frei Betto chamou a atenção da
presidenta para uma reforma do sistema penitenciário, que conta, hoje, com
cerca de 550 mil prisioneiros, a maioria de origem pobre, sem acesso a
advogados, desprovidas de educação escolar.
“Nossa prisões servem apenas de
depósitos. Não reeducam. Não são utilizadas, por exemplo, como oficinas de
qualificação profissional, o que dificulta, pois, essas pessoas acabam fazendo
da prisão uma escola de banditismo”, afirmou.
Sobre a democratização dos meios
de comunicação, diz que e movimentos sociais também têm o direito às suas
rádios, sem que Polícia Federal as trate como se fossem emissoras piratas.
O grupo cobrou um diálogo
permanente do Executivo com os movimentos sociais, em especial com os jovens.
Dilma informou que se reunirá com movimentos da juventude na próxima semana.
“Fiquei com a impressão de que a
presidenta não dispõe de muitos interlocutores críticos”, conclui Frei Betto,
ressaltando que essa é uma lógica inerente ao poder, quando os mandatários se
encontram rodeados por aqueles que apenas a elogiam, o que pode levá-la a ficar
desinformada quanto a avaliações críticas que também são importantes. "Mas
ela reafirmou a disposição ao diálogo", concluiu.
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