Governo alemão diz que "islã faz parte do país"
O
governo alemão expressou nesta segunda-feira rejeição aos pronunciamentos
islamofóbicos da formação populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD)
e lembrou que, tal como expressou reiteradamente a chanceler Angela Merkel,
o "islã faz parte do país".
A
Constituição garante a liberdade de religião e de culto, apontou o porta-voz do
governo, Steffen Seibert, para acrescentar que não era incumbência do Executivo
"comentar" os conteúdos dos programas dos partidos políticos.
O
porta-voz da chanceler respondeu assim à polêmica surgida por causa das
declarações da vice-presidente da AfD, Beatrix von Storch, no fim de semana
passado, que definiu o islã de "ideologia que não está de acordo
com a Constituição" alemã e alertou contra a suposta
"islamização" progressiva do país.
A
própria Merkel, questionada sobre a questão em um comparecimento junto ao
presidente da Indonésia, Joko Widodo, se limitou a repetir as palavras de
Seibert com relação à liberdade de religião, para acrescentar que "a
imensa maioria dos muçulmanos pratica aqui sua religião de acordo com a
Constituição".
Quando
não é assim, enfatizou a chanceler, corresponde aos corpos de segurança atuarem
em consequência e mantê-los sob observação.
Storch,
representante do ala mais radical desse partido, se propõe a impulsionar uma
moção no próximo congresso da formação, que será realizado em duas semanas em
Stuttgart (sul do país), para proibir símbolos muçulmanos.
Sua
proposta, secundada por outro dos vice-presidentes do partido, Alexander
Gaulant, suscitou críticas de todo o espectro parlamentar alemão.
Desde
as fileiras conservadoras de Merkel, o porta-voz de assuntos religiosos de seu
grupo parlamentar, Franz Josef Jung, advertiu sobre a progressiva radicalização
desse partido e disse que sua postura com relação ao islã cai na
inconstitucionalidade.
O
Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha já havia expressado no domingo
protesto e seu presidente, Aiman Mazyek, comparou hoje o AfD com o partido
nazista e o qualificou de partido anticonstitucional.
Estima-se
que na Alemanha vivam quatro milhões de muçulmanos, aos que é preciso somar a
grande maioria dos 1,1 milhão de peticionários de asilo chegados ao país no ano
passado.
A
AfD é uma formação emergente, presente nas câmaras regionais de seis dos 16
estados federados alemães, assim como na Eurocâmara, embora sem cadeiras no
Bundestag.
No
pleito regional realizado em março em três estados federados, o partido obteve
porcentagens que oscilaram entre 12% e 24% e as pesquisas em nível nacional
(embora as próximas eleições não ocorrerão até o ano que vem) lhes outorgam uma
perspectiva de voto de 12% há algumas semanas.
Fonte: http://exame.abril.com.br
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