Em 40 anos, a percentagem de muçulmanos na Europa aumentará 63% - Por Jean-Francois Monier
As estimativas foram divulgadas
pelo instituto Pew Research Center e sugerem que a população muçulmana na
Europa passará de 6% para 10%, de 2010 a 2050. Em Portugal, será quatro vezes
maior.
De 2010 até 2050, a população
muçulmana na Europa deverá aumentar 63%, passando de cerca de 43.5 milhões para
70.9 milhões de residentes. Em termos percentuais, o aumento será ainda maior,
de 73%: os muçulmanos a residir no continente europeu representavam 5,9% da
população europeia, em 2010, e deverão passar a representar 10,2% da totalidade
dos habitantes europeus em 2050.
As previsões, divulgadas pelo
instituto norte-americano Pew Research Center num relatório chamado: “O futuro das religiões mundiais: projeções sobre o crescimento das populações,
2010-2050”, mostram um contraste entre o aumento da percentagem de muçulmanos
na Europa e a diminuição da percentagem de cristãos no continente europeu, que
se estima em 9.3 pontos percentuais. Isto porque, segundo as estimativas do
organismo, em 2050 os cristãos deverão representar 65,2% da totalidade da
população europeia, face aos 74,5% que representavam em 2010.
Também o número de habitantes
europeus que não são religiosos (ou seja, que são ateus ou agnósticos)
aumentará, passando a representar 23,3% da totalidade da população europeia, em
2050. Um aumento de 4.5 pontos percentuais, face aos 18,8% que representavam em
2010.
O Pew Research Center estimou
ainda a evolução do crescimento das religiões em toda a população mundial,
entre 2010 e 2050. Aí, o número de muçulmanos no mundo aproximar-se-á do
número de cristãos: se em 2010 a diferença entre os fiéis das duas religiões era
de 8 pontos percentuais (os cristãos representavam 31,4% da população mundial e
os muçulmanos 23,2%), esta diferença deverá diminuir para 1,7% em 2050, devido
à estabilização dos praticantes da religião cristã e ao crescimento dos
muçulmanos no mundo.
Segundo o relatório do Instituto
norte-americano, “o Islão crescerá mais rápido do que qualquer outra das
principais religiões” mundiais, pelo que “o número de muçulmanos quase
igualará o número de cristãos em todo o mundo”.
Este aumento futuro (em termos
numéricos e percentuais) é explicado pelo Pew Research Center, que sugere como
possíveis causas “as taxas de natalidade”, “a mudança de crenças” das pessoas e
a distribuição da fé entre os atuais jovens.
Na Europa, o aumento não deverá
ser alheio às migrações de muçulmanos de outros continentes para a Europa, que
se tem vindo a processar em função da crise dos refugiados e que deverá
continuar, a um ritmo que é ainda difícil prever.
Em Portugal, número de muçulmanos
aumentará muito, mas continuará baixo
Em Portugal, o número de
muçulmanos deverá aumentar cerca de 367%, o que significará que a
percentagem de muçulmanos na população portuguesa será quase quatro vezes maior
em 2050, face ao que era em 2010. Em termos numéricos, isto significa que, se
em 2010 residiam em Portugal cerca de 30 mil muçulmanos, em 2050 deverão
residir no país cerca de 110 mil.
O número de muçulmanos no país,
contudo, continuará bastante abaixo da média do continente europeu: se na
Europa o número de muçulmanos deverá representar 10,2% da população, em 2050,
em Portugal representará apenas cerca de 1,3% da população nacional. Tal
tornará Portugal o 19º país da União Europeia com maior percentagem de
muçulmanos, entre os 28 Estados-membros.
Em 2010, os países da União
Europeia com maior percentagem de muçulmanos nas suas populações eram o Chipre
e a Bulgária (países que fazem fronteira com a Turquia), seguidos de França,
Bélgica e Alemanha. Em 2050, segundo as previsões do Pew Research Center,
Chipre e Bulgária deverão continuar no topo da lista, mas passarão a ser
seguidos pela Suécia e Reino Unido, para além da Bélgica. A que se seguirão
França, Alemanha, Itália e Países Baixos, respectivamente.
Um dos maiores aumentos da
percentagem de muçulmanos numa população nacional ocorrerá em Espanha. Em 2010
estes representavam apenas 2,1% da população espanhola, ao passo que em 2050
deverão representar cerca de 7,5% da totalidade dos espanhóis. A sua
representatividade no país, em 2050, deverá assim ser três a quatro vezes
superior, face ao que era estimado há cerca de 6 anos.
Fonte http://observador.pt
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