Professores relatam desvalorização da categoria - Por Marjorie Ribeiro



No 1º de maio, o Portal Aprendiz procurou professores da rede pública de diversos estados para saber quais são as principais demandas da categoria. Baixos salários, carga horária pesada e falta de uma qualificação adequada são algumas das reivindicações recorrentes à profissão que reclama do descaso geral do Estado. Acompanhe os depoimentos:
Paulo Brito é professor de Geografia e Cîências Ambientais.
Pedro Paulo Brito – Manaus / AM
O processo de formação continuada na cidade de Manaus ou mesmo no Amazonas ainda é algo que está longe da realidade. O que há é uma reciclagem em forma de palestra por parte de pedagogos que nunca estiveram em uma sala de aula, fazendo com que a maioria dos professores não tenha de fato a qualificação necessária.
Não vejo qualquer avanço [nas questões relacionadas à categoria], o que existe é uma espécie de cala boca com algumas bonificações, aumento de fato não existe a não ser de trabalho. Nós professores não precisamos de notebook, tablets ou pen drive o que queremos é que as leis sejam respeitadas e um piso salarial justo e digno.
Moisés é professor de Engenharia Agrícola.
Carlos Moisés Medeiros  – Manaus / AM
O investimento na educação é irrisório, apesar dos recursos financeiros de que o país dispõe. Vejo que a educação não é levada a sério pela classe política e nem pela sociedade.
A pauta de reinvidicação dos professores é a de sempre, reajustes salariais e melhores condições de trabalho, que só podem ocorrer com aumento de investimento do poder público na educação.
Ultimamente só ocorrem falácias, muita discussão e pouca ação, a educação é tocada como bandeira política, não há efetivação concreta das ações.
Giuliano Mendonça é professor de História.
Giuliano Vandson Mendonça – Fortaleza /CE
O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), declarou à imprensa que professor não deve exigir aumento salarial e que deve trabalhar por amor. Hoje um professor estadual ganha pouco mais de 2 salários mínimos. No último concurso passaram cerca de 3.500 profissionais. Com pouco mais de 6 meses, após iniciarem a carreira no magistério, 800 professores já haviam desistido. Principal causa? Desvalorização.
A profissão em todo o Brasil é extremamente desvalorizada. Não é de interesse da elite brasileira e dos políticos terem uma população que pense. Uma população crítica não aceitaria tudo que acontece de irregularidades, de corrupção e principalmente de impunidade. Por isso, enquanto os políticos entenderem a educação e a valorização do professor como um gasto e não como um investimento, o Brasil continuará do jeito que está. Nos últimos dez anos, as exportações cresceram, mas e os índices sociais? Saíram de péssimos para ruins.
Denise é professora de Geografia.
Denise Pessoto – Presidente Bernardes / SP
Durante todo o governo PSDB, que está no poder há vários anos, todas as mudanças foram feitas de cima para baixo, não havendo consultas à categoria. Os reajustes salariais acontecem esporadicamente e sem respeitar a data-base. A grade curricular é alterada e aulas aumentam ou diminuem sem critérios justificáveis.
As mudanças e investimentos acontecem, mas nenhuma delas contemplam as necessidades reais dos professores. O resultado é que a qualidade do ensino, que não passa apenas pelas mãos dos professores, vem piorando ano após ano. A educação necessita de medidas concretas e não de medidas paliativas que mascaram a realidade.
Diego Navarro é professor recém-formado.
Diego Navarro – São Paulo / SP
Acredito que o maior desafio da categoria docente, ao menos no âmbito do governo do Estado de São Paulo, seja voltar a se enxergar como uma única categoria profissional, e posteriormente voltar a acreditar na força que podemos ter. Nossos governantes comandaram um verdadeiro desmantelamento da categoria, o que acabou servindo não só para conseguirem contratar mão de obra barata, como também para desmoralizar o professorado.
Sob uma perspectiva do dia do trabalhador, eu diria que temos uma tarefa clara: organizar a categoria docente, demonstrar para sociedade (e para nós mesmos) a importância política que tal categoria carrega e mobilizar nossas forças para fazer com que o governo nos trate com a dignidade que merecemos.

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