Com caldeirão, danças e palestras, pagãos comemoram Dia Mundial da Deusa – Por Paula Maciulevicius
A praça Itanhangá foi palco do
culto ao sagrado feminino. Comemorado nesse domingo, o Dia Mundial da Deusa, em
Campo Grande, teve danças e palestras que reuniu a turma pagã da Capital.
Wiccas,
druídas, entre outras religiões que a maioria desconhece e que muitas vezes são
encaradas sob a ótica do preconceito e ainda gente que se define apenas como
espiritualizada voltou ao passado para resgatar a alma da mulher. Todos
vestidos à caráter, de bruxos e até fadas.
Organizados em um grande círculo,
o público acompanhou antigos contos e histórias ao redor de um caldeirão e
outros elementos de grande significado para a comunidade. Um dos coordenadores
do evento, o wiccaniano, Renan Ryan, de 25 anos, explica que a ideia é trazer
de volta o sagrado feminino e o culto a ele.
"Seria a mulher, a gente
costuma dizer que a primeira religião da humanidade foi a Terra, uma deusa,
você vê deusas nas antigas esculturas e tudo ficou esquecido com o
patriarcado", descreve.
O evento é então, para resgatar a antiga tradição
e até mesmo o respeito à mulher. Realizado em todo mundo, no Brasil, Renan
relata que o idealizador é o escritor de livros Wicca, Claudinei Prieto.
A programação contou com
palestras, danças circulares e cânticos para a Deusa. No centro do círculo, o
caldeirão representa o útero, a mulher. "Como é Dia da Deusa, nós usamos
túnicas e os nossos elementos, é uma festividade", acrescenta Renan.
A professora de dança e bailarina
Elisete Riella Silveira, de 38 anos, que se apresenta como Negariji, também fez
parte da programação com a dança do ventre. "Eu sou espiritualizada, gosto
de tudo e me identifico muito aqui. Vejo como um encontro com o feminino, onde
a gente pode saber mais sobre a história e expor a mulher, um lado forte e ao
mesmo tempo sensível".
Druída, Hugo Cezar Fernandes
Gondim, explica que dentro da religião dele, assim como os celtas, os druídas
tinham grande respeito à soberania da Terra. "Vim honrar as deusas
soberanas hoje junto as outras tradições, como a Wicca", afirma.
Independentemente das diferenças
entre as tradições, ele enxerga o evento como espaço para união. Como um dos
palestrantes do dia, Hugo propôs trabalhar a leitura, a apreciação e a
interpretação da mitologia céltica.
"Falei sobre os arquétipos das
personagens femininas dos quatro ramos do Mabionogion, que é um conjunto de
contos do País de Gales", relata. O motivo da escolha foi a paixão de Hugo
pela nobreza e força das deusas desses contos.
"As mulheres nos contos
do Mabinogion são mulheres fortes, muito belas e vaidosas, que lutam
pelo que querem, que não aceitam um companheiro orgulhoso e covarde, não
aceitam ordens, são livres e independentes, filhas, mães e avós que se revelam
rainhas de si e de seus destinos", prega Hugo.
Parte das religiões presentes se
organiza e debate através de um grupo no Facebook: Comunidade
Wicca Campo Grande.
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