A profanação dos lugares sagrados na cidade de São Luís durante os 400 anos de espiritualidade cristã (Parte 1) - Por Eulálio de Oliveira Leandro


Dentro em breve a cidade de São Luís deverá comemorar o 4º centenário de sua fundação. É oportuno registrar que a Rainha da França recomendou ao comandante, o Senhor de La Ravardière, protestante calvinista, que a Colônia fosse Católica Apostólica Romana.

Seria importante a comemoração dos 400 anos de espiritualidade católica, conforme consta no livro de Claude d’Abeville, o ato solene da edificação da Grande Cruz, a 8 de setembro de 1612. 

No entanto, o livro “Acordando Palavras Dormidas”, de Frei Rogério Beltranni, registra a celebração da 1ª Missa na ilha de São Luís, a 12 de agosto de 1612, pelos capuchinhos Frei Ivo de Evreu, Frei Arsênio de Paris, Frei Ambrósio de Amiens, Frei Claude d’Abbeville. Esses religiosos foram os propagadores da boa-nova e da fé entre os povos nativos. 

Passando de geração a geração, durante esses 400 anos, a hóstia da fraternidade continua sendo a seiva que alimenta a fé do povo ludovicense.

O local da celebração da primeira missa e do levantamento da Grande Cruz não foi preservado, para não materializar o legado dos religiosos franceses, como os primeiros civilizadores cristãos da história da cidade de São Luís.

A depredação dos oratórios – Havia em São Luís, nas casas das famílias abastadas da classe média e sem posses os oratórios onde a família unida rezava a oração noturna, e, assim, todos os dias fortalecia-se a espiritualidade cristã de cada uma.

A tradição dos oratórios vem desde os tempos dos romanos que mantinham em casa os altares para a proteção do lar. O Cristianismo salvou-os e aqui eles chegaram com a cruz e o evangelho.

Em São Luís, as famílias ostentavam os seus oratórios de madeira de lei e povoados com os seus santos, exibindo-os com orgulho aos visitantes.

No entanto, as gerações futuras, avessas à religião, não seguiram a tradição familiar. Se as antigas famílias tinham em suas casas o piano, a biblioteca e o oratório, a família moderna de São Luís, empobrecida em sua fé e apegada a valores materiais preferiram a churrasqueira, o bar e a piscina. Estes três elementos estão presentes nas casas das famílias privilegiadas de São Luís. E são objeto de desejo das menos aquinhoadas.

Visitamos uma antiga residência da aristocracia rural maranhense no centro da cidade. Esta casa se esmerava em ter um dos maiores e mais imponentes oratórios, com uma grande quantidade de santos. 

Hoje, só resta o móvel do oratório e um santo, e ambos estão à venda. Se na maioria das casas de São Luís havia um oratório, imaginemos nos últimos 50 anos quantos oratórios foram destruídos com os seus altares, o que constitui uma das maiores atrocidades ligadas à história da família cristã ludovicense.

*Professor da rede pública do Estado do Maranhão, membro do Instituto Histórico e Geográfico (Caxias/MA) e membro da Academia Brejense de Artes e Letras (Brejo/MA).

Fonte: http://www.jornalpequeno.com.br

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