Concílio Ecuménico encerrou há 50 anos no dia 8 de Dezembro
A Igreja Católica assinala a 8 de Dezembro os 50 anos do encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-1965),
acontecimento que marcou o catolicismo contemporâneo na sua identidade e na sua
relação com a sociedade.
O professor José Eduardo Borges
de Pinho no contexto dos 50 anos do Concílio Ecuménico Vaticano II assinala que
há “dificuldade” em situar a Igreja face às suas orientações, mas “indiscutivelmente”
a vida eclesial tem presente esses “frutos”.
“No dia-a-dia da nossa vida na
Igreja estamos mergulhados em muitas coisas que são fruto do Concílio, nem
damos propriamente conta disso”, começa por explicar o docente da Faculdade de
Teologia, da Universidade Católica Portuguesa, destacando a “celebração
litúrgica”, a “importância fundamental” dos leigos ou a “colegialidade
episcopal”.
No dia 8 de dezembro assinalam-se
os 50 anos da conclusão do Concílio Ecuménico Vaticano II (CVII) e o professor
José Eduardo Borges de Pinho frisa que “indiscutivelmente” há muitos aspetos da
vida da Igreja que são concretizações desta assembleia, ainda que “muita gente
não tenha uma consciência” disso.
“Hoje a tarefa que temos não é
mais fácil porque há problemas que se tornam mais percetíveis, temos de ser
criativos para nos perguntarmos o que é aquilo que Deus pede hoje como cristãos
católicos na receção do concílio, na sua aplicabilidade prática”, desenvolveu.
À Agência ECCLESIA, o
entrevistado considera que meio século de receção do Concílio é ainda “muito
pouco” e hoje o “problema é fundamentalmente de acolhimento vivencial”.
O docente relembra que depois do
“marco significativo” que foi o Sínodo extraordinário dos Bispos, em 1985,
houve um “grande esforço” de fazer uma análise “histórica rigorosa e o mais
ampla possível”.
“Nem tudo o que na altura se
sonhou já foi concretizado e sentimos que há limites, fragilidades da nossa
própria vida eclesial que realmente poderiam e deveriam estar já superadas que
não estão”, comenta o especialista em Eclesiologia.
Neste contexto, o professor
catedrático da Faculdade de Teologia recordou, por exemplo, a colegialidade
episcopal que “foi um tema complicado”, a realidade dos cristãos leigos onde
deram-se passos “muito significativos, mas ainda muito pequenos” para o que
pode e deve ser uma Igreja “verdadeiramente responsável no seu conjunto”.
O professor José Eduardo Borges
de Pinho destaca ainda que a palavra “diálogo” é um “elemento-chave” do
Concílio Ecuménico Vaticano II, a começar pelo “acolhimento de Deus”. “Não há
outra forma de anunciar o Evangelho senão numa atitude de diálogo”, insiste.
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