Revolução de comportamento começa abalar vida sexual cristã – Por Beto Silva
Novas práticas recepcionadas
pelas religiões revelam abertura dentro das igrejas. Livros mostram bastidores
apimentados de freiras e sugere que transformações se acumulam desde o Século
18.
A palavra ‘sexo’ costumava ser
tabu nas ordenações religiosas. Ao longo do tempo, com a organização das
igrejas em torno de instituições, o próprio comportamento sexual passou a ser
proibido.
Mas a modernidade começou a mexer
com todas as estruturas, inclusive as sexuais dentro das igrejas e acabou
chegando recentemente em várias denominações. Na última semana, por exemplo, a
Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA), que difere da presbiteriana
brasileira em vários pontos, assumiu a realização do casamento gay.
A notícia impactou o mundo: uma
igreja tradicional (e não neopentecostal) assumiu uma das discussões mais
emblemáticas da modernidade. No Brasil, a liberalidade da
PCUSA ainda não chegou nas igrejas. No último domingo, inclusive, cultos realizados
em Goiânia condenaram as mudanças da PCUSA. Mas elas estão pressionadas pelo
Estado: a Suprema Corte (Supremo Tribunal Federal) já aceita a família
homoafetiva e incentiva, inclusive, a adoção.
Ao contrário do que se pensa,
entretanto, as mudanças sexuais que ocorreram nos últimos dias dentro das
instituições religiosas não são de hoje. Elas têm efeitos acumulativos. A prova disso é que a editora
L&PM lançou na última semana: Que seja em Segredo. Conforme a editora, a obra traz poemas eróticos
escritos pelas freiras na “devassidão dos conventos brasileiros e portugueses
dos séculos 17 e 18″. Ou seja, é o sinal de que existe, de fato, uma
antecipação das mudanças hoje e cada vez mais aceleradas.
“Esta publicação mostra que
antes, no passado, as mulheres não decidiam seguir a vida cristã apenas por
vontade de adorar Cristo. Muitos pais enviavam mulheres “difíceis” para os
conventos. Assim, as rebeldes e homossexuais acabavam se envolvendo em
pequenos escândalos sexuais”, explica André Sanches de Almeida, professor de
estudos teológicos.
É deste período o modelo de
abordagem “freirático”, homens que frequentavam os recintos das freiras.
Conforme Que seja em Segredo, a grande dificuldade é localizar os nomes das
envolvidas nestes relatos amorosos e que desde cedo tornam a religião um espaço
menos sagrado que se supõe.
Um dos adeptos das relações com
freiras era o rei de Portugal, dom João V, e o poeta Gregório de Matos.
Diante da característica de época de representante de “Deus na Terra”, João V
mandou erguer uma passagem secreta da sua casa até o convento local. E lá, evidente, o serelepe rei
abusava ou se divertia com as freiras, sempre consideradas castas pela
mitologia popular.
Se na vida monasterial existem cada
vez relatos de devassidão, é de se estranhar a cisão condenatória que alguns
modernos têm em relação às liberdades sexuais obtidas nas igrejas evangélicas.
O caso mais emblemático: os
evangélicos que usam produtos eróticos. Nas redes sociais e nas mídias existe a
‘condenação’, sendo que nas igrejas e mesmo nas relações entre evangélicos já
existe um código liberal, mas baseado na interpretação da Bíblia.
O pastor Cláudio Duarte explica
que as fantasias são permitidas. “Mas é preciso bom senso”, diz o religioso,
que tem se transformado em um hit gospel entre os novos religiosos.
“O homem e a mulher podem se
vestir do que desejarem, com bom senso. O sexo não deve sair do corpo. A
‘apimentada’ é permitida entre quatro paredes. Mas temos que procurar saber o
que agrada Deus ou não”, diz o pastor.
Fonte: http://www.dm.com.br
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