Vaticano encontra milhões de euros 'escondidos' em contas de departamentos da Santa Sé
O ministro da Fazenda do Vaticano
revelou que centenas de milhões de euros foram encontrados
"escondidos" em contas de vários departamentos da Santa Sé sem terem
aparecido nos balanços da cidade-Estado.
Em um artigo na edição da revista
britânica "Catholic Herald" que será publicada nesta sexta-feira, o
cardeal australiano George Pell escreveu que a descoberta significa que as
finanças em geral do Vaticano estão em melhor estado do que se acreditava.
“De fato, descobrimos que a
situação é muito mais saudável do que parecia, porque algumas centenas de
milhões de euros estavam escondidas em contas particulares seccionais e não
apareceram na folha de balanço”, escreveu.
“É importante enfatizar que o
Vaticano não está quebrado... a Santa Sé está mantendo seus pagamentos e possui
bens e investimentos substanciais”, afirmou Pell, de acordo com uma prévia do
texto disponibilizada nesta quinta-feira.
Pell não insinuou nenhum
malfeito, mas disse que durante muito tempo os departamentos do Vaticano
tiveram “liberdade quase total” com suas finanças e que seguiram “padrões há
muito estabelecidos” na administração de seus assuntos.
“Muito poucos ficaram tentados a
contar ao mundo o que estava acontecendo, a não ser quando precisavam de uma
ajuda adicional”, afirmou, destacando o outrora poderoso Secretariado de Estado
como um departamento que protegia sua independência de maneira especialmente
ciumenta.
“Era impossível para qualquer um
saber precisamente o que estava acontecendo de forma geral”, disse Pell, chefe
do novo Secretariado para a Economia, que é independente do hoje rebaixado
Secretariado de Estado.
Pell é um forasteiro do mundo de
língua inglesa transferido pelo papa Francisco de Sydney para Roma para supervisionar
as muitas vezes nebulosas finanças do Vaticano depois de décadas de controle
nas mãos de italianos.
O escritório de Pell enviou uma
carta a todos os departamentos do Vaticano no mês passado tratando das mudanças
na ética econômica e na prestação de contas.
A partir de 1º de janeiro, cada
departamento terá que adotar “políticas administrativas confiáveis e
eficientes” e preparar informações financeiras e relatórios que obedeçam
padrões internacionais de contabilidade.
As declarações financeiras de
cada departamento serão analisadas por uma grande empresa de auditoria
internacional, diz a carta.
Desde a eleição de Francisco em
março de 2013, o Vaticano adotou grandes reformas para aderir a padrões
financeiros internacionais e evitar a lavagem de dinheiro, e fechou muitas
contas suspeitas em seu banco, assolado por escândalos.
Em seu artigo, Pell afirma que as
reformas estão “bem encaminhadas e já passaram do ponto no qual o Vaticano
poderia voltar aos 'maus e velhos dias'".
Fonte: http://oglobo.globo.com
Comentários