Conselho Mundial de Igrejas pressiona governos a não apoiarem armas nucleares
"A primeira que é pedida a
nós é que tenhamos o valor de viver de acordo com nossas convicções. Para o Conselho
Mundial de Igrejas (CMI), nossa convicção é que o mundo deve estar livre de
armas nucleares", disse a reverenda Sang Chang, presidenta do CMI para a
Ásia, em seu discurso recente durante o simpósio sobre o desarmamento nuclear,
realizado em Hiroshima, Japão.
O bispo Heinrich Bedford-Strohm,
presidente do Conselho da Igreja Evangélica da Alemanha e um dos líderes
religiosos que fizeram uma peregrinação no Japão, por ocasião do 70º
aniversário dos bombardeios atômicos, também defendeu o compromisso humanitário
contra as armas nucleares, na concentração do Dia de Hiroshima, em 08 de agosto
de 2015.
"É hora de retirar todo o
apoio à conservação das armas nucleares. É hora de negar-se a aceitar que a
destruição massiva de outras pessoas possa ser uma forma legítima de nos
proteger", disse ademais a bispa Mary Ann Swenson, da Igreja Metodista
Unida dos Estados Unidos e membro do Comitê Central do CMI, ante os presentes
no evento comemorativo realizado pelas igrejas anglicana e católica na catedral
da paz mundial de Hiroshima (Igreja Católica de Noboromachi).
O bispo Bedford-Strohm explica
que a peregrinação ao Japão foi patrocinada pelo CMI, que "enviou líderes
religiosos de sete países, que ainda não aceitaram resolver o vazio legal
existente em torno das armas nucleares".
Após a peregrinação, os delegados
pressionarão os Estados que dizem apoiar o desarmamento nuclear, mas continuam
sem renegar o uso de armas nucleares, para que adiram ao Compromisso e se
esforcem em alcançar a proibição e a eliminação dessas mortíferas armas.
Em suas declarações ante
organizações religiosas, organizações da sociedade civil e representantes
governamentais, Bedford-Strohm destacou também que "devemos escolher
maneiras de viver que protejam a vida, e rechaçar as que a põem em risco. Não
devemos usar a energia do átomo em formas que ameacem e destruam a vida. Fazer
isso é fazer um uso indevido e pecaminoso da Criação de Deus. Devemos nos negar
a aceitar que a destruição massiva de outros povos pode ser uma forma legítima
de nos proteger".
Mary Swenson insistiu em que as
igrejas têm "um testemunho a dar". "Os líderes das igrejas dizem
estar a favor de um mundo sem armas nucleares, mas ainda assim, ano após ano,
década após década, nossos governos se mostram dispostos a utilizarem armas
nucleares. Setenta anos depois da destruição que teve lugar aqui [Hiroshima],
um total de 40 governos dependem ainda dessas armas", disse.
"É hora de que julguemos os
armamentos e o uso que fazemos da energia em função de seus efeitos sobre as
pessoas e sobre a Criação de Deus. É hora de reconhecer que nosso desejo de bem-estar
material e de comodidade nos abstrai de nos preocuparmos com a quantidade de
energia que consumimos e a origem desta", acrescentou a bispa.
Isabel Apawo Phiri, secretária
geral adjunta do CMI, assinala que "o objetivo é ajudar os responsáveis
pela política exterior a entenderem a oportunidade única que está sendo
apresentada, a saber, poder alinhar-se com a maioria e promover o bem comum, em
lugar de perpetuar o perigoso, injusto e instável status quo".
Os líderes religiosos em
peregrinação representam as igrejas membros do CMI dos Estados Unidos,
Alemanha, Japão, República da Coreia, Noruega, Países Baixos e Paquistão. Estes
países estão no processo de adotarem a histórica decisão de apoiar ou rechaçar
a proibição das armas nucleares.
As armas nucleares são, hoje,
notícia pelas conversações com o Irã e pelo discurso ameaçador na crise da
Ucrânia, destacou Mary Swenson. "Não sabemos onde surgirá a próxima ameaça
nem quando uma delas pode degenerar em uma destruição real", declarou.
Fonte: http://site.adital.com.br
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