Unesco chama destruição de cidade assíria de "crime de guerra" do EL
A Unesco (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) chamou de "crime de
guerra" a destruição da cidade assíria de Nimrud, no Iraque, por
integrantes da milícia radical Estado Islâmico.
As primeiras imagens da demolição
do patrimônio histórico foram exibidas nesta quinta-feira (05/03). Os radicais
islâmicos usaram escavadeiras e tratores para destruir as ruínas da cidade, que
foi fundada no século 13 a.C.
Em comunicado, a diretora da
entidade, Irina Bokova, fez um apelo aos dirigentes políticos e religiosos da
região para evitarem a destruição, a qual qualificou como um ato de barbárie, e
à comunidade internacional para conter os extremistas.
"A limpeza cultural de que é
objeto o Iraque não para diante de nada nem de ninguém: tem como objetivo a
vida humana e as minorias, além de ser acompanhada pela destruição sistemática
de um patrimônio milenar da humanidade", destacou.
A diretora da Unesco disse também
ter informado ao presidente do Conselho de Segurança da ONU e ao procurador-geral
do Tribunal Penal Internacional sobre o tema. Segundo a presidente do Comitê de
Turismo e Antiguidades da província de Ninawa, Balquis Taha, mais de 50% das
ruínas assírias de Nimrud foram destruídas pelo Estado Islâmico.
Taha afirma que a maior
preocupação das autoridades é com o destino de duas estátuas de touro alados,
datadas do século 13 a.C. Para ela, os extremistas tratam as antiguidades de
"maneira bárbara e imoral, sem respeito ao patrimônio iraquiano".
Na quinta, o Iraque pediu uma
reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU sobre o caso. Na opinião de
arqueólogos, o caso de Nimrud é equiparado à destruição dos budas de Bamiyan,
no Afeganistão, feita pelo Taleban em 2001.
Para os especialistas, será difícil
quantificar os prejuízos, porque muitos artigos de valor inestimável foram
destruídos, incluindo artefatos de Hatra, cidade no norte do Iraque com colunas
de mais de 2000 anos.
Idolatria
O grupo radical islâmico considera a
manutenção de qualquer resquício das civilizações anteriores ao nascimento de
Maomé e de outras religiões como uma forma de idolatria e consideram hereges os
muçulmanos xiitas. Nimrud, a 30 km de Mossul, foi fundada por volta de 1250 a.
C.
Quatro séculos mais tarde,
tornou-se a capital do novo Império Assírio, na época, o Estado mais poderoso
da terra, que se estendia até o atual território do Egito, Turquia e Irã.
Muitos de seus mais famosos monumentos sobreviventes foram removidos do local
há anos por arqueólogos, incluindo colossais touros alados, agora no Museu
Britânico, em Londres, e centenas de pedras preciosas e moedas de ouro levados
para Bagdá. Mas ruínas da cidade antiga permanecem no local, escavado por uma
série de especialistas desde o século 19.
Alguns dos itens foram saqueados
pelos extremistas para que sejam vendidos no mercado negro da arqueologia. Em
26 de fevereiro, o EI divulgou um vídeo pela internet no qual mostrava seus
integrantes destruindo dezenas de figuras do Museu da Civilização de Mossul,
algumas delas assírias.
Um dos jihadistas que aparecia no
vídeo justificou o ato de vandalismo afirmando que os povos da antiguidade
adoravam a ídolos "em vez da Alá", e que o próprio profeta Maomé
destruiu com suas próprias mãos figuras similares.
Fonte: http://www.bemparana.com.br
Comentários