Desenhista Lars Vilks ataca religião em todas as formas
Presumível alvo do atentado em
Copenhague, sueco tem cabeça colocada a prêmio pela Al Qaeda desde a publicação
de desenhos de cão com cabeça de Maomé. Mas Vilks tampouco poupa judeus ou a
Igreja Católica.
Lars Vilks tem nervos fortes.
Quando, em setembro de 2007, a Al Qaeda colocou sua cabeça a prêmio, por 150 mil
dólares, o professor de arte sueco, que estava visitando a mostra: Documenta na
cidade alemã de Kassel, comentou secamente: "Com a cotação do dólar como
está, o que é que vai dar para comprar com o preço da minha cabeça?"
O motivo das ameaças fora a divulgação
de desenhos seus que mostravam uma criatura com corpo de cão e a cabeça do
profeta islâmico Maomé. Sua intenção, explicara na época, era chamar a atenção
para a "reserva artificial" dos artistas diante de tabus religiosos.
Também o tabloide satírico
francês Charlie Hebdo, cuja redação sofreu um atentado em 7 de janeiro
deste ano, em que 12 pessoas morreram, publicou os desenhos de Vilks. A
decisão resultou em protestos no mundo islâmico, embora nem de longe tão
violentos quanto os de 2007, quando o jornal Jyllands-Posten estampou uma
série de caricaturas de Maomé, da autoria do cartunista dinamarquês Kurt
Westergaard.
Em questão de religião, o sueco
Vilks provoca em todas as direções. Quando críticos do "cão-Maomé"
afirmaram que ele não seria capaz de publicar, por exemplo, o desenho de um
"porco judeu", foi exatamente isso o que fez. Da mesma forma, castiga
verbalmente, em numerosos debates, o que descreve como a repressão da liberdade
artística na Polônia pela Igreja Católica.
Sob proteção policial desde 2010
Alvo de extremistas por diversas
vezes, Lars Vilks se encontra sob proteção policial desde 2010. Em maio daquele
ano dois homens jogaram garrafas de gasolina através de uma janela de sua
residência. Mais tarde, foi agredido por um espectador e levemente ferido, durante
uma aula na Universidade de Uppsala ele.
"Eu recebo o tempo todo
ameaças por e-mail e telefone", revelou o provocador convicto numa
entrevista. Uma dessas mensagens eletrônicas lhe chegou pouco antes de um
atentado terrorista frustrado em Estocolmo.
Em dezembro de 2010, um
homem-bomba se detonou em meio a uma movimentada zona de comércio na capital
sueca: quase que por milagre ninguém mais perdeu a vida. O e-mail enviado ao
desenhista condenava tanto a mobilização militar do país no Afeganistão, quanto
o silêncio do povo sueco em relação aos desenhos blasfemos de Vilks.
Em janeiro de 2014, a americana
convertida ao islã Colleen LaRose, conhecida como "Jihad Jane" foi
condenada a dez anos de prisão por, juntamente com outros fundamentalistas,
planejar o assassinato de Vilks. A terrorista chegara a viajar para a Europa em
2008 para esse fim, mas o encontro planejado com os mentores da conspiração
nunca se realizou.
Atentado em debate sobre
liberdade de opinião
O atual estado das investigações
indica que o desenhista era o alvo do atentado a tiros de 14 de janeiro de
2015, em Copenhague, em que um homem morreu e três policiais ficaram feridos.
Ele participava de um debate no
café e centro cultural Krudttønden, tendo como tema: "Arte, blasfêmia e
liberdade de opinião", com a presença do embaixador francês François
Zimeray. Protegido por guarda-costas, também dessa vez Vilks escapou ileso.
Como artista, Lars Vilks é mais
conhecido pela gigantesca instalação Nimis, feita com madeira encontrada à
deriva, na península Kullaberg, sul da Suécia. O alemão Joseph Beuys
(1921-1986) comprou a escultura em 1986, em solidariedade com o radical colega
sueco. Mais tarde, Nimis passou para as mãos do
"artista-empacotador" búlgaro Christo.
Fonte: http://www.dw.de
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