Tradição da Semana Santa é feita de acordo com as diferentes religiões – Por Mayara Dias
A semana que antecede o Domingo
de Páscoa, conhecida como a Semana Santa, é uma das datas mais lembradas dentro
da tradição religiosa cristã. Porém, em cada igreja em que se professa o
cristianismo a data é vista e tratada de uma maneira diferente.
Para os católicos essa é a festa
mais importante dos cristãos. “Representa a vitória sobre a morte”. Trata de um
morrer com Cristo e, posteriormente, uma avaliação pessoal de que se pode
ressuscitar com ele. Este período vem carregado de
vários costumes. A Igreja Católica, por exemplo, pede que não se coma carne na
Quarta-feira de Cinzas nem na Sexta-feira Santa com objetivo de jejum e
sacrifício.
Já para os evangélicos, a “Semana
Santa” não altera em nada suas rotinas, visto que, eles aprendem desde os
primeiros passos na fé cristã a ter uma vida devocional de oração e leitura da
Palavra. Segundo Erivan Pedro de Moura,
pastor da Igreja Batista Renascença, eles relembram constantemente a vida e o
ministério de Jesus Cristo, inclusive nesta semana.
A programação varia muito
conforme a comunidade evangélica. Particularmente, na Igreja Batista
Renascença, é seguida a ordem normal dos cultos semanais. Os membros da
comunidade ficam à vontade para se confraternizar com seus entes queridos e
eles não possuem costumes específicos como os católicos.
“As mensagens nos cultos costumam
ser temáticas, enfatizando o ministério de Jesus Cristo. Também celebramos o
memorial da Ceia do Senhor, memorial este instituído pelo próprio Jesus”,
coloca o pastor ao frisar que, assim como a Igreja Católica, a Igreja
Evangélica concorda que este seja um período apropriado para explicar às
pessoas o verdadeiro significado da morte e ressurreição de Cristo, que deve
trazer alegria e esperança às suas vidas.
“No entanto, não focamos na
“Semana Santa” ou Páscoa como tradição a ser seguida. A Páscoa faz parte da
tradição judaica e Jesus foi superior a esta tradição, por isso foi morto por
ela. Não concordamos com o jejum de
quem se abstém de carne apenas neste período, pois praticamos o jejum bíblico,
que é atemporal e traz consigo propósitos específicos e não ligados à
tradição”, acrescenta.
O pastor declara ainda que a
Páscoa que se comemora hoje não se assemelha nem de longe com a Páscoa bíblica.
A festa de hoje é recheada de práticas e simbologia pagãs.“O ovo e o coelho de hoje nada
têm a ver com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. A Semana Santa deve nos
reportar ao sentimento de liberdade e não ao consumismo desenfreado com cheiro
de chocolate”, finaliza.
Umbandistas seguem tradições do
catolicismo
O feriado santo é carregado de
simbologias e significados que são interpretados de maneiras diferentes por
católicos, protestantes, umbandistas e espíritas. Nos terreiros de umbanda, as
comemorações da Semana Santa têm início na Quarta-feira Santa com o fim da
Quaresma.
Muito antes do cristianismo, o
povo africano já respeitava a Quaresma, porém com um significado diferente dos
fatos relacionados à vida de Jesus Cristo. Enquanto os cristãos celebram a
morte e a ressurreição de Cristo, os africanos celebram o Lorogun, período em
que os orixás entram em guerra contra o mal, para trazer o pão de cada dia para
seus filhos.
Segundo o umbandista José
Edmilson Bezerra, de 57 anos, a Semana Santa começa na quarta-feira que
antecede o domingo de Páscoa, 40 dias após a quarta-feira de cinzas, quando se
comemora na umbanda o retorno aos trabalhos com os orixás no sábado de aleluia.
"Seguimos as mesmas
tradições da igreja católica, guardamos as quartas e sextas, não comemos carne
vermelha nestes dias. Todo o mês de março é feito oferendas para os Exus, para
agradecer tudo que foi conseguido durante o ano e no sábado de aleluia batemos
os tambores, que simbolizam o começo dos trabalhos", explica José Edmilson
Bezerra, umbandista desde 9 anos.
Doutrina espírita não celebra a
Páscoa
De acordo com o espírita Paulo
James, o espiritismo não celebra a Páscoa, mas respeita as manifestações de
religiosidade das diversas igrejas cristãs. A doutrina espírita não adota práticas
especiais neste feriado de cunho religioso, portanto, não há celebração
especial nesta data por parte do movimento espírita, embora haja atitude de
respeito às expressões de fé instituídas no Brasil há séculos.
"Não nos apegamos a nenhum
costume ou rótulo religioso. Vivemos e vemos Jesus vivo no nosso dia a dia, sem
precisarmos de nenhum culto exterior. Nós respeitamos todos os crédulos
religiosos, embora não seguimos as suas formas e exteriorizações, nos mantendo
acreditando na imortalidade do espírito", declara Paulo James ao contar
que, na doutrina espírita, a morte é consequência do processo de reencarnação,
que não tem nenhuma conotação especial a não ser a volta para o mundo
espiritual e, portanto não há necessidade de se relembrar sempre com tristeza a
data.
A Páscoa para os espíritas
representa uma reflexão mediante a libertação espiritual, sendo um sentido bem
mais amplo. Por isso os espíritas não vêm a necessidade de ser este dia um dia
de feriado. Para eles, Jesus é mestre por
excelência, é um educador que ensina como agir rumo ao bem e a libertação.
"Não seria o derramamento do sangue que teria significado, mas toda sua
trajetória que nos ensina como vencer e como agir como filhos de Deus",
acrescenta Paulo James.
O espiritismo, embora sendo uma
Doutrina Cristã, entende de forma diferente alguns dos ensinamentos das Igrejas
Cristãs. Na questão da ressurreição, para eles, Jesus apareceu a Maria de
Magdala e aos discípulos, com seu corpo espiritual, que chamam de perispírito.
"Entendemos que não houve
uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as
Leis naturais do nosso mundo para afirmar o seu conceito de missionário. A sua
doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer milagre, ate mesmo a
ressurreição", finaliza o espírita.
Fonte: http://www.meionorte.com
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