Islamismo radical se prolifera nas mesquitas francesas, afirma Le Figaro
O jornal Le Figaro traz
um alerta para a sociedade francesa em sua edição da sexta-feira (20/02): o
Islã radical cresce nas mesquitas e locais de culto muçulmanos.
Depois de se
implantar nas periferias das grandes cidades, o extremismo religioso avança
também pelo interior da França, revela o jornal. Grupos salafistas, que têm uma
interpretação mais rigorosa do Alcorão, estão se espalhando por todo o país e
tentam aumentar sua influência nos locais de culto muçulmano, denuncia Le
Figaro.
Na extensa reportagem, o diário
conservador cita um estudo do ministério do Interior que identificou 89 mesquitas
ou locais de orações que já são controlados por fundamentalistas Ou seja, o
número mais do que dobrou em quatro anos.
Em 2010, os radicais islâmicos
dominavam 44 locais de culto, segundo o governo. Esse balanço alarmante tende a
se agravar, segundo Le Figaro, com a expansão dos locais de cultos das
periferias dos grandes centros rumo às pequenas cidades.
"O espectro de um verdadeiro
contágio radical plana sobre as mesquitas da França", assegura o jornal. O
artigo afirma que os fundamentalistas estão expulsando dos locais de oração os
imãs (líderes religiosos muçulmanos) que pregam um islamismo moderado. Eles são
chamados de "ateus" pelos salafistas que lançaram uma vasta campanha
subterrânea para conquistar os locais de culto considerados "mais
frágeis".
O Le Figaro relatou a
estratégia adotada pelos fundamentalistas: eles se aproximam das mesquitas e
locais de culto que adotam como alvo e instalam uma sala de oração ou uma
escola ultra ortodoxa. Normalmente, os salafistas usam jovens de boa aparência
que são orientados por advogados.
A tática visa seduzir os fiéis
mais vulneráveis e jovens, criticar a administração das mesquitas para
desestabilizar os líderes e criar o ambiente para assumir o controle do local.
Viveiros para jihadistas
Segundo Le Figaro, cerca de
72% das 2.502 mesquitas ou salas de oração na França são administradas por
associações religiosas, o que facilitaria a estratégia.
Apesar dos salafistas declararem
sua oposição ao jihad, termo empregado para estimular os muçulmanos a
promoverem "guerras santa" para disseminar a fé e defender
territórios islâmicos, os locais controlados por essa corrente radical criam
verdadeiros "viveiros" para a formação de jihadistas, analisa do
diário.
Um especialista do ministério do
Interior explica que os salafistas defendem uma ruptura com o mundo
não-muçulmano e uma dedicação total à religião.
O Le Figaro diz que o Comitê
Francês do Culto Muçulmano, entidade representativa do islamismo na França,
está enfraquecido por lutas internas e se encontra sem poderes para frear o
extremismo radical.
Mas muitos líderes religiosos já
começam a pedir ajuda externa para afastar a ameaça do discurso radical dentro
da mesquitas, constata o diário.
Fonte: http://www.portugues.rfi.fr
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