Bahia ganha comitê para combater intolerância religiosa – Por Jéssica Sandes
Há quem diga que o baiano é
versátil quando o assunto é religião. Isso porque é comum ver cristãos
reverenciando orixás, por exemplo.
Mas, ainda assim o Centro de Referência de
Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, vinculada à
Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), contabilizou 11 casos de
intolerância religiosa, na Bahia, entre Janeiro e Junho deste ano.
Na tentativa de combater as
agressões desse tipo, líderes religiosos lançaram, nesta sexta-feira, 06/11, no
centro espírita Cidade da Luz, em Pituaçu, o Comitê Interreligioso da Bahia
(Cirb). O grupo, que já tem três meses, pretende reunir cidadãos de diversas
religiões para discutir meios de disseminar o respeito entre os religiosos.
A proposta é que, a cada 15 dias,
os integrantes se reúnam para discutir a questão, cada encontro será promovido
em uma sede religiosa. O próximo vai ser no dia 14 de novembro, no Templo
Cacique Pena Branca, no Caji, Lauro de Freitas, a partir das 10h, aberto ao
público.
Presidente da comissão, o padre
Alfredo Dorea, da Instituição Beneficente Conceição Macêdo (IBCM), explica que
qualquer pessoa pode integrar o grupo, basta querer agregar conhecimento e ter
"boa vontade" para promover diálogos.
"Estamos de portas abertas
para acolher a todos. Não necessariamente lideranças religiosas, qualquer
pessoa pode participar do comitê sem ter o aval da presidência das entidades,
simplesmente porque quer trabalhar em favor do bem. Estamos vivendo um momento
complicado, em que as pessoas se machucam e se ferem em nome da fé. O que
queremos é que cada um possa viver na beleza de ser o que é", frisou o
padre Alfredo.
Iniciativa
Ele conta que o comitê surgiu a
partir da união de líderes religiosos que se encontravam, eventualmente, em
trabalhos beneficentes e decidiram se unir em prol da causa. Atualmente, fazem
parte da comissão, o Pastor Djalma Torres; Mãe Jaciara Ribeiro da Abassa de
Ogum; Mãe Daya Dias, Leonardo Lima e Caio Novais de Brito Cunha, do Templo
Cacique Pena Branca; Pai Raimundo, do Centro Umbandista Paz e Justiça Dr.
Geraldo Ramos e espírita José Medrado e o padre Alfredo.
O espírita José Medrado explicou
que o comitê também quer incentivar as denúncias de intolerância religiosa, com
o objetivo de intensificar essa discussão na sociedade. Segundo ele, além das
reuniões quinzenais, a comissão tem estudado formas de utilizar o serviço
jurídico nas questões levantadas e nas denúncias efetuadas.
Para Medrado, a palavra
tolerância, no que diz respeito à religião, deveria ser substituída por
respeito. "O grande problema do ser humano é a vivência de uma religião
como se fosse um clube de futebol ou um partido político, para competir
verdades. No momento que o homem deixar de querer competir verdades e se
agregar no que se converge, a fé, o amor, a caridade, eu tenho certeza que
essas questões menores, ideológicas e doutrinárias, se diluirão, para emergir o
que é realmente um processo de religiosidade", defende.
O umbandista Pai Raimundo afirmou
que o comitê vai falar de amor. "É o que falta em algumas casas
religiosas. É preciso tomar cuidado com o que é dito para os fiéis. Somos
formadores e de opinião e o que falamos pode ser disseminado por aí. É difícil
ser líder religioso, porque, às vezes você fala 'A' e entendem outra
coisa", pontuou.
Fonte: http://atarde.uol.com.br
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