A interação entre as naturezas humana e divina na concepção Rahneriana – Por José Ivan Lopes
Na obra: O homem e a graça,
Rahner explica que a natureza humana é naturalmente afeita à revelação:
“não temos nunca essa natureza pura postulada, para poder dizer sempre
exatamente o que, na nossa experiência existencial, se refere a ela e que se
deve ao sobrenatural. Onde quer que se viva concretamente a aspiração à vida
eterna e ao puro amor, que é infinito, a inevitabilidade de uma decisão livre
diante de Deus, as dores do parto, a concupiscência, a fadiga do trabalho e a
morte, portanto, a real essência do homem, tudo isso acontece, consciente ou
inconscientemente, sob o influxo de uma disposição e de uma aspiração
existencial sobrenatural, embora talvez ainda não seja a graça”.
O que o pensamento do autor
destaca é exatamente a interação entre os aspectos humanos e divinos na
composição da natureza do homem, posto que o homem aspira, naturalmente, para o
que é eterno e, consequentemente está em pleno processo de purificação e
aperfeiçoamento.
As concepções antropológicas
rahnerianas implicam diretamente na sua concepção teológica das religiões, pois
é a partir da sua concepção do humano que ele constrói seu pensamento
teológico, que, como se sabe, influencia diretamente na construção de uma nova
leitura acerca das religiões na atualidade.
A grande contribuição de Rahner a elaboração da teologia das religiões na modernidade consiste exatamente em promover uma nova abertura capaz de identificar o caráter receptivo do humano para com o Mistério. Seus estudos apresentam que o homem aguarda uma nova revelação que lhe apresente um novo sentido e esclarecimento acerca e tais realidades que lhe soam como misteriosas; por isso o homem o homem é um "ouvinte da Palavra", no intuito de encontrar uma resposta apaziguadora; essa Palavra é a auto-comunicação de Deus.
Por fim, Rahner proporciona a releitura da teologia das religiões na modernidade e determina a virada antropológica na teologia católica, mantendo ‘o ouvinte da Palavra’ sempre presente na proposição da verdade cristã e no diálogo franco com a cultura moderna. Edifica, com isso, uma das maiores linhas da teologia do século XX, que se diferencia, mas não se contrapõe com outras vertentes da teologia moderna.
* Professor José Ivan Lopes é Mestre em Ciência da Religião pela PUC Minas. Especialista em Pedagogia Empresarial pela FINOM. Licenciado em Filosofia pela PUC Minas. Atualmente é Diretor Acadêmico da FINOM.
Fonte: http://paracatu.net
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