Há agora uma yazidi no parlamento turco. E até já foi eurodeputada pela Alemanha - Por Leonídio Paulo Ferreira
Feleknas Uca foi eleita pelo HDP,
que incluiu candidatos de várias minorias na sua lista apesar de representar sobretudo
os curdos.
Após dez anos no Parlamento
Europeu, Feleknas Uca quer ser a voz das mulheres da minoria religiosa que o
Estado Islâmico capturou no Iraque e transformou em escravas sexuais.
Pela primeira vez há deputados
yazidis no parlamento turco, sublinhava o jornal Hurriyet na
segunda-feira a seguir às eleições de dia 07/06, que viram os islamitas do AKP
perder a maioria absoluta e tiveram como grande sensação o resultado do partido
curdo HDP, com 13% dos votos.
Ora, foi nas listas do HDP que os dois yazidis
conseguiram ser eleitos, um deles, Feleknas Uca, figura já com algum
protagonismo internacional, pois durante uma década foi eurodeputada pela
Alemanha, o país onde nasceu, numa família de imigrantes oriunda, claro, da
Turquia.
Crítica de Recep Erdogan,
presidente turco e líder histórico do AKP, a quem acusa de estilo ditatorial, Feleknas
promete mostrar-se uma defensora dos direitos culturais dos curdos no
parlamento de Ancara, mas a grande determinação é "ser a voz das mulheres
vendidas nos mercados de escravos", uma referência à comunidade yazidi do
vizinho Iraque, atacada pelo Estado Islâmico.
Sabe-se que os jihadistas
sequestraram milhares de mulheres yazidis, transformadas em escravas sexuais
como punição por a pequena comunidade nunca se ter convertido ao islão.
Religião monoteísta com milhares
de anos, o yazidismo tem afinidades com o zoroastrismo, a religião da Pérsia
pré-islâmica, mas os crentes são acusados de serem seguidores do diabo pelos
vizinhos muçulmanos que nunca os aceitaram bem.
Na numerosa comunidade turca que
vive na Alemanha, onde chegaram há duas gerações como "trabalhadores
convidados", há muitos curdos e entre estes 40 mil yazidis,que falam a
mesma língua apesar de não seguirem o islão sunita maioritário entre essa
etnia.
Os pais de Feleknas fazem parte daqueles
que há meio século trocaram a pobreza do interior da Anatólia (são da província
de Batman) pela promessa de trabalho na Alemanha. E a agora deputada turca
nasceu assim em 1976 em Celle, cidade perto de Hanover, que quase só merece
referência nos livros de história porque foi berço de uma futura rainha de
Inglaterra no século XVIII.
Fonte: http://www.dn.pt
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