Sairé inicia com busca dos mastros no Lago Verde em Alter do Chão – Por João Machado e Karla Lima
Ritual consiste em pegar troncos
na floresta para levar para praia. Abertura oficial será na quinta-feira (17/09) com levantamento dos mastros.
A programação do Sairé 2015
começou logo cedo, às 5h deste sábado (12/09), com alvorada e queima de fogos na
vila de Alter do Chão, em Santarém, oeste do Pará. Logo após o tradicional café
da manhã, por volta de 8h30, os personagens do Sairé (Saraipora, juíza,
mordomos e foliões) saíram em procissão fluvial em busca dos mastros.
A procissão saiu da orla da
vila até o Lago Verde. Durante o percurso, na embarcação em que o símbolo do
Sairé, Santíssima Trindade, é levado, os foliões animaram com cantos
religiosos acompanhados com sons de percussão. Moradores da vila, da cidade e
turistas prestigiaram o ritual.
Natural do estado do Espírito
Santo, a auditora fiscal Marília Demian, a passeio em Alter do Chão não tinha
intenção de participar do evento, mas ficou sabendo do rito religioso e a
curiosidade a instigou a conhecer a tradição.
“Dei sorte de pegar essa festa
linda, religiosa. Achei a história muito rica, essa coisa da procissão de
barcos que tem na minha terra também, mas aqui é a festa do divino”, contou.
Enquanto os barcos seguiam em
procissão, era servido o tarubá, bebida indígena feita a partir da fermentação
da mandioca. A cabeleireira Shitara Ritielle que decidiu sair da área urbana de
Santarém para morar na vila recentemente acompanhou pela primeira vez o rito e
apreciou a bebida.
“Gosto bastante de tarubá. Já tomei outras vezes. Legal ver
como são interessados pelos costumes. A sociedade tem suas classes e religiões,
e eu fui criada numa que me restringia conhecer outras religiões e culturas.
Esta fase da minha vida é que estou me libertando e me permitindo conhecer
outras culturas”.
Eu fui criada numa [religião] que
me restringia conhecer outras religiões e culturas. Esta fase da minha vida é
que estou me libertando e me permitindo conhecer outras culturas”.
Após quase uma hora navegando
pelo rio, a procissão chegou na Cabeceira do Miritiapina, local onde estavam os
mastros das espécies murrão (carregado pelos homens) e tapiririca (carregado
pelas mulheres). Os troncos foram extraídos da comunidade Pindobal, em
Belterra, onde, em compensação, foram plantadas 10 mudas de andiroba e cumaru.
Após a coleta, os mastros foram
transportados em uma pequena embarcação motorizada, conhecidas na região como
bajara, para a Praia da Gurita, popularmente conhecida como Praia do Cajueiro.
“Esse momento representa o começo
do rito religioso da festa do Sairé. Na quinta [17/09] será ornamentado com frutas
que vão demonstrar a fartura. Esse momento é importante porque era dessa forma
que nossos antepassados faziam. Essa procissão é o começo de todo o Sairé
religioso”, destacou Marlisson Soares, da Comissão organizadora.
Quinta-feira (17/09), é o dia da
abertura oficial do Sairé. Na ocasião, serão enfeitados com frutas e erguidos
um ao lado do outro na Praça do Sairé. Os mastros só serão derrubados no último
dia de festa para marcar o encerramento das festividades.
Fonte: http://g1.globo.com
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