Cristãos em mundo maometano - Por padre Belmiro
Os muçulmanos, cerca de 1,200
biliões, constituem uma das religiões mais seguidas no mundo, depois dos
cristãos, 2,000 biliões.
Dividem-se em dois grupos
maiores: os sunitas (85%) e os xiitas (10%). Os sunitas inspiram-se nos ditos e
feitos, “suna”, de Maomé, e por isso se apresentam como os autênticos
muçulmanos. Subdividem-se, por sua vez, em quatro escolas legais e várias
seitas.
Os xiitas, por seu lado, fundam a
sua legitimidade na única descendência de Maomé, Ali, primo e genro do profeta.
“Xia”, partido, de Ali, abarca também várias seitas mas três grupos principais,
sendo os “Imamis” o maior.
Os aiatolas são os portadores da legitimidade desde
o séc. IX. Esta versão da fé maometana, heterodoxa para os sunitas, é religião
oficial da República Islâmica do Irão. Também presente, em grandes comunidades,
no Iraque e no Líbano.
Para os sunitas, em geral, os
xiitas são muçulmanos heréticos, por isso condenados ao extermínio, como os
cristãos, judeus e todos os descrentes. O Estado Islâmico (EI), de
conteúdo sunita, representa hoje a maior e mais cruel ameaça para o mundo
ocidental.
Síntese, ou monturo, do pior que tem havido na “jihad” (a guerra
santa), é al-Qaeda e para além de bin Laden. Controla vastas superfícies
perdidas pelo Iraque e pela Síria, e proclama-se califado. Sem fronteiras, o
seu alvo é planetário. Sua estratégia, o terror. A cultura ocidental, para os
terroristas, é o mal absoluto. Eles são, para o Ocidente, o inimigo perfeito.
Nas suas fileiras há cerca de 20
mil jovens voluntários, vindos de países diferentes. Não admira, é o fascínio
do totalitarismo. Há cada vez mais gente frustrada, alienada, sobretudo em
bairros periféricos, que procura um amanhã imaginário para se realizar.
Os regimes totalitários, como o
nazismo e o marxismo, ontem, o Estado Islâmico, hoje, exploram este mecanismo
para absorver indivíduos que não se sentem existir e estão dispostos a
deixarem-se desaparecer num Todo que lhes dê razão de ser. O sentido de
existir.
Uma das consequências mais
funestas do Estado Islâmico é o pavor que semeou por toda a parte, no Médio
Oriente, no Magrebe e noutros países africanos, o que provocou ondas de
refugiados que procuram a Europa.
É verdade que se expõem a grandes perigos,
são explorados por passadores criminosos. Mas, como na mais pequenina fresta
assoma a luz, estes migrantes agarram-se à réstia de liberdade que os seus
olhos enxergam. São os fugitivos do terror.
Tão importante como dar-lhes
acolhimento, no “Far-West” da Europa e do mundo livre, é garantir a segurança e
um modo digno de viver aos milhares de cristãos que desejam continuar, como
cidadãos de pleno direito, nessas terras que habitam desde o início da
Cristandade, portanto muito antes da chegada do Islão.
Unidas no martírio, as diversas
comunidades cristãs presentes no Médio e Próximo Oriente, coptas, arménios,
ortodoxos e católicos, sob a presidência do Papa Francisco, encontraram-se, em
Bari, junto ao túmulo de São Nicolau, para preparar um diálogo de autoridades
cristãs e muçulmanas, com o objectivo de uma paz duradoura.
Enfim, esta versão horrorosa e
perversa do Corão é de tal maneira desumana que tem provocado centenas de
deserções da horda terrorista. Em finais do ano 2014, o Estado Islâmico
executou 200 militantes que tentaram fugir e regressar aos seus países. A
situação agravou-se no ano corrente, constituindo um sério golpe para os planos
do EI.
Surpreendente é um efeito
colateral da violência. Desiludidos com esta evolução sanguinária do islamismo,
milhares de muçulmanos na Argélia procuram a Bíblia e convertem-se ao
cristianismo. Ou vão às igrejas para se informarem da fé cristã. Tudo secreto.
O principal importador de Bíblias nesse país confiou a uma revista britânica,
“The Tablet”, que muçulmanos, às centenas, aos milhares, se interrogam sobre a
fé corânica, depois de verem as atrocidades cometidas em seu nome. Começam a
sentir, cada vez mais, que esta pode ser a “verdadeira face do Islão”. Que eles
rejeitam. Entretanto, os novos conversos já se aproximam dos 200 mil.
Fonte: http://www.wort.lu
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