Ato inter-religioso reforça a importância da data - Por Rafaella Martinez
Representantes de 15 religiões se
uniram para promover a paz através do conhecimento e do diálogo.
Um ato ecumênico a ser comemorado
no próximo dia 21/01 celebrará o Dia Nacional do Combate à Intolerância
Religiosa em Santos. A iniciativa é uma realização do Movimento Inter-Religioso
pela Cidadania, do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade
Negra e da Sociedade Islâmica do Litoral Paulista.
“Todas as religiões pregam o amor
ao próximo e nosso principal objetivo é promover o diálogo e o respeito entre
todas as crenças”, afirma o coordenador do movimento, José da Conceição de
Abreu.
O ato acontecerá na Mesquita
Islâmica de Santos e será conduzido pelo sheikh Jihad Hammadeh. A escolha do
local de comemoração deste ano foi simbólica em virtude dos últimos
acontecimentos mundiais e a perseguição aos seguidores do Islamismo.
De acordo com o presidente da
Sociedade Beneficente Islâmica do Litoral Paulista, Salah Mohammad Ali, há uma
tendência de misturar a religião islâmica com a ação de grupos que nada tem a
ver com os princípios da crença.
“O Brasil é um país livre, mas ainda assim
recebemos relatos de pessoas que sofrem preconceito por seguirem nossa crença.
Muitas mulheres relatam casos de discriminação por usarem o véu. O Islã não é
sinônimo de terrorismo. O que nós pregamos é a igualdade entre os homens”.
Para Salah, o debate é um
instrumento fundamental para disseminar o respeito por todas as religiões e
crenças. “Somos irmãos, não somos inimigos”, finalizou.
Religiões de matrizes africanas são as mais perseguidas no Brasil
Criado com o objetivo de promover
a união de todas as religiões existentes no mundo, o Dia Mundial da Religião é
uma data emblemática no Brasil, onde também é comemorado o Dia Nacional de
Combate à Intolerância Religiosa.
Instituída pela Lei 11.635 de
2007, a data é em memória à iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe
Gilda, que teve a casa invadida e seu terreiro depredado após a publicação de
uma reportagem acusando o Candomblé de charlatanismo. Mãe Gilda morreu no dia
21 de Janeiro de 2000, vítima de um infarto.
Casos como o dela não são
isolados no Brasil, nação com uma posição neutra no campo religioso, denominado
Estado Laico. Os últimos dados divulgados pelo Disque 100 da Secretaria de
Direitos Humanos em 2014, registrou 149 denúncias de discriminação religiosa no
país. As principais vítimas são as religiões de matrizes africanas, como o
Candomblé e a Umbanda.
“Muitas vezes somos vítimas de
escárnio e ceifados do direito de depositar nossas oferendas em lugares
públicos. Infelizmente, a discriminação das religiões afro-brasileiras
evidencia também um processo discriminatório racial, enraizado na cultura do
país”, afirmou Ivo Miguel Santos, presidente do Conselho de Participação e
Desenvolvimento da Comunidade Negra.
Para ele, ações como a do grupo
inter-religioso são primordiais para a construção de uma corrente contra o
preconceito e a intolerância. “Estamos em conjunto nesse ato para tentarmos
passar nossa ideia de liberdade. Cada ser humano no mundo tem o direito de
processar o seu credo”.
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