Umbandistas discutem ‘mercado’
Presente ao seminário de umbanda, ex-secretário de Justiça de SP, Hédio Silva Júnior, diz que religião visa o bem-estar.
A religião deve ser vista como um instrumento para a promoção do ser humano e não como uma disputa de mercado. A afirmação foi feita pelo professor de direito e advogado Hédio Silva Júnior, ontem, no 1º Seminário Regional de Lideranças da Umbanda, realizado no Teatro Municipal de Bauru. Ele foi secretário de Justiça do Estado de São Paulo no governo Geraldo Alckmin.Convidado para falar sobre a criação do Código de Ética da Umbanda, Silva ressaltou que a sociedade não pode admitir a questão do mercado religioso. “A religião não é para poder disputar poder aquisitivo”, afirmou. “O propósito dela é a construção de uma cultura de paz, de permitir a felicidade e o bem-estar humano”. Ele criticou as práticas de charlatanismo feitas por algumas pessoas em nome da religião. Segundo ele, ações dessa natureza são características da condição humana, mas o problema é quando se mistura a discriminação e a intolerância com uma conduta que seja eticamente reprovável. Silva comentou que o código de ética vai estabelecer a relação entre os sacerdotes e entre eles e os fiéis e a comunidade. Destacou que o código poderá servir de exemplo para outras religiões. Além disso, o professor e advogado citou que o documento é uma forma de combater o preconceito. De acordo com ele, quando há uma crítica a um padre ou rabino, por exemplo, ninguém acusa a religião por aquela conduta. Mas no caso das religiões minoritárias, como a umbanda e o candomblé, se um sacerdote comete uma falha, toda a instituição paga por isso. O seminário foi coordenado pela Umbanda Fest, presidida pelo profissional de marketing Ricardo Barreira. Além de tratar do código, o evento abordou a apresentação do projeto “Umbanda 100 anos” - o centenário da religião será comemorado em 15 de novembro deste ano. Segundo Barreira, haverá atividades durante o ano todo. Em maio está prevista mostra cultural, com exposição fotográfica. Quatro meses depois será realizado um congresso. O ponto alto das atividades será em novembro com a Umbanda Fest, um evento cultural. Barreira conta que a umbanda é a única religião genuinamente brasileira. Foi fundada em 15 de novembro de 1908 no Rio de Janeiro por Zélio Fernandino de Moraes.Segundo ele, na fundação da religião Moraes deixou claro que a umbanda era a manifestação do espírito para a obra da caridade. Diz que é uma religião cristã, que acredita em Deus e em Jesus Cristo, mas tem também os orixás e os mentores.
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