Papa viaja à América Latina com agenda voltada às "periferias"
Viagem, que começa neste domingo
(05/07), é a segunda do pontífice à região; ele passará por Equador, Bolívia e
Paraguai.
O Papa Francisco inicia neste
domingo (05/07) sua segunda viagem à América Latina, passando por Equador,
Bolívia e Paraguai, com a missão de discutir questões sociais e se aproximar
das "periferias", marco de seu pontificado. A visita ao continente era
aguardada desde 2013, quando o argentino Jorge Mario Bergoglio assumiu a
liderança da Igreja Católica e esteve no Brasil para a Jornada Mundial da
Juventude.
Apesar da expectativa de uma ida
à Argentina, sua terra natal, e à Colômbia, que enfrenta há décadas um
confronto com o grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc), o roteiro de Francisco inclui apenas nações que estão longe dos centros
de poder da geopolítica internacional.
"Pela primeira vez a visita
será feita a três países, não os maiores e os primeiros na geopolítica,
seguindo a lógica das periferias querida pelo Pontífice. A história desses três
países, feita de conflitos e ditaduras, será um elemento importante para entender
as mensagens que o papa irá proferir", disse o porta-voz da Santa Sé,
padre Federico Lombardi.
De acordo com o o professor
Fernando Altemeyer Junior, do Departamento de Ciências da Religião da PUC-SP,
Francisco sabe que não há necessidade de estar somente em países centrais para
que sua mensagem seja ouvida.
"O papa possui outros
interesses além da diplomacia. Ele não precisa ir a um caldeirão quando a água
está fervendo", disse o especialista, justificando a exclusão da Colômbia
e da Argentina do roteiro.
Para Altemeyer, os três países
foram escolhidos por apresentarem semelhanças, como economias em
desenvolvimento, populações rurais, forte influência do catolicismo, presença
de movimentos sociais e povos minoritários, como os indígenas.
"Equador, Bolívia e Paraguai
não são destinos muito prestigiados, mas o objetivo do papa não é fazer uma
missão diplomática. Ele celebrará uma missa em guarani, visitará um hospital,
se reunirá com a sociedade civil e religiosos", afirmou o teólogo Jorge
Claudio Ribeiro, da PUC-SP.
"O que chama mais a atenção
no pontificado de Francisco é que ele transpassa por diversos temas, sem
escolher um mote específico. Ele toca em questões de níveis variados, de
pobreza, imigração e pedofilia à corrupção e ecologia", analisou o
especialista.
E é justamente o assunto do meio
ambiente que pode vir à tona durante sua passagem pela América Latina. Com sua
recém-lançada encíclica "Laudato Si", que fala sobre ecologia e
escassez, Francisco deverá fazer apelos direcionados às populações rurais.
"Francisco já conhece esses
países desde a época em que era sacerdote e poderá fazer discursos mais livres
e contundentes em sua língua materna, o espanhol", disse Altemeyer.
Talvez em 2016 o líder da Igreja
Católica faça finalmente uma visita à Argentina e à Colômbia, sendo que neste
último país ele deve assumir um papel de mediador com as Farc.
Para 2015, Francisco tem
programada uma viagem para Cuba e Estados Unidos após se tornar peça-chave na
retomada das relações entre as duas nações, rompidas há mais de meio século.
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