O desafio de ser cristão nas Arábias – Por Olmes Milani
É importante não generalizar
conceitos ou preconceitos a respeito da presença do Islã, seja no Oriente Médio
ou nos países do Extremo Oriente da Ásia.
Obviamente, as ações dos grupos
radicais, no Iraque e Síria alimentam as notícias das redes da grande mídia
internacional, dando a impressão de que o islamismo é igual em todos os
lugares.
Expatriados de muitos países que
trabalham e moram nos Emirados Árabes Unidos, Omã, Kuwait, Barhein, Qatar e
Jordânia, respiram ares bastante diferentes. Certamente a experiência de
praticar religiões que não sejam o Islã é muito diferente, se fizermos
comparações com países de tradição e cultura cristãs.
Nos Emirados Árabes Unidos, a
presença islâmica é avassaladora. São 5.251 mesquitas espalhadas sobre um
território, relativamente pequeno, de 83.600 quilômetros quadrados.
Salas de oração, em centros e
edifícios comerciais e parques, reforçam ainda mais a atmosfera islâmica do
país. Em qualquer parte da cidade, é possível ouvir os chamados para a oração,
cinco vezes por dia, emitidos pelos poderosos sistemas de amplificação.
De acordo com o Research
Center's Religion & Public Life Project: United Arab Emirates de 2010
, dos quase 10 milhões de habitantes, 77% são islâmicos, 10% católicos, 4%
hinduístas, 2% budistas e 7% outras religiões ou nenhuma.
Uma das preocupações comuns de
quem vem morar por esses lados, e não é muçulmano, refere-se à prática de sua
religião.
"Será que é proibido seguir
outra religião?". "Será que existem igrejas cristãs?".
"Como será a vida de um cristão em um país muçulmano?". Estas são as
perguntas mais frequentes.
Os governantes dos Emirados
Árabes Unidos e a mídia, sempre que uma ocasião se apresenta, manifestam seu
orgulho de serem considerados um país aberto e tolerante com as outras
religiões. As igrejas cristãs e templos no país são construídos em terras
generosamente doadas pelos governantes de cada Emirado.
Atualmente, em todo o país, são 8
os locais destinados às igrejas e templos. Todas as atividades relacionadas com
o culto e doutrinação devem ser realizadas, nas dependências das instituições
religiosas.
As igrejas não têm permissão para
exibir cruzes ou colocar sinos acima do teto. As construções devem ser baixas
sem a opulência das igrejas cristãs de outros países. Quase todas a igrejas católicas
estão funcionando no limite de sua capacidade.
Além de usar todos os espaços
internos dos edifícios, algumas delas levantaram grandes tendas para abrigar os
frequentadores do sol, sob as quais participam das funções religiosas,
transmitidas por telões.
Por ser um país islâmico cujo
feriado semanal é a sexta-feira, as atividades religiosas dos cristãos e outras
religiões sucedem neste dia em vez do domingo.
Para atender o maior número de
participantes, são celebradas até 15 missas, numa sexta-feira, em 9 ou mais
línguas. A curiosidade é que a liturgia dominical é celebrada nos três dias,
sexta, sábado e domingo.
A Igrejas Anglicanas, além de
edificarem seus lugares de culto, multiplicaram salas para acolher grupos
cristãos que não possuem estrutura própria.
Aos estrangeiros e cidadãos
locais, respeitar o Islã é tido como obrigatório. Blasfemar ou cometer
sacrilégio contra qualquer religião é profundamente ofensivo.
O descumprimento dessas regras
pode resultar em prisão ou deportação, previstas pela Constituição do país. O
proselitismo com a intenção de converter muçulmanos é proibido, mesmo que seja
praticado de maneira inconsciente.
O ensino de qualquer religião que
não seja o Islamismo não é permitido, em escolas públicas. Por causa dessas
questões, é importante ficar atento às manifestações de fé em público; por
exemplo, colocar terços ou adesivos de cunho religioso no carro e usar
vestimentas ou acessórios que "denunciem" a sua crença, como as
camisetas com imagens de santos e crucifixos. Isso é considerado como
proselitismo.
Os muçulmanos têm muita
dificuldade de aceitar qualquer ideia religiosa que não seja estritamente
monoteísta. Embora não concordem com a definição de Deus Uno e Trino, os
cristãos são bem vistos, por serem considerados "do Livro", uma forma
que se refere aos cristãos e judeus, por serem monoteístas.
* Missionário Pe. Olmes Milani
CS.
Fonte: http://br.radiovaticana.va
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