Blitz: Esta é a banda de black metal que arrisca a pena de morte na Arábia Saudita
Se já não é fácil ser-se músico
num estado islâmico, imagine-se fazer música anti-religião.
Se o black metal europeu e
norte-americano goza de uma certa liberdade de expressão nas suas inventivas
anti-Igreja e anti-Cristianismo, para os músicos do género baseados em estados
onde a religião é omnipresente no dia-a-dia tal tarefa não se assume fácil.
Tal é o caso dos Al-Namrood,
banda de Khobar, na Arábia Saudita, cuja carreira já leva sete anos e quatro
LPs, e tendo editado este ano um novo EP. "Al-Namrood" pode ser
traduzido como "o não-crente", sendo que na Arábia Saudita os ateus
são vistos como terroristas e, se identificados, podem enfrentar duras penas de
prisão e até mesmo a pena de morte.
Como é natural, os membros da
banda permanecem anónimos, por forma a não serem condenados. O baixista da
banda dá pelo nome de Mephisto, que tanto deve ao desejo do anonimato quanto à
apetência dos músicos black metal para utilizar pseudónimos.
Numa entrevista à
Vice, o músico revelou estar farto de religião e do peso da mesma no seu país
de origem. "Falei com um psicólogo que me aconselhou a expressar o que sinto
de cada vez que me irritar demasiado. [Os Al-Namrood] somos nós a
expressar-nos", conta.
O paralelo entre os sentimentos
expressados por músicos noruegueses de black metal, quando o movimento surgiu,
nos anos 90, e os Al-Namrood não se fica por aqui.
"O que pode ser mais
motivador que viver num local onde tudo é controlado pela religião? Os
indivíduos não têm direito a fazer nada, somos controlados pela sharia [lei
islâmica]. Uma criança nasce e cresce muçulmana e não tem sequer a oportunidade
de estudar outras religiões".
Na Noruega, o ímpeto inicial que
deu origem ao black metal foi também a omnipresença da religião cristã, era
então obrigatoriamente lecionada nas escolas do país. Mephisto diz que não são
situações assim tão comparáveis:
"O Cristianismo, hoje em dia, é passivo.
A Igreja não controla os países. Qualquer raiva que as pessoas tenham contra a
Igreja não pode ser comparada com regimes islâmicos. Nos países europeus tu
podes criticar a Igreja porque tens a liberdade de expressão para o fazer, mas
isso não acontece no Médio Oriente", explica.
Fonte: http://blitz.sapo.pt
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