Aldeias onde seita está têm menor índice de suicídio, diz psicólogo – Por Flávio Ilha
O psicólogo Luiz Felipe Barboza
Lacerda, que atua junto a comunidades indígenas do Alto Solimões desde os anos
de 1990, diz que o ressurgimento da seita Santa Cruz tem sido
responsável pelo maior fluxo migratório entre Peru e Brasil na última década.
O motivo é a busca do
"evari", que quer dizer paraíso no dialeto ticuna e, segundo a seita,
fica no Brasil. "Como são comunidades muito voláteis, há bastante migração
em direção à terra prometida", relata.
Lacerda explica que a congregação
tem aproveitado esse fluxo constante para se fixar em comunidades pequenas e
isoladas, onde há poucas alternativas de contestação e onde a mística religiosa
é sempre dominante.
O pesquisador adverte,
entretanto, que é preciso "deixar os preconceitos de lado" na hora de
analisar o papel da Santa Cruz junto a essas comunidades.
"É uma congregação de cunho
pentecostal bem reducionista, com uma divisão de gênero muito forte e bastante
radical em seus dogmas. Mas são, por outro lado, as aldeias com menor índice de
suicídios e com menos registros de alcoolismo", pondera.
O arcebispo católico de
Tabatinga, Dom Alcimar Caldas Magalhães, tem uma visão menos tolerante sobre a
presença da seita junto a aldeias indígenas da região.
O religioso diz que o
ressurgimento deixou de lado a doutrina religiosa para se deter exclusivamente
na questão econômica, a ponto de políticos com mandatos ocuparem cargos na
hierarquia da Ordem para proveito político:
"As orações hoje são as mesmas
da igreja católica. Também não há mais batismo, que é marca fundadora de
qualquer religião. Então, não se trata de uma associação de fundo
teológico, mas de uma organização com fins políticos e comerciais",
afirma.
Fonte: http://noticias.uol.com.br
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