Desconhecimento sobre crenças aumenta intolerância religiosa/TO
Na última roda de conversa sobre
o tema, realizada na segunda-feira, 20/06, na Defensoria Pública do Estado do
Tocantins (DPE), foi exposta a necessidade de ampliar o debate, com relatos de
situações de intolerâncias religiosas que as pessoas passam.
O desconhecimento ou a falta de
informações sobre as correntes religiosas podem ser a causa da intolerância
contra as crenças.
No Tocantins, o Comitê Estadual de Respeito à Diversidade
Religiosa, entidade vinculada à Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça
(Seciju), tem provocado essa discussão, seja em reuniões públicas e rodas de
conversas, momentos estes em que féis islâmicos, judeus, candomblecistas,
católicos, protestantes e demais religiões, bem como professores, estudantes e
agnósticos do Estado discutem o respeito à diversidade religiosa através do
conhecimento básico das religiões e troca de experiências.
No Brasil, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 64,6% da população se
declarou católica no censo realizado em 2010, enquanto 22,2% se declararam
evangélicos, ou seja, os cristãos representam 86,6% dos brasileiros.
Entretanto, apesar dos cristãos serem a maioria, o percentual restante, os
13,4%, mostra a tamanha diversidade de correntes no país, resultantes de
inúmeras influências culturais, sincretismos e crenças, que enriquecem a
humanidade.
Não há dúvida que há uma
diversidade religiosa no Brasil. O Censo 2010 do IBGE mostra isso:
Espírita,
2%; Testemunha de Jeová, 0,7%; Umbanda, 0,2%; Budismo, 0,13%; Candomblé, 0,09%;
Novas Religiões Orientais, 0,08%; Judaísmo, 0,06%; e Tradições Esotéricas,
0,04%.
Mas até que ponto as pessoas conhecem bem essas outras crenças? Para o
Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa, a falta de conhecimento
que leva a discriminação.
Quando não se sabe o que prega
cada religião se torna mais fácil discriminá-la. Por isso, segundo uma das
representantes do Comitê e assessora técnica da Seciju, Bárbara Risomar, a
público-alvo a se alcançar nas reuniões são os servidores e estudantes da
educação, seja Básica, Fundamental, Médio e Superior.
"É da educação que
mais recebemos reclamações de intolerância religiosa, até mesmo com os mais
novos. Por isso, precisamos levar para lá esse debate, para que desde cedo
aprendam que existe uma grande diversidade religiosa e é preciso
respeitá-la", afirmou.
Na última roda de conversa sobre
o tema, realizada na segunda-feira, 20/06, na Defensoria Pública do Estado do
Tocantins (DPE), foi exposta a necessidade de ampliar o debate, com relatos de
situações de intolerâncias religiosas que as pessoas passam, principalmente por
desconhecimento da maior parte da sociedade sobre as respectivas religiões.
A representante do Islã,
Rosângela Bazaia, deu um breve panorama de como o Islamismo surgiu e a sua
enorme contribuição para o Brasil.
"O Islã trouxe muita coisa boa para
nós, brasileiros, além de sermos a religião que mais cresce em adeptos no
mundo. Por não nos conhecerem, muitos acabam sendo intolerantes conosco e nos
discriminando", lamenta.
A professora da Educação Superior
e adepta ao Candomblé, Maria Aparecida de Matos, ensina cultura afrodescendente
para universitários e aproveitou o momento para pautar a sua forma de
trabalhar.
"Eu tomo todo o cuidado para não ofender as pessoas de diversas
religiões nas minhas turmas de alunos. Sempre procuro escolher textos que não
ofendam outras religiões, mas que mostrem o como é a nossa cultura e a nossa
religião. Eles precisam conhecer para enxergarem mais a diversidade como algo
bom", explica.
Para o professor de cultura
religiosa da Educação Básica, Maurício Santos da Luz, a religião é um fenômeno
social como vários outros.
"No entanto, a maioria das pessoas só olha para
si, para seu próprio modo de viver, para a sua religião, sem enxergarem as
demais, o que dificulta muito o combate à intolerância", ressalta.
A mãe-de-santo (Yalorixá) Tânia
Cavalcante afirmou que esse é um espaço conquistado pela sociedade civil.
"Nós conseguimos criar esse comitê e ele é o lugar ideal para pensarmos
juntos no combate à intolerância religiosa. Essa roda de conversa nos mostrou
quantos desafios teremos pela frente, mas trabalharemos juntos em formas de
disseminar uma cultura de paz, trabalhando como uma forma íntima e única de
devoção ao seu deus e deuses", disse.
Ações
A próxima ação do Comitê Estadual
será uma reunião aberta à comunidade, em Araguaína, com foco nos professores e
estudantes.
"O debate precisa chegar à sociedade como um todo. Sabemos
disso, e a melhor forma de disseminar essa discussão é através dos educadores e
dos educandos, que aprendem e ensinam, como uma via de mão dupla",
conclui.
Além disso, o Comitê prevê ações futuras nas escolas de todos os
níveis e comunidades, bem como a promoção ao conhecimento das diversas
religiões com cartilhas, encontros, dentre outros.
Fonte: http://www.ogirassol.com.br
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