Véu islâmico volta a ser tema em tribunal da UE
Símbolos religiosos devem ser
permitidos no local de trabalho? Na União Europeia, há diferentes
interpretações.
Tema agora vai ser julgado pela
Corte Europeia de Justiça devido a queixas provenientes de França e Bélgica. Desde a última terça-feira
(15/03), a Corte Europeia de Justiça passou a deliberar novamente sobre o uso
de símbolos religiosos em locais de trabalho, um ponto sensível num continente
majoritariamente católico que vê a população de fé islâmica cada vez mais
crescer.
No primeiro caso, trata-se de uma
projetista de software francesa, que foi demitida depois de um cliente ter
reclamado que ela estava usando o véu islâmico durante as reuniões. No segundo,
uma recepcionista da Bélgica, que usa o hijab, processou seu empregador
por ele proibir seus funcionários de usarem símbolos de convicções políticas,
filosóficas ou religiosas no local de trabalho.
Em ambos os casos, os juízes
competentes na França e na Bélgica recorreram ao tribunal da União Europeia
(UE) com vista à interpretação da legislação da UE. Um veredicto é esperado
somente dentro de alguns meses.
Uma regra, muitas interpretações
Basicamente, uma diretriz da UE
estabelece regras contra a "discriminação no local de trabalho em razão da
religião ou da convicção, de uma deficiência, da idade ou da orientação
sexual". De acordo com tal legislação, o uso de véu no local de trabalho é
permitido para as mulheres. Mas o empregador pode limitar esse direito.
"Os condicionamentos devem
ser razões objetivas, como a segurança no local de trabalho, uma presença
externa unificada para os funcionários ou uma potencial ameaça aos negócios
devido a reclamações comprováveis de clientes", explica Christian
Pestalozza, professor de Direito na Universidade Livre de Berlim.
"A proibição do empregador
belga é justificada nos termos do artigo 4° da diretriz da UE, quando esse tipo
de atividade exige. O fato de eu tratar todos iguais, ao proibir qualquer
funcionário de se destacar por razões de imagem, não é suficiente quando não
existe qualquer razão objetiva", complementa Pestalozza. Dessa forma,
argumenta, todos os empregados seriam discriminados.
Em alguns países europeus, o uso
de um véu no local de trabalho é motivo frequente de discussão. Embora os
veredictos já proferidos se refiram, em grande parte, somente ao serviço
público, as proibições legais e o debate aberto também afetam o setor privado,
como mostram os seguintes exemplos.
França
Entre os franceses, a questão do
véu já foi decidida há um século: na república laica, a lei de 1905 sobre a
separação da Igreja e do Estado proíbe a todos os funcionários públicos o uso
de símbolos de filiação religiosa durante o exercício de suas funções. Por esse
motivo, não existe nenhuma professora muçulmana usando o hijab.
Reino Unido
Os britânicos se mostram
tolerantes diante da religião. Muçulmanas usando o véu islâmico estão por todas
as partes, seja no supermercado, nos departamentos de venda de importantes
casas comerciais ou nos restaurantes. Também funcionários públicos, como policiais
ou professoras, podem usar símbolos religiosos durante o exercício
profissional. Entre os súditos da rainha, essas questões de vestuário estão
garantidas pelo direito à liberdade religiosa.
Dinamarca
Um supermercado e uma loja de
departamentos dinamarqueses tiveram de pagar multas e indenizações por despedir
mulheres que usavam o véu islâmico. As penalidades ajudaram a fazer com que as
empresas mudassem sua política: posteriormente, muitas dessas firmas passaram a
permitir o uso do hijab para funcionárias muçulmanas.
Suécia
No país escandinavo, houve um
longo debate sobre mulheres que usam o véu islâmico na TV. A emissora pública
SVT sofreu duras críticas por querer proibir uma muçulmana de apresentar um
programa para imigrantes usando um hijab. A emissora justificou a decisão
com uma diretriz que proíbe qualquer um dos apresentadores de usar vestuário
que possa distrair do conteúdo da transmissão.
Agora a SVT cedeu: as mulheres
podem usar o véu islâmico, com exceção de apresentadores de noticiário, que
devem permanecer vestidas de forma "neutra".
Na Suécia, o código de vestuário
no serviço público é liberal. Policiais suecos podem cobrir sua cabeça por
razões religiosas com turbantes, véus ou solidéus judaicos. Com duas condições:
eles têm que combinar com os uniformes azuis e ser comprados pelo próprio
usuário.
Fonte: http://www.dw.com
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