Religiões se dividem ao comemorar o natal
Diferentemente dos católicos, os
seguidores de outras religiões não comemoram o nascimento de Jesus Cristo nos
dias 24 e 25 de dezembro.
Muçulmanos, judeus e budistas não celebram a data.
Segundo representantes religiosos do ABC, as demais religiões não reconhecem no
nascimento ou na morte de profetas motivo de comemoração.
No judaísmo, segundo a Associação
Israelita de Santo André, não é comemorado o Natal. Entre as principais
tradições judaicas está o Shabat, dia sagrado durante a semana quando os
israelitas não trabalham e se dedicam apenas às ações religiosas.
"Como
Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, nossa ideia é, uma vez
por semana, se desconectar do mundo e se dedicar ao espiritual, no
sábado", explica o rabino Yosef Tawil.
Com significado diferente, a
Páscoa judaica recebe o nome de Pessach e relembra a passagem do povo judeu
pelo Mar Vermelho, depois de ser libertado da escravidão no Egito. A celebração
dura uma semana.
"Nessa data, comemoramos o nascimento do povo judeu. Então,
nos tornamos os escolhidos por Deus para levar luz às nações, que significa dar
exemplo de boa conduta moral e ética", afirma o rabino.
Entre as principais datas
comemorativas judaicas estão o Yom Kippur (Dia do Perdão) e Rosh Hashaná
(Ano-Novo), ambos em setembro.
Os budistas também não comemoram
o nascimento de Jesus. Segundo a associada budista da BSGI (Brasil Sokagakkai
Internacional), Silvana Vicente, algumas famílias comemoram pelo convívio com a
cultura brasileira.
"Uma das premissas da cultura budista é a
inseparabilidade da pessoa e seu ambiente. Então temos que respeitar a cultura
local", explica. Já para o Ano Novo, a importância da religião budista
aumenta.
"O Ano Novo é muito importante porque é o momento que dá a
partida para uma nova fase, quando se renovam objetivos e traçam metas",
afirma Silvana.
Evangélicos
Assim como os católicos, os
evangélicos também comemoram o nascimento de Jesus Cristo na passagem do dia 24
para o dia 25 de dezembro. Segundo o pastor Gilberto Ciarolo, os evangélicos
fazem um culto comemorativo com peças teatrais.
"Estamos bastante
alinhados com a comemoração católica. A única diferença é que não temos o
presépio", afirma. Ciarolo conta que os evangélicos oram, cantam o hino e
fazem a ceia, tudo dentro de casa.
O Ano Novo também é comemorado pelos
evangélicos. Porém, passam a virada na igreja fazendo orações e cada família
leva a sua ceia e a refeição é feita dentro da igreja.
"Comemoro, mas por causa da
família", diz filha de muçulmano
Os muçulmanos também não comemoram
o Natal. Segundo o sheik Juma Momade, do Centro de Divulgação do Islam para a
América Latina (CDIAL), localizado em São Bernardo, a religião muçulmana não
comemora nenhum tipo de nascimento ou morte de profetas.
"Respeitamos
todos os profetas, mas não celebramos o nascimento ou a morte deles",
afirma.
Yasmim Bahjat Ayache é
descendente de muçulmanos, e seu pai segue rigorosamente os costumes. Sua mãe é
brasileira, então Yasmim também segue hábitos fora da religião islâmica. A
estudante afirma que acompanha alguns costumes, mas que pode optar por outras
opções.
"Eu acabo comemorando o Natal por causa da família da minha mãe.
Fazemos um jantar em casa e ficamos juntos, mas a família tradicional muçulmana
não comemora nada. É um dia como todos os outros", explica.
Na religião islâmica existem
apenas duas comemorações anuais. Segundo o sheik, no mês 9 do calendário lunar,
aproximadamente entre julho e agosto do nosso calendário, se comemora o Eid
Al-Fitr. É uma celebração que marca o fim do jejum do Ramadã.
Durante o mês do Ramadã os
muçulmanos devem abster-se de fumar, comer, beber, ter relações sexuais desde
antes do nascer do dia até ao anoitecer.
O festival do Eid al-Fitr celebra o
fim deste jejum, bem como a força que os muçulmanos acreditam ter recebido de
Allah para poderem executá-lo.
À semelhança de outras celebrações muçulmanas
inicia-se como o registro visual da Lua Nova. O festival é assinalado com uma
oração comunal no meio da manhã, geralmente realizada em praças ou recintos de
feiras, uma vez que as mesquitas não possuem espaço para tantas pessoas.
Outra comemoração é o Eid
Al-Adha, dois meses após o fim do jejum do Ramadã. É um festival muçulmano que
sucede a peregrinação a Meca. No Eid al-Adha são feitos a troca de presentes e
o sacrifício de animais, com a carne é dividida com familiares e os pobres.
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