Religiões na era high tech – Por Raquelle Wacemberg



A tradição tem interagido com a tecnologia em várias igrejas da Região Metropolitana.

Manter a fé de tradições milenares com a cara do século 21. Religiões que se curvam à era tecnológica, mas não deixam de lado a essência da doutrina.

Graças à Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, no século 16, estátuas, imagens e pinturas desaparecem para dar lugar à simplificação do culto. Sem expressões visuais da religiosidade, a adaptação ao mundo contemporâneo para os templos evangélicos é mais simples.

Não pelo mesmo motivo, mas para os mórmons, que surgiram no século 19, a chegada da tecnologia também não interfere nos dogmas da religião. Pelo contrário. Fazem questão de acompanhar a modernidade. Os católicos, embora de forma mais discreta, já têm se adequado ao uso da tecnologia.

Por conta do ritual pré-moderno, a Igreja Católica não consegue se render às exigências da modernidade. Os ritos "ainda são determinantes para a religião”, explica o professor do Departamento de História da UFPE, Severino Vicente da Silva.

Católicos

Apesar da resistência, alguns templos católicos no Estado já possuem conectividade diária com os fiéis. Na Nossa Senhora de Fátima, no bairro de San Martin, Zona Oeste do Recife, a comunidade pode interagir com o padre da paróquia por um aplicativo que tem o mesmo nome da igreja. É até possível pedir orações pela plataforma. 

“Preciso separar uma hora do dia para acompanhar tanto o aplicativo quanto o meu WhatsApp”, disse o pároco Laércio José de Lima. Os administradores do app, acrescentou, mandam mensagens para os usuários com o objetivo de incentivar a leitura bíblica.

Protestantes

Em vez de bíblias, tablets e smartphones. Os ternos e paletós foram substituídos por camisas básicas e calça jeans. Foi-se a época em que os cânticos eram encadernados ou colocados em lâminas para retroprojetores. 

A realidade digital pode ser vista na A Ponte, que fica no Bairro do Recife, área Central da Capital. A troca inusitada de trocar a bíblia por um tablet para pregar. Máquinas de cartão de crédito e débito para facilitar a vida dos membros. Com tantos recursos tecnológicos, o pastor da igreja, Guilherme Franco, destacou que a prioridade é a ortodoxia. “Hoje, temos muitos métodos que podem nos auxiliar, mas fazem parte do superficial, e não do essencial”, disse.

Mórmons

São 83 capelas e um templo no Estado. Todos eles com tendências tecnológicas. Rede Wi-fi para quem deseja acessar a internet. Nos cultos, bispos substituem a bíblia por tablets. Por meio de aplicativos específicos da igreja, os membros podem acompanhar os hinos tocados nas celebrações pelo celular. 

“A igreja tem a tendência de disponibilizar para as pessoas a forma que melhor convier para ter acesso às escrituras e palavras dos apóstolos e profetas da igreja”, afirmou Mozart Soares, diretor assistente de Assuntos Públicos da igreja em Pernambuco. A assistente de marketing Richelle Santos, 23 anos, não deixa de levar o smartphone para as aulas na capela do bairro de Piedade.







Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Negociar e acomodar identidade religiosa na esfera pública"

Pesquisa científica comprova os benefícios do Johrei

A fé que vem da África – Por Angélica Moura