Celebração à Iemanjá no dia 8 de dezembro está garantida em Maceió – Por Carlos Amaral e Andrezza Tavares
SMCCU manifestou sua posição na
tarde de quarta (02/12); sobre o show evangélico, órgão diz que vai esperar decisão
judicial.
Grupos
ligados às religiões afro-brasileiras convocam ato para amanhã em frente à sede
do Ministério Público Estadual, no Barro Duro. As celebrações das religiões
afro-brasileiras em homenagem à Iemanjá, que são realizadas na orla de Maceió,
com maior concentração no bairro de Pajuçara, estão mantidas pela Prefeitura
Municipal. Em nota, a Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano
(SMCCU) divulgou sua decisão na quarta-feira (02/12).
Contudo, sobre o pleito do grupo
de evangélicos que querem realizar um show da cantora Sarah Farias na Praça
Multieventos no mesmo dia, a SMCCU diz que vai esperar a decisão do Poder
Judiciário, uma vez que os representantes que participaram dos dois dias de
reuniões na sede do Ministério Público Estadual (MPE) afirmaram que acionariam
a justiça para garantir a realização de seu evento.
A menos de uma semana para a data
festiva, a decisão precisar ser rápida para possibilitar aos órgãos públicos de
segurança e ordenamento que tudo funcione sem maiores problemas e,
principalmente, sem tensionamentos, maior temor dos membros das religiões
afro-brasileiras.
Entretanto, os representantes do
grupo que organiza o show da cantora Sarah Farias, assim como a própria artista,
não estão dando entrevistas e não se sabe se eles já acionaram o Poder
Judiciário.
Segundo a Assessoria de
Comunicação do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) não foi confirmado se o
grupo de evangélicos deu entrada em alguma ação ou pedido de liminar por não se
saber ao certo o nome da parte ingressante. Nem nas reuniões ocorridas na
última segunda-feira (30/11) e terça-feira (01/12), eles confirmaram a qual
igreja pertencem.
Relatos de pessoas que participaram da discussão dão conta de
que eles afirmaram que nenhuma igreja estava ali institucionalmente, apenas o
grupo organizador do show de Sarah Farias.
Ato
Os grupos ligados às religiões
afro-brasileiras estão convocando um ato para a manhã desta sexta-feira (04/12)
em frente à sede do MPE no Barro Duro, parte alta de Maceió. O mote da
manifestação é o combate à intolerância religiosa.
Igreja Batista apoia grupos afro
Em nota divulgada ontem (02/12),
a Aliança de Batistas do Brasil, representada pela Igreja Batista do Pinheiro,
lamentou o que considerou um “triste episódio de intolerância religiosa” o
impasse entre os grupos das religiões afro-brasileiras e evangélicos.
“Não concordamos é que a oração
se transforme em desculpa para a prática da intolerância, querendo por este
pretexto ocupar espaço tradicional de outras religiões”, disse a Igreja
Batista, através de sua pastoral da juventude.
A instituição religiosa destaca o
genocídio da juventude negra e sua criminalização. “Cremos que nossa cidade,
bem como o estado e país, devam estar permanentemente de joelhos diante das
muitas dores do povo, principalmente para clamarem juntas contra o genocídio da
juventude negra brasileira, que a cada dia tem sido criminalizada e violentada
em suas raízes e memórias religiosas e políticas”.
Por fim, a nota da Igreja Batista
defende que todos tenham uma postura de paz e entendimento para construção de
um convívio de harmonia contra o espírito de conflito.
Pastor João Luiz
O deputado estadual Pastor João
Luiz (DEM) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Estado (ALE) para
criticar a postura do grupo de evangélicos que querem realizar um show na Praça
Multieventos no mesmo dia das celebrações afro-brasileiras em homenagem à
Iemanjá.
Para o parlamentar, trata-se de
uma atitude “antibíblica e vergonhosa”. Ele destacou que os grupos
afro-brasileiros realizam suas celebrações no local há vários anos e que os
evangélicos deviam festejar em outro dia. João Luiz também questionou a origem
do grupo que deseja realizar o show da cantora Sarah Farias na orla de
Pajuçara.
“Ninguém sabe quem são esses
evangélicos. E a Assembleia de Deus tem o maior número de fiéis aqui no estado.
A do Evangelho Quadrangular é a segunda e eles não estão envolvidos nisso”.
O Pastor João Luiz lembra uma
situação vivida na cidade de Mariana após a enxurrada de lama da mineradora
Samarco/Vale que destruiu o local. Segundo ele, um dos poucos prédios que ficou
de pé foi uma igreja católica e o padre daquela paróquia manteve as missas aos
domingos, mas permitiu que igrejas evangélicas utilizassem o espaço para
realizarem seus cultos. “Isso sim é amor e fé”, enfatiza.
Fonte: http://www.tribunahoje.com
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