Terremoto destruiu patrimônio milenar na Itália - Por Agência Reuters



O castelo La Rocca, em San Felice Sul Panaro, teve as torres destruídas pelo abalo sísmico. Foto: AFP
O castelo La Rocca, em San Felice Sul Panaro, teve as torres destruídas pelo abalo sísmico
Foto: AFP

Os moradores de algumas pequenas cidades do norte da Itália atingidas pelo terremoto de domingo podem ter sobrevivido, mas o tremor que abalou suas fundações reduziu suas riquezas artísticas e arquitetônicas a escombros.

San Felice Sul Panaro foi apenas uma das cidades onde o terremoto causou danos graves a patrimônio secular, memória e tradição, em alguns casos fazendo-os desaparecer. "Mil anos de arte se transformaram em pó", era a manchete do jornal La Repubblica desta segunda-feira.
Os danos causados ao patrimônio artístico da Itália foram os maiores desde que um terremoto em 1997 atingiu a região central de Umbria e partes do teto da Basílica de São Francisco de Assis desmoronaram.
As três principais igrejas de San Felice estavam em ruínas e o marco da cidade, o castelo La Rocca, mantinha-se de pé, mas danificado, talvez totalmente, pelo terremoto de magnitude 6,0 que atingiu a Itália na madrugada de domingo, matando sete pessoas em outras cidades.
Tremores secundários continuavam mais de 24 horas depois, enfraquecendo ainda mais os pontos culturais seculares. "É indescritível. Há muita dor. La Rocca era o nosso orgulho e alegria", disse a moradora Manuela Monelli ao lançar um olhar triste sobre o que restava do castelo. "E pensar que haviam nos dito que esta não era uma área sísmica", acrescentou ela.
Iniciado em 1332 pela família Este e ampliado no século seguinte, o La Rocca abrigava um museu e era o principal ponto turístico da cidade. Apenas uma das quatro torres do castelo continuava de pé e uma larga rachadura em forma de V em sua alvenaria sugeria que ela também poderia cair. "Se não cair sozinha, eles terão que derrubá-la", afirmou Monelli.

Símbolos da cidade em ruínas

"É o símbolo da nossa cidade", disse o prefeito Alberto Silvestri. "Nós praticamente perdemos toda a nossa herança artística. Igrejas e torres sofreram colapso. O teatro ainda está de pé, mas tem rachaduras."
A Igreja de Arcipreste de San Felice praticamente implodiu e hoje tem apenas metade da sua altura anterior. "Estamos gratos que não houve vítimas", disse Simone Silvestri, membro do conselho municipal, olhando para a igreja rodeada por um mar de escombros.
Entre as obras de arte na igreja, e presumivelmente destruídas ou gravemente danificadas, havia um tríptico pintado em madeira pelo artista do século 16 Bernardino Loschi representando a Madonna, São Geminiano e São Felice. Pinturas dos séculos 18 e 19 adornavam a sacristia.
Outro grande símbolo da força destruidora do terremoto foi a torre do relógio do século 14 em Finale Emilia. O primeiro terremoto às 4h04 (23h04, horário de Brasília) no domingo dividiu a torre no meio, verticalmente, como se tivesse sido atingida por um cutelo de açougueiro.
Apenas a metade esquerda do relógio, mostrando os números romanos de sete a onze, continuava de pé inicialmente. Mas, 12 horas mais tarde, um tremor forte de magnitude 5,1 derrubou a metade esquerda da torre.
Também em Finale Emilia, uma parte da Igreja San Carlo desabou. Ela continha uma pintura do artista do século 17 Giovanni Francesco Barbieri, que era conhecida como Il Guercino.

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