Reinventar o mundo: a urgente incumbência da humanidade – Por José Ivan Lopes
A crise da civilização
contemporânea se manifesta na perspectiva econômica, social, política é,
concomitantemente, fruto da violência e geradora da desconfortante sensação de
insegurança para a humanidade. Basta olharmos à nossa volta para concluirmos
que os valores éticos e morais perderam o sentido.
O nosso congresso nacional, por
exemplo, está repleto de corruptos, que se sentem no direito de julgar e
condenar outros corruptos. Dos sessenta e cinco componentes da comissão do
impeachment na câmara dos deputados, pelo menos oito são investigados por
corrupção, por isso, para o bem da verdade, não deveriam nem mesmo fazer parte
do congresso nacional.
Além da grave crise política, a violência é outro fator preponderante no processo de esvaziamento permanente do sentido da humanidade. É verdade que a corrupção já é uma grave forma de violência contra o ser humano, pois tão grave quanto a agressão praticada pelos chamados terroristas dos atentados na França ou na Bélgica ou pelos protagonistas dos homicídios, roubos e barbáries que fazem de Paracatu a segunda cidade mais violenta do Estado de Minas.
Com o propósito de buscar alternativas para a crise dos fundamentos da civilização atual, Jean-Claud Guillebaud, na obra, A reinvenção do mundo: um adeus ao século XX, chama a atenção para a necessidade de uma profunda reflexão sobre o futuro da civilização. Para tanto, propõe alguns questionamentos que auxiliam na leitura da realidade atual:
“porque é necessário reinventar o
mundo?” O que é possível fazer para a construção de uma sociedade pacífica e
fraterna? Quais são os alicerces para um projeto emancipatório viável e
coerente? O que é necessário para o enfrentamento das crises mais profundas em
que nosso mundo se encontra?
Guillebaud aponta a falta de manutenção de valores e princípios éticos norteadores da vida em sociedade como um motivo preponderante para o desencadeamento da crise da humanidade.
Ele afirma ainda que “sem filiação a
uma história e sem transmissão de uma tradição, a humanização é inimaginável”.
Tal rompimento descaracteriza a humanidade e tira-lhe os principais
referenciais valorativos, além de extorquir-lhe a sua essência.
Posto isto, há que se idealizar referenciais valorativos que inspirem um novo sentido para a humanidade. Mas onde buscar as certezas necessárias, capazes de indicar caminhos para a construção de um novo projeto civilizatório? O maior desafio é aprimorar a capacidade de identificar sinais positivos que merecem ser evidenciados. Por isso, a necessidade de pontuar alguns pilares essenciais da civilização contemporânea, que, segundo o autor, são:
1) a compreensão do tempo como
progresso e fonte de esperança no futuro promissor (judaísmo);
2) a ideia de indivíduo e de
igualdade proposta pelo cristianismo;
3) o conceito de razão crítica e
emancipatória dos gregos;
4) a imagem do universo conforme
a concepção dos povos helênicos;
5) o entendimento de justiça e
dignidade humanas, dos pensadores iluministas;
6) o valor da democracia,
concebida como princípio de convivência humana e da relação interpessoal.
Esses fundamentos são heranças valorosas e ajudam questionar a lógica do sistema que continua a produzir cada vez mais injustiças sociais, na busca incessante de possíveis saídas para reinventar a humanidade.
* José Ivan Lopes - Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas. Especialista em Pedagogia Empresarial pela FINOM. Licenciado em Filosofia pela PUC Minas. Atualmente é Diretor Acadêmico da FINOM.
Fonte: http://paracatu.net
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