“Muçulmanos podem emigrar para outros países”


O Imã da mesquita de Lisboa, Sheik Munir, condenou o ataque terrorista à redação do jornal Charlie Hebdo, que considerou um “desrespeito pela vida”.

O imã da mesquita de Lisboa, Sheik Munir, considera que os indivíduos que usam a religião islâmica para cometer atentados como os da quarta-feira em Paris, são “ignorantes” e “perturbados”.

Em declarações à TVI, Sheik Munir, condenou o ataque à redação do Charlie Hebdo, que fez 12 mortos, o qual considerou um “desrespeito pela vida”, que não corresponde às normas do islão. 

“Se a pessoa está inserida na sociedade tem de respeitar as leis e as normas, por isso não é a massacrando pessoas inocentes que se vinga [o profeta]. O islão não é uma religião vingativa. (...) Foi um desrespeito pela vida, que é sagrada e também utilizar uma religião que transmite paz e boa convivência (...) é absurdo. Só demonstra uma certa ignorância, [aliás] são mesmo ignorantes, são pessoas perturbadas e que foram mal informadas”, disse. 

Em declarações à agência Lusa, Munir vai mais longe e insta os muçulmanos que não se identificam com os ideais de um país, para não o escolherem como lugar para viver. 

"Se um muçulmano, vivendo num país, não se sente bem porque não é de acordo com os seus ideais, ele tem uma solução: emigra para um outro país onde se possa sentir mais à vontade", disse Sheik Munir. 

“Aquele atentado não tem nada que ver com o Islão. A mensagem do Islão não é o que meia dúzia de pessoas fazem, denegrindo ainda mais a imagem do Islão. Essas pessoas desconhecem o Islão, emocionam-se facilmente e fazem coisas: atos bárbaros que violam a liberdade. Violam o espírito do Islão com muita facilidade”, afirmou. 

“No caso concreto da comunidade islâmica portuguesa, como qualquer comunidade, nós vemos com alguma preocupação e algum receio estes acontecimentos, porque o Islão transmite a paz” sublinha o líder da comunidade islâmica.

Sheik Munir acrescentou que o Islão promove a convivência e o respeito pelas outras culturas e religiões. 

“Tem de haver respeito. Eu só poderei ser respeitado se respeitar e isto é muito importante. As pessoas que não consigam fazer isso devem ser desequilibradas, de certeza”, disse o imã da mesquita de Lisboa, mostrando-se preocupado com os ataques contra locais de culto islâmicos que se registaram hoje em França. 

“Estas reações não são benéficas para uma sociedade que queira viver em paz. Todos os muçulmanos condenaram estes atos que aconteceram ontem, frontalmente, com muita transparência e muito diretamente e, portanto, eu acho que todos nós estamos consternados mas não é fazendo explosões ou atentados nas mesquitas ou nos lugares de culto que iremos resolver o nosso problema”, disse Sheik Munir apelando à calma. 

“As pessoas têm de ser mais serenas porque isto afeta todos nós. Não afeta apenas os não muçulmanos, afeta também os muçulmanos e nós somos afetados”, concluiu. 


Locais de culto muçulmano foram alvo nas últimas horas de atos criminosos que não causaram vítimas em três cidades de França, anunciaram fontes judiciais um dia depois do ataque contra o jornal satírico Charlie Hebdo. 

Em Mans (oeste), foram lançadas três granadas de exercício e foi feito pelo menos um disparo contra uma mesquita num bairro popular pouco depois da meia-noite.

Em Port-La-Nouvelle (sul), foram disparados vários tiros contra uma sala de oração muçulmana durante a noite, cerca de uma hora depois do fim da oração.



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