Livro marca os 50 anos do Pacto das Catacumbas: “por uma Igreja servidora e pobre” – Por Cristina Fontenele
Neste dia 16 de novembro,
celebram-se os 50 anos do Pacto das Catacumbas, importante acordo firmado por
42 padres conciliares numa celebração eucarística, na Catacumba de Santa
Domitilla, em Roma [Itália], no ano de 1965.
O Pacto, assinado nos últimos
dias do Concílio Vaticano II (1962-1965), instou a Igreja Católica a renovar-se
e a assumir o compromisso com os pobres e excluídos. Para memorar a data, o
sacerdote brasileiro José Oscar Beozzo lança o livro: "Pacto das
Catacumbas: por uma Igreja servidora e pobre”, pela Editora Paulinas.
Beozzo afirma à Adital que espera
com a obra contribuir para o acolhimento e a discussão sobre o Pacto, gerando
compromissos semelhantes na mudança da atual situação da Igreja. Para o autor,
o Papa Francisco, em seus gestos e em sua preocupação com os pobres, segue em
direção a uma Igreja pobre e servidora.
"Nas suas propostas para a
Igreja, ele retoma e atualiza as grandes linhas do Pacto”, ressalta o autor,
citando o exemplo da exortação apostólica Evangelii Gaudium e da encíclica
ecológica Laudato Si’, escritas pelo Papa.
"Só podemos desejar que a
recorrência dos 50 anos do Pacto das Catacumbas e do término do Concílio
Vaticano II traga, para toda a Igreja, a primavera sempre insurrecional e seja
um novo Pentecostes, como o desejava João XXIII, agora, declarado santo pelo Papa
Francisco”, declara Beozzo em seu livro.
A obra relata a história e os
compromissos assumidos no Pacto das Catacumbas, assim como a lista dos bispos
presentes e concelebrantes. Além do período do Pacto, o livro retoma a
trajetória histórica pós-Concílio, retratando a importância de Conferências Episcopais,
como as de Medellín (Colômbia, 1968), Puebla (México, 1979) e Aparecida
(Brasil, 2007).
"O que não foi possível
alcançar no Concílio tornou-se realidade, três anos depois, na II Conferência
Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellín, na Colômbia, em 1968”, diz o
texto.
O livro destaca ainda que Puebla, 11 anos depois, aprovou, como
prioridade, a opção preferencial pelos pobres, enquanto Aparecida representou
"uma vigorosa retomada da tradição eclesial latino-americana”.
O autor apresenta os 13
compromissos assumidos nas Catacumbas, em diálogo com referências bíblicas e
passagens do próprio Concílio Vaticano II. Entre as promessas firmadas pelos
padres, em Domitilla, estão:
- "viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo o que se segue”;
- renunciar "à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos serem, com efeito, evangélicos)”;
- não possuir "imóveis nem móveis, nem conta em banco etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo em nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas”.
Como testemunhos vivos do Pacto,
o livro cita os gestos concretos de alguns sacerdotes, como o brasileiro Dom
Helder Câmara, no Recife [Estado de Pernambuco], que, rapidamente, deixou a
residência oficial dos arcebispos, o Palácio de Manguinhos, para ir morar na
sacristia da Igreja das Fronteiras, na periferia da cidade. Também Dom Antônio
Fragoso, em Crateús [Estado do Ceará], que se deslocou para uma casa simples de
um bairro popular.
A obra destaca ainda como outro
resultado consistente do Pacto das Catacumbas o surgimento das comunidades
eclesiais de base no meio dos pobres, que "desabrocharam, de maneira
especial”, nas pastorais sociais da Igreja latino-americana.
Fonte: http://site.adital.com.br
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