Líderes e adeptos de religiões de matriz africana farão caminhada



Em todo o Brasil, o dia 21 de Janeiro é marcado por celebrações de combate à intolerância religiosa.


No Amapá, com o apoio da Prefeitura de Macapá, por intermédio do Instituto Municipal de Políticas para Promoção da Igualdade Racial (Improir), adeptos de religiões de matriz africana organizam para esta data uma caminhada que sairá da Praça Barão do Rio Branco em direção ao Trapiche Eliezer Levy.

Com apresentações culturais e rituais místicos, líderes de casas religiosas querem chamar atenção da sociedade amapaense pedindo paz e respeito na I Caminhada das Bandeiras de Matriz Africana - Diga Não a Intolerância Religiosa.   

“Nossa luta é por respeito, embora tenham ocorrido alguns avanços nos últimos anos. O maior desafio ainda é o de esclarecimento. O candomblé, a umbanda e outras religiões são demonizadas porque existem pessoas com ideias totalmente equivocadas de nossa filosofia. O que pregamos é o amor e não o ódio. Muitas ações contra nossas casas e a nossa gente estão ligadas ao racismo. As pessoas precisam de mais informação, de saber mais a respeito, e, acima de tudo, respeitar a opção religiosa de cada um. Respeito é a palavra chave. Você pode não aceitar, não compartilhar dos meus preceitos, mas o respeito às diferenças é essencial para a convivência saudável de uma sociedade”, diz mãe Nina, coordenadora do ato em Macapá.   

A data de combate à intolerância religiosa foi instituída em 2007 depois da morte da sacerdotisa do candomblé Gildásia dos Santos, conhecida como Mãe Gilda. Após ter a casa e o terreiro invadidos por grupos de outra religião e o marido agredido, a Iyalorixá morreu em decorrência de um infarto. Atualmente, o dia é uma oportunidade para atentar sobre a necessidade de se respeitar a diversidade religiosa e, assim, reduzir os casos de crimes de ódio no país.  

“Uma das nossas principais lutas, que vai ser oficializada em uma carta de reivindicações às autoridades locais, é a implantação de uma delegacia especializada contra crimes de intolerância religiosa e racismo. A realidade de Macapá não é isolada dos demais casos. Aqui temos muitas casas, pais e filhos de santo que são agredidos, verbal e fisicamente, por sua opção religiosa, esta intolerância é inaceitável, e vamos continuar lutando para combatê-la”, afirma Edicléia Ribeiro (Preta), técnica do Improir.  

A programação inicia às 14h30, na Praça Barão do Rio Branco, com apresentações culturais de Marabaixo, hip-hop, capoeira e rituais místicos com roda de cânticos das nações religiosas. Às 16h, o movimento ganha as ruas, seguindo pela Cândido Mendes até a Av. Padre Júlio, e depois em direção ao Trapiche Eliezer Levy, onde os rituais terão continuidade.





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