Vila dos Atletas no Pan oferece espaços de oração para cinco religiões diferentes
Uma das novidades dos Jogos
Pan-Americanos de Toronto é uma espécie de refúgio espiritual para os mais de 6
mil desportistas que nos últimos dias convivem na Vila dos Atletas e que
funciona como um espaço de oração para budistas, cristãos, muçulmanos, hindus e
judeus.
O Centro Multiconfessional ocupa
um espaço preferencial da vila, onde 30 líderes dessas religiões se dividem em
três turnos nas 16 horas em que o espaço está aberto para dar apoio a atletas
que precisam de conselho, conforto e ânimo.
O reverendo David Wells,
coordenador do centro, disse que as três principais funções desses pregadores
são acompanhar na meditação ou na oração, dar apoio em situações de pressão ou
nos maus momentos após as provas, e atender vítimas, familiares e amigos no
caso de alguma fatalidade durante o Pan.
O próprio Wells teve que ajudar
espiritualmente em 2010 após o falecimento do georgiano Nodar Kumaritashvili em
um treinamento de trenó nos Jogos Olímpicos de Inverno em Vancouver, também no
Canadá. Em nível individual, cerca de uma
centena de atletas usa as instalações diariamente, às quais é preciso somar as
equipes inteiras que se aproximam antes ou após suas competições.
Inclusive há líderes religiosos
que acompanham alguns desportistas para apoiá-los durante as provas, embora o
momento de maior presença de atletas seja durante as missas católicas. O Centro Multiconfessional tem
seis ambientes, incluindo pequenas salas para receber conselhos e confissões.
O
maior desses espaços é o dedicado ao catolicismo, com uma imagem de Nossa
Senhora de Guadalajara e 30 cadeiras para assistir a missas, cada uma com
exemplares bilíngues do Novo Testamento. Além disso, algumas delegações pediram
cópias do livro para entregar a seus atletas.
Os judeus também usam essa sala
durante o shabbat. Outra sala é dedicada à religião muçulmana. Na entrada,
alguns sapatos indicam que alguém está rezando na seção reservada aos homens. Weels afirmou essa convivência é
uma demonstração de que se pode aceitar e respeitar aqueles que professam outra
religião e que isso pode ser um exemplo para as competições esportivas e para
todo o mundo.
O pastor argentino Julio
Bautista, formado em psicologia e estudos teológicos, revelou que há atletas
que usam o centro como refúgio para se afastar das pressões, enquanto outros
chegam "destruídos" depois de terem fracassado em seus desafios
esportivos após anos de preparação. "Há outros que depois de
terem conquistado uma medalha vêm conversar e nos agradecer porque a conversa
lhes fez bem", disse o religioso, que destacou a vertente humana dos
atletas, com "suas pressões e seus momentos difíceis".
Por sua vez, o reverendo Zen Nio
ajuda com os mesmos exercícios de meditação utilizados por desportistas de
destaque, como, segundo ele, o astro do basquete Kobe Bryant. E isso é feito em
um pequeno cômodo que serve de museu, guardando obras milenares das religiões
budista e hinduísta procedentes de Índia, China e Japão, entre outros locais.
As peças servem para os atletas
realizarem meditação visual com as quais interiorizam determinação e poder que
refletem no campo esportivo, de acordo com explicações do reverendo.
"Todos os atletas com os quais trabalhamos tiveram um grande desempenho, e
seus sonhos se tornaram realidade", disse. A mexicana Demita Vega, prata na
classe RS:X da vela, declarou que é a primeira vez que vê um centro dessas
características em Jogos Pan-Americanos e se sentiu atraída a entrar na sala
budista e hinduísta.
"Não sei se foi sorte ou
não, mas estou muito agradecida porque conheci Zen Nio e depois muitas pessoas
boas de seu grupo. É muito motivador, e acho que é exatamente o que precisamos,
esse pequeno empurrãozinho motivacional para irmos bem nas competições",
destacou.
A diversidade religiosa também
chega à cozinha. Como contou à Efe o responsável de alimentação e dieta, Chris
Warner, seu menu inclui refeições especiais para muçulmanos e judeus.
Fonte: http://www.msn.com
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