Muçulmanos buscam vencer preconceitos – Por Lucas Meloni
“A Deus pertencem o levante e o
poente. Para onde quer que vos tornardes, lá encontrarás o semblante de Deus”.
A frase, do escritor afegão
Khaled Hosseini, presente no livro: “A Cidade do Sol”, contrapõe o que muitas
religiões dizem: Deus pode ser buscado em qualquer lugar. Para membros da
comunidade islâmica, que sofrem com certo receio por parte do mundo em
decorrência dos ataques terroristas, a religião é agregadora e os extremistas
são minoria que não merecem qualquer consideração.
Em Mogi das Cruzes, o número
cada vez maior de refugiados desperta a necessidade de se discutir que apoio
essas pessoas podem receber, já que buscam novas chances de vida.
O jornalista Haisem Abaki (ex-O
Diário, atualmente na Rádio Estadão) conta que este preconceito é fruto da
desinformação. “O Estado Islâmico, por exemplo, faz uma associação à religião
quando sabemos, na verdade, que seus atos objetivam mais a barbárie”, avaliou.
Em seu blog no portal do Estadão,
Abaki publicou no último dia 20 o texto: “Tenho Nome de Terrorista” falando
exatamente sobre o fato de seu nome ter referência aos muçulmanos. A família de
Haisem é da Síria. “Não nos enganemos mais com os terroristas doidões. Muito
mais do que religioso, o fanatismo deles é por poder, território, petróleo e
armas. Resumindo: dinheiro”, trouxe o texto.
Mohamad Saad, presidente da
Sociedade Cultural e Beneficente Islâmica de Mogi das Cruzes, conversou com a
reportagem e falou sobre a visão negativa que a comunidade acaba enfrentando.
“São atos violentos que acabam prejudicando o trabalho que desenvolvemos. Nós
buscamos a paz, a comunhão e a cooperação. O extremismo não combina com o que
acreditamos”, opinou.
O Diário revelou ontem, com
exclusividade, que Mogi das Cruzes recebeu, desde Janeiro deste ano, 100
refugiados sírios que buscavam fugir do conflito armado no Oriente Médio.
A informação foi revelada a O Diário pelo xeque Hosni Abdelhamid Mohamed
Yousself. Eles estão recebendo assistência da comunidade islâmica, já que
muitos chegam sem recursos e têm dificuldade na adaptação à nova cultura.
Abaki já observou algumas
dificuldades. “A minha família ajuda alguns dos refugiados. A principal dificuldade
é com o idioma, a cultura e os costumes. Há todo um processo”, disse o
jornalista.
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