O Movimento Radical da Reforma (história e atualidade)
Os grupos da reforma
mais conhecidos, como os luteranos, zwinglinianos e calvinistas, terminaram por
ser aceitos e tolerados para que a situação política da época fosse sustentável
depois de um tempo de fortes enfrentamentos.
No entanto, havia
outros grupos, pequenos, descentralizados, pacifistas, defensores da
interpretação independente da Bíblia, de uma teologia radicalmente
cristocêntrica, de uma separação inegociável entre Igreja e Estado, à margem
das “igrejas territoriais”, de grande simplicidade litúrgica, e que se tornaram
conhecidos, sobretudo, porque se posicionavam contra o batismo infantil.
Por suas ideias
radicais e porque rebatizavam adultos, eram chamados “Anabatistas”, e foram
fortemente perseguidos, inclusive pelos contemporâneos reformadores
protestantes.
Para não serem
presos, torturados e queimados vivos ou afogados publicamente, grupos como os
Huteritas, Menonitas e Amish migravam para outras partes da Europa e do mundo
em busca da livre expressão religiosa.
Conhecer as bases
filosóficas e teológicas dos Anabatistas é não apenas compreender que houve uma
“ala radical” da reforma protestante, mas chamar atenção para um
contramovimento dentro do próprio protestantismo.
Obviamente, não
estamos nos referindo a algo como a contrarreforma católica, mas a um movimento
de radical preocupação com princípios bíblicos à luz dos quais foram
questionadas, não só a instituição católica, mas mesmo as incorreções e
imprecisões, segundo os reformadores radicais, ainda presentes nas reformas
implementadas por Lutero, Zwínglio e Calvino. Menno Simons deve ser colocado,
ao lado dos três primeiros, como um dos quatro nomes mais relevantes para a
compreensão do movimento intelectual e eclesiástico que foi a reforma
protestante, inclusive no que diz respeito à herança que, afinal, a reforma
deixou para a história da cristandade. A influência da reforma radical não é de
forma alguma pequena.
O propósito da
primeira palestra é mostrar os conceitos fundamentais anabatistas, seu alcance
e influência, e indicar as fontes bibliográficas de maior importância
disponíveis para os estudos dessa tradição.
Por outro lado,
conhecer a história de migração dos Anabatistas é acompanhar a história da
Europa, da Ásia e das Américas nos últimos 500 anos. Aonde quer que chegassem,
esses migrantes se mantinham separados da comunidade local, mantendo seus
dialetos derivados do alemão e holandês, seus costumes e, acima de tudo, sua
religião. Sempre que a perseguição os alcançava, as mudanças políticas lhes
eram demasiado extremas ou a terra se apequenava para as famílias de
agricultores, se mudavam para outra parte do mundo.
Atualmente, muitos
desses grupos ainda existem, algumas vertentes adaptadas ao contexto
contemporâneo, como no Brasil e nos EUA, mas outras ainda vivendo bastante
separadas, assim como os seus antepassados, como os Menonitas no México e na
Bolívia.
O propósito da
segunda palestra é apresentar as raízes dos anabatistas, e quão diferente ou
semelhantemente esses grupos radicais da reforma atualmente vivem e expressam
seus valores e princípios religiosos no contexto social, econômico, político e
do meio ambiente em alguns dos lugares onde se assentaram.
Este é o primeiro de
uma série de eventos a serem promovidos pelo Núcleo de Graduação em Ciências da
Religião e pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da
Universidade Federal de Sergipe por ocasião dos 500 anos da Reforma
Protestante, que se completam em outubro de 2017.
Veja mais sobre o
evento em: https://www.sigaa.ufs.br/sigaa/link/public/extensao/viewCursoEvento?id=21098751
Fonte: http://www.anptecre.org.br
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